nvelhecer comporta muitos desafios de saúde e financeiros. Alguns passam despercebidos, como a preparação da casa para os anos em que a agilidade decresce, os ossos se tornam mais frágeis e a locomoção diminui. Se está a entrar nos anos dourados, saiba como otimizar o seu lar e conheça os apoios com que pode contar nesta etapa.
Mil novecentos e cinquenta e sete. Foi há 64 anos que Karin Ferreira chegou a Lisboa, com o filho ainda na barriga – nasceria em outubro – e vinte e cinco anos completados no passaporte. Em Portugal, a RTP estava a nascer; o vulcão dos Capelinhos, nos Açores, iniciava a sua longa erupção de 13 meses e o paquete Moçambique trazia vários passageiros infetados com um vírus influenza do subtipo H2N2, dando lugar a uma pandemia que a História acabaria por fazer esquecer.
Dois mil e vinte um. Aos 88 anos, Karin Ferreira tem uma vida independente e não prescinde do conforto do seu lar. Vive sozinha há nove anos, desde o falecimento do marido, e há três que é acompanhada pelo Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) da Residências Montepio. “Fraturei o colo do fémur e o meu filho procurou este serviço para me apoiar no dia a dia. Tenho uma cuidadora da Residências Montepio que me acompanha 24 horas por dia, sete dias por semana. Está comigo nas atividades da vida diária, como a higiene e a medicação”, explica Karin Ferreira. Em março de 2020, com o início da pandemia da Covid-19 e o confinamento, a companhia permanente da cuidadora tornou-se ainda mais relevante. “É importante a presença de alguém todos os dias para não me sentir só”, confessa a luso-sueca.
Ao mesmo tempo, não vê a sua autonomia comprometida. “O que mais valorizo é o poder de decisão que tenho: decido o que como, quais as compras a fazer e deito-me e levanto-me às horas que quero, desde que não coloque em causa a minha saúde. Sou uma pessoa muito independente, embora tenha consciência de que já não devo estar sozinha.”
Karin sabe que a sua história é invulgar. Viver sozinha aos 88 anos, com qualidade de vida, não é para todos, mas é uma forma de manter viva a memória de uma vida através da casa e dos objetos que viram chegar primeiro os filhos e depois os netos.
Tome nota:
O serviço de Apoio Domiciliário da Residências Montepio conta com uma equipa de profissionais especializados que prestam os melhores cuidados de saúde e bem-estar a quem se veja impossibilitado de assegurar as atividades necessárias no dia a dia.
Quando ficar em casa é um privilégio
Em Portugal, e de acordo com o Eurostat, 512 mil idosos vivem sozinhos, um número inferior à média da União Europeia. No entanto, existem apoios para permitir uma vida menos solitária, como conta Ana Leste, de 72 anos: “Foi o meu filho quem tratou de tudo numa altura em que estava muito adoentada. Como vivo sozinha e sou viúva, ele percebeu que eu precisava de ajuda para não me sentir tão só.” Ana tinha 69 anos quando começou a ser acompanhada pelos serviços de Teleassistência e pelo Serviço de Apoio Domiciliário da Residências Montepio. Hoje, aos 72 anos, sabe que os familiares e amigos estão tranquilos porque está em boas mãos.
“É muito importante para mim estar em minha casa, porque é aqui que tenho as minhas recordações”, diz Ana, que, por exemplo, já recorreu ao serviço de Teleassistência, quando se encontrava na rua, para saber onde ficava a farmácia mais próxima. “Tenho também uma companhia e ajuda diária, a Noémia. Ela prepara-me a medicação, faz o almoço, vai comigo às compras e ajuda-me em tudo o que preciso. De resto faço tudo, incluindo a higiene pessoal. O balanço é muito positivo, a presença diária da Noémia é muito importante”, conta Ana.
Para realizar o sonho de ficar em casa há uma série de passos. O primeiro? Pensar numa habitação adaptada às exigências do corpo. “As condições da habitação têm um enorme impacto na saúde e segurança das pessoas idosas, nomeadamente nas que sofrem de problemas de mobilidade ou outras fragilidades e doenças crónicas”, explica Maria João Quintela, médica consultora em Medicina Geral e Familiar e presidente da Associação Portuguesa de Psicogerontologia. Quanto mais precárias forem as casas, mais vulneráveis ficarão os idosos que nelas habitam. “Estamos a falar de acessibilidades diminuídas por falta de elevadores, espaço e iluminação deficiente ou por se encontrarem em meios com problemas de segurança ou isolamento”, prossegue a especialista.
Quedas, um dos maiores riscos
Se ficar em casa parece ser uma das opções mais desejadas pelos idosos, a verdade é que há riscos que importa enfrentar. Um dos principais? As quedas, que são a segunda principal causa de morte por lesões acidentais ou não intencionais em todo o mundo. “Os adultos com mais de 65 anos sofrem o maior número de quedas fatais”, salienta Maria João Quintela.
Neste campo há inúmeros cuidados a adotar, desde logo a arrumação: “Devem evitar-se os objetos espalhados pelo chão e ter cuidado com os fios elétricos e cabos de aparelhos eletrónicos, para evitar tropeçar e cair.” Além disso, é “muito importante” ter em atenção a iluminação dos espaços – incluindo deixar uma luz de presença ligada, caso o idoso necessite de se levantar durante a noite. Na cozinha e casas de banho, os cuidados devem ser redobrados: o chão escorregadio é de evitar e é importante deixar secar bem o pavimento para evitar as quedas. Neste caso, recomenda-se o uso de tapetes antiderrapantes. Por outro lado, os bancos no chuveiro ou barras pregadas à parede, na banheira, ajudam a levantar e sentar. “Em certos casos, podem permitir que se realize a higiene habitual de um modo mais seguro”, especifica Maria João Quintela.
No restante espaço, a casa deve estar apetrechada com corrimãos ou outros apoios ao longo dos corredores, mobiliário cuidado e arrumação fácil de aceder. “Também é importante que existam apoios tecnológicos, como a teleassistência ou botões de alarme, assim como não deixar o telemóvel fora do alcance sempre que se muda de divisão ou se utiliza a casa de banho”, conclui a responsável.
Teleassistência: um SOS sempre disponível
No entanto, ter a estrutura física bem preparada pode, ainda assim, não ser suficiente se não existir a retaguarda de uma mão humana pronta a ajudar. Madalena Fernandes tem 79 anos e uma certeza: há sempre alguém a olhar por ela, dia e noite. “O meu marido caiu e a minha filha ficou preocupada, por isso contratou o serviço de teleassistência. Entretanto fiquei viúva mas mantenho o serviço”, conta. De início, Madalena torceu o nariz ao equipamento: seria mesmo necessário? Até que, um dia, mudou de ideias. “Caí, não conseguia levantar-me e não tinha ninguém em casa que pudesse ajudar-me. O sensor de quedas ativou o alarme, a minha filha foi avisada e veio logo ter comigo. Mantiveram-me calma, ligaram para o 112 e falei com a minha filha até ela chegar.”
Não foi a única vez que Madalena caiu em casa. “Acontecia regularmente e tinha dificuldade em levantar-me. Mas agora tenho uma cuidadora que me ajuda, ainda que para ela também seja difícil fazê-lo porque não sou muito magrinha”, graceja. Feitas a contas, tudo isto é importante quando somamos os prós e os contras de estar em casa. “Para mim é muito importante. Tenho uma casa perfeitamente adequada, sinto-me segura e recomendaria o serviço a outros clientes. Eles são muito atenciosos: há dias, encostei-me à bancada da cozinha e soou logo o alarme, perguntaram-me do que precisava, agradeci e disse que não era nada.”
Sabia que...
O serviço de Teleassistência da Residências Montepio protege-o dentro e fora de casa e garante uma resposta imediata em situações de emergência. Ao acionar um botão, o utente garante contacto 24 h por dia, 365 dias por ano, em território nacional.
A arte de resistir ao confinamento
Se é certo que ficar em casa é um desafio para quem tem mais idade, não é menos verdade que a pandemia Covid-19 veio acentuá-lo. “Esta situação agravou os riscos, nomeadamente de sedentarismo e redução da mobilidade, aumento da depressão, isolamento e diminuição da autoestima, potenciando o risco de quedas, até porque as pessoas passaram a estar mais tempo em casa”, reconhece Maria João Quintela.
Para combater estas situações, Maria José Quintela acredita que os idosos devem manter um estilo de vida ativo, mesmo em casa. “Podem fazer circuitos para andar a pé de um lado para o outro, de modo a aumentar a mobilidade, tendo o cuidado de desimpedir os espaços”, recomenda. Equilibrar a parte física com a parte mental é outro dos desafios. “Falar regularmente com os entes queridos e outras pessoas, mesmo à distância, é fundamental para o equilíbrio mental e físico. Não é por serem mais velhas que as pessoas não sentem menos necessidades de convívio, comunicação ou mobilidade”, garante a especialista.
Para completar a trilogia do bem-estar, é necessário recordar os cuidados básicos de saúde em todas as alturas da nossa vida, com ou sem pandemia: promover uma alimentação saudável, beber muita água, vigiar a tensão arterial e controlar a medicação regularmente, sob a vigilância do médico assistente.
Se, pesados os prós e os contras, não tiver condições para viver sozinho, mesmo com a ajuda dos serviços de Teleassistência e de Apoio Domiciliário, existem outras soluções. Com oito centros residenciais distribuídos de norte a sul do país, a Residências Montepio garante qualidade de vida aos seus utentes. Pronto para a próxima fase da sua vida?
Teve Covid-19? Este serviço pode ser para si
O número não é grande, mas dá que pensar: cerca de 5% dos infetados com Covid-19 estão sujeitos a internamento hospitalar de longa duração. E para muitos, incluindo assintomáticos e infetados com sintomas ligeiros, as sequelas mantêm-se bem depois do teste dar negativo. Para apoiar estas pessoas, a Residências Montepio lançou um programa de reabilitação respiratória pós-Covid-19, disponível ao domicílio, em formato presencial ou online ou nas residências Montepio. Realizada por uma equipa especializada e multidisciplinar de profissionais de saúde, a reabilitação respiratória é uma intervenção abrangente e individualizada, destinada aos doentes respiratórios crónicos. O objetivo é que, no final do programa, exista uma melhoria da condição física e psicossocial, bem como a promoção de comportamentos promotores da saúde a longo prazo. Ao aderirem aos packs mensais, os associados Montepio recebem um espirómetro e duas sessões gratuitas (se realizadas ao domicílio) e três (se realizadas na Residências Montepio). Conheça melhor este projeto.
10 medidas para sentir-se melhor em casa
Siga as recomendações de Maria João Quintela para fazer da casa a sua fortaleza de saúde.
- Contrarie o sedentarismo: não permaneça muito tempo seguido a ver televisão. Levante-se e movimente-se, tendo cuidado para não cair ou sofrer acidentes.
- Mantenha sob controlo as doenças cardiovasculares, respiratórias e neurológicas, bem como problemas urinários, de osteoporose e de equilíbrio, que podem aumentar o risco de queda e de outros acidentes.
- Aconselhe-se com o médico e vigie a toma de medicamentos para a diabetes, antidepressivos, calmantes, diuréticos e outros. Os efeitos da conjugação de diversos medicamentos podem favorecer o risco de quedas.
- Use calçado confortável e coloque tapetes antiderrapantes na banheira, no chuveiro, na casa de banho e noutros locais onde há maior risco de escorregar.
- Se a sua cama é muito alta ou muito baixa, ajuste-a ou substitua-a por outra com uma altura mais apropriada, de modo a reduzir o risco de queda.
- Evite empoleirar-se em bancos ou escadotes sem apoios ou sem a presença de outra pessoa. E prefira cadeiras com braços.
- Sempre que possível, deixe entrar o sol e a casa arejar.
- Adote uma alimentação rica em vegetais e legumes e aconselhe-se com o seu médico sobre a possibilidade de fazer um reforço em vitamina D.
- Mantenha os contactos sociais com a família, amigos, vizinhos e outras pessoas conhecidas, mesmo que à distância, por telemóvel ou outras tecnologias.
- Redobre os cuidados de higiene e desinfeção das mãos, mantenha o distanciamento, use máscara e areje os espaços, evitando ajuntamentos.