Adolescência: como lidar com as mudanças de humor do seu filho

A adolescência é marcada por mudanças, entre as quais, alterações drásticas de humor. Que atitude deve ter nestas situações? E como manter um ambiente saudável em casa? Eis algumas recomendações.
Artigo atualizado a 01-07-2024

Alterações hormonais, modificações físicas e do foro psicológico, mas também a chegada de momentos importantes de decisão (como a escolha do futuro profissional) caracterizam a fase da adolescência. Com tantas mudanças em simultâneo, é normal que o adolescente demonstre sinais de ansiedade, tristeza, frustração ou irritação, bem como alterações repentinas de humor. Tentar atenuar estes estados e sentimentos, preparando o adolescente para se reorganizar perante todas as mudanças, é uma tarefa exigente para a qual pais e educadores devem estar preparados. A psicóloga Ana Carolina Pascoal, do centro de psicologia Psike, ajuda a perceber por que razão a instabilidade humoral e emocional é tão frequente na adolescência e como lidar com ela.

Adolescência: o que é e em que idade acontece

A adolescência é a fase biológica de preparação para a vida adulta. Dela faz parte a puberdade, que corresponde ao conjunto de transformações físicas que ocorrem no adeus à infância. Não existe uma idade fixa para balizar a adolescência, que muitas vezes se confunde com a pré-adolescência e a vida adulta. No entanto, este período acontece, em média, entre os 10 e os 16 anos, sendo por hábito mais precoce no sexo feminino.

Por que razão acontecem mudanças súbitas de humor na adolescência?

Este período caracteriza-se por alterações hormonais (produção de hormonas sexuais) e físicas (como o crescimento de pêlos e dos seios ou a alteração do tom de voz), mas também psicológicas e sociais. Como explica a psicóloga Ana Carolina Pascoal, “as hormonas sexuais influenciam o humor e as emoções. Ao acessarem o sistema nervoso, contribuem para as flutuações de humor”, tão comuns no adolescente.

Além das mudanças biológicas e com expressão física, as conjunturas pessoal e social são, também, muito importantes neste período. Entre os fatores individuais, a psicóloga destaca a personalidade e o histórico familiar, que poderão ter grande influência na forma como o adolescente “reorganiza as suas emoções”. Em paralelo, as mudanças ao nível da imagem têm impacto na construção da sua identidade e autoperceção. Por outro lado, a interação com os diferentes grupos sociais, bem como as expectativas relativamente ao futuro profissional, ganha um peso especial nesta fase. Assim, também é comum alterarem-se gostos e interesses na adolescência, pois esta é uma fase de procura e construção.

Que comportamentos podem surgir nesta fase?

Além da flutuação do humor, que pode ser caracterizada de diferentes formas e levar o adolescente a alterações repentinas na tomada de decisões, há algumas situações consideradas comuns na adolescência. São elas:

  • Irritabilidade;
  • Elevada sensibilidade;
  • Comportamentos agressivos;
  • Tendência para a introspeção;
  • Impulsividade;
  • Mudanças na manifestação do afeto;
  • Mudança de interesses.

Quando é que as alterações de humor devem ser consideradas sinais de alerta?

Ainda que, num quadro de grandes transformações, como é o da adolescência, seja normal existirem mudanças de humor acentuadas e repentinas, os pais e educadores devem estar atentos a sinais considerados fora da norma. “Deve estar-se atento a mudanças muito rápidas e intensas, que coloquem em causa o padrão normativo da pessoa”, alerta a psicóloga Ana Carolina Pascoal. Alguns sinais poderão ajudar a identificar os limites que, uma vez ultrapassados, devem ser vistos pelos educadores como razões para procurar um especialista. Eis alguns fatores que podem ser motivos de preocupação:

  • Isolamento e afastamento daqueles que eram os seus amigos habituais;
  • Perturbações do sono (deitar-se ou acordar recorrentemente tarde, ou ter dificuldade em adormecer);
  • Alterações do apetite;
  • Dores de cabeça;
  • Perturbações gastrointestinais;
  • Fadiga persistente;
  • Deterioração do desempenho escolar;
  • Desinteresse por atividades que antes lhe interessavam;
  • Preocupação obsessiva com a imagem;
  • Tristeza profunda;
  • Consumo de substâncias ilícitas;
  • Adoção de comportamentos de risco;
  • Gastos exagerados;
  • Situações de auto-sabotagem, como mutilação;
  • Excesso de tempo passado online.

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O que fazer para lidar com as mudanças de humor na adolescência?

Os pais devem ter especial atenção, cuidado e compreensão na fase da adolescência dos filhos, não reagindo por impulso. Como alerta a psicóloga do Psike, para proporcionarem um ambiente saudável ao seu desenvolvimento, há algumas “regras de ouro” que devem ter sempre presentes, tais como:

  • Oferecer um ambiente de apoio e de comunicação aberta. “Muitas vezes os adolescentes queixam-se que não são compreendidos, o que só mostra como o diálogo e a empatia são importantes”, destaca a profissional;
  • “Não pressionar”, deixando o adolescente levar o tempo necessário para compreender as suas emoções e tomar as suas decisões;
  • Renegociar limites e mudar padrões da educação, de forma colaborativa e se houver necessidade. “Os limites ajudam a criar uma estrutura e disciplina importantes para a noção de responsabilidade”;
  • Encorajar a expressão de sentimentos e de preocupações;
  • Incentivar a prática de atividade física, artística ou outras que promovam o equilíbrio emocional;
  • Promover o autocuidado, com ênfase na alimentação, higiene, hábitos de sono e relaxamento. “É importante, também, não ocupar demasiado o adolescente com atividades. Nas férias, por exemplo, é importante descansar”;
  • Estimular o desenvolvimento de redes de apoio, como familiares, professores e amigos;
  • Investir na educação e informação;
  • Orientar na tomada de decisões importantes;
  • Respeitar a individualidade. “A comparação regular com amigos, primos ou outras referências pode ser muito nociva.”

Tecnologias e plataformas digitais

A profissional destaca, ainda, um ponto a que os pais devem estar atentos na atualidade: o apego às novas tecnologias e plataformas digitais. “Estamos numa situação de uso escabroso dos ecrãs, que em muitos casos se tornam um vício perigoso. Os adolescentes de hoje estão hiperestimulados, procuram a recompensa dos likes e sentem-se dependentes. É um grande desafio retirá-los deste ambiente, talvez o maior da atualidade”, considera a psicóloga.

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