Descobrir Portugal com Eça de Queiroz 
(e poupar com a Associação Montepio)

Descobrir Portugal com Eça de Queiroz 
(e poupar com a Associação Montepio)
17 minutos de leitura
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isboa, Sintra, Leiria, Porto, Aveiro e Santa Cruz do Douro são fundamentais para situar a prosa realista de Eça de Queiroz. Se é fã do escritor, ou simplesmente apreciador das viagens por Portugal, descubra estes locais de referência da obra queirosiana enquanto poupa com parceiros Montepio.

Ler a obra de Eça de Queiroz é ficar a conhecer o Portugal da segunda metade do século XIX como se lá tivéssemos vivido. A sua prosa realista faz com que nos sintamos parte da ação, passeando pelas cidades e as serras portuguesas. À época, vogava-se entre os efeitos de uma revolução industrial e urbana que iria modificar a sociedade. Aliás, a fundação do Montepio Associação Mutualista data de 1840, cinco anos antes do nascimento do escritor, e baseia-se nestes princípios humanistas e solidários que semeariam uma revolução política que tardava em acontecer, mas que já se adivinhava.

No entanto, são as personagens que mais marcam os romances de Eça de Queiroz. Lembramo-nos de Basílio, de Carlos da Maia e de Ofélia, do Padre Amaro e de Maria do Patrocínio. Assim, é com elas que vamos explorar três roteiros que tiram partido dos locais que inspiraram esta figura maior da cultura nacional: um a norte, outro ao centro e, por fim, outro mais a sul.

E, claro, destacando como podemos aproveitar estas viagens ao máximo, poupando por ser Associado Montepio. Há centenas de parceiros Montepio que oferecem descontos e benefícios exclusivos. Vamos destacar alguns e, no final, ainda falaremos de uma vantagem à espera de quem nem queira sair do sofá. Preparado para embarcar nesta viagem no tempo?

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Eça a norte

Nascido na Póvoa de Varzim, Eça passou uma parte considerável da sua vida no norte. Assim, começamos a nossa viagem pela cidade invicta. Bebemos um café no Majestic, na Rua de Santa Catarina, cuja decoração ainda mantém a atmosfera luxuosa da Belle Époque. É uma espécie de viagem ao passado sem sair do presente, como se lêssemos um romance de Eça.

Daí partimos para uma visita às caves do vinho do Porto, no cais de Gaia. O passeio demora cerca de 30 minutos e faz-se a pé, atravessando a Rua de Santa Catarina e dando um pulo até à Sé do Porto, um edifício românico tão antigo quanto a fundação de Portugal. Depois de apreciar a magnífica nave central e a rosácea que a ilumina, encarnamos a figura de Teodorico Raposo, protagonista d’A Relíquia, e abandonamos a devoção para irmos em busca de outros prazeres mais seculares. A vista deslumbrante da foz do Douro, por cima da Ponte Dom Luís, é um prenúncio do néctar que vamos provar e que o rio nos oferece. Porque o alimenta, socalco a socalco, e porque o transporta.

Já em Gaia e nas caves, aprendemos as diferenças entre Tawny e Ruby e que, se há vinhos do Porto que melhoram com o passar dos anos, isso não é verdade em todos os casos. Verdade é que este vinho, afamado por todo o mundo, é o mais referido em toda a obra de Eça, com 41 citações diretas. E provando-se, percebe-se porquê.

Refrescamo-nos de tanta azáfama no Turim Oporto Hotel, junto à Avenida dos Aliados, conhecida por outros futebóis. Rui Nunes, diretor da unidade, acolhe-nos e assume que “o Turim Oporto Hotel, pela sua localização, é um local privilegiado para um roteiro queirosiano”.

Aceitamos a proposta para abrir o apetite para o jantar. Sugere-nos um percurso inspirado em Eça, até porque, a 800 metros do hotel, fica a Igreja da Lapa, sede do Colégio da Lapa, dirigido por Ramalho Ortigão à data em que o romancista nele se matriculou e fez os primeiros amigos da adolescência. Tendo casado na Quinta de Santo Ovídio (entretanto desaparecida), aqui voltaria com regularidade para se encontrar com o “Grupo dos Cinco” nas Águas Férreas, em Cedofeita, e nos belíssimos jardins do Palácio de Cristal, atual Super Bock Arena — Pavilhão Rosa Mota.

Quanto custa: 142 euros (com pequeno-almoço incluído)
Quanto poupei: 21,3 euros

Situado na Praça Trindade, junto à Avenida dos Aliados, o Turim Oporto Hotel insere-se numa zona da cidade frequentada regularmente por Eça de Queiroz

Ao final do dia vamos ao Kob by Olivier. É um restaurante para amantes de carne. Pedimos uma sugestão ao próprio Olivier e a resposta sai pronta: o Bife KOB, com arroz de feijão com pimentos e chouriço picante e salada de tomate com queijo fresco de cabra e hortelã. O ambiente é moderno, mas confortável. Enquanto saboreamos a refeição, o chef explica-nos o conceito por detrás do restaurante. “Abri em 2019, no Porto, com o objetivo de ser uma referência em stakehouses de carnes maturadas. A origem, o corte e qualidade da carne são os elementos-chave. Mas queria ter uma ementa com várias opções: desde bifes nacionais black angus, com 35 dias de maturação, ao famoso bife da vazia wagyu, proveniente do Japão, que é considerado um dos melhores do mundo.” O jantar não defraudou as expectativas e o fresco da noite ajuda à digestão no curto passeio de volta ao hotel.

Quanto custa: 45 euros
Quanto poupei: 4,5 euros

Acordamos descansados. Depois do pequeno-almoço ainda apreciamos o jardim vertical junto ao bar, que é uma das imagens de marca do hotel, mas é tempo de nos fazermos à estrada e partir à descoberta do Douro.

A Nacional 108 acompanha os vales do Douro com as suas encostas íngremes e paisagens únicas. São três horas de viagem, divididas em duas etapas, onde a pressa é proibida. Aconselham-se paragens frequentes para descobrir recantos inesquecíveis. Na verdade, a personagem principal deste roteiro é mesmo o cenário de tirar o fôlego, património da Humanidade da UNESCO desde 2001.

As notas gastronómicas são habituais na obra queirosiana. No Kob by Olivier pode sentir o ambiente acolhedor vivenciado pelas suas personagens nos almoços e jantares

Ao fim de duas horas e 80 quilómetros, chegamos a Santa Cruz do Douro, local que abriga a Fundação Eça de Queiroz, com a irónica morada na Rua de Jacinto, Quinta de Tormes. Há visitas guiadas quase todos os dias. Não nos coibimos de visitar toda a propriedade, incluindo o espólio, Casa e quinta deixadas pelo escritor e que a família decidiu tornar Fundação. A gastronomia ocupa um papel central nos romances queirosianos. De certa forma, retrata Portugal, entre tachos, fornos e toalhas, umas de linho imaculado, outras de algodão puído. Assim, aproveitamos a oportunidade e almoçamos na Fundação, escolhendo um dos pratos disponíveis: o arroz de favas que conquistou o cosmopolita Jacinto.

É de barriga cheia que seguimos até Peso da Régua, Douro acima. Estacionados num dos polos da Cidade Europeia do Vinho 2023, bebemos um café para reanimar da viagem curvilínea e atravessamos a ponte metálica de Peso da Régua para esticar as pernas. Esta estrutura, tornada ponte pedonal, foi reconvertida de uma antiga ponte do caminho-de-ferro e oferece-nos uma vista magnífica. Dali partimos para as quintas do Douro, espraiadas pelos seus vinhedos em terraços — os socalcos — esculpidos, ou conquistados, nas margens do rio. Respiramos fundo e percebemos que estamos numa das mais bonitas regiões vinícolas do mundo. Vivemos um daqueles momentos em que não são precisas mais palavras.

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Eça ao centro

Eça de Queiroz passou a infância perto de Aveiro, estudou Direito na Universidade de Coimbra e foi nomeado administrador do concelho de Leiria com 35 anos. Acredita-se, aliás, que O Crime do Padre Amaro foi escrito na cidade banhada pelo rio Liz. Assim, a zona centro de Portugal interseta-se com Eça na sua biografia, na sua obra e nos temas que ocuparam a sua narrativa.

Foi por isso que, munidos da história de amor proibido entre Amaro e Amélia, partimos para a vila da Batalha. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória é um impressionante exemplar da arquitetura gótica e manuelina, mandado construir em agradecimento pelo desfecho da Batalha de Aljubarrota. Exploramos os seus claustros, a Capela do Fundador e os vitrais magníficos enquanto mergulhamos numa atmosfera imprecisa, entre o final da Idade Média e o início do Renascimento.

Como ao longo de 100 quilómetros conseguimos abarcar três monumentos únicos e fundamentais da História portuguesa, não perdemos a oportunidade de rumar até Tomar e visitar o Convento de Cristo. Sendo alvo de grande misticismo por causa da sua ligação à Ordem dos Templários, a sua importância arquitetónica, conjugando românico, gótico e manuelino, é que fez dele Património Mundial da Humanidade da UNESCO em 1983.

Contudo, se Eça não gostava de desperdiçar uma boa história, nós também não. Por isso, ao longo da charola, igreja e claustros imaginamos os cenários das lutas, reuniões e planos que atravessaram o Nabão, para norte e para sul, entre espadas e cimitarras. Ao contemplarmos a janela manuelina tentamos decifrar os códigos e simbologias que foram terreno fértil para tantas teorias.

Só que há tanto para ver e pouco tempo a perder. Seguimos pelo IC9 até Alcobaça. O belíssimo Mosteiro de Santa Maria guarda, na sua nave central, as urnas de Pedro e Inês, aquele que deve ser o mais conhecido par trágico português. A magnífica cozinha, com as suas altas chaminés, fazem-nos pensar em banquetes com os despojos de caçadas. No entanto, ao visitarmos o refeitório deparamo-nos com a lendária porta estreita. Dizia-se que servia para que os monges cuidassem da sua linha, uma vez que só os mais magros, e aqueles que não cedessem ao pecado da gula, por ela conseguiam passar.

Aproveitando o bom tempo, damos um pulo à praia de São Martinho do Porto. A baía, protegida pelas encostas que a envolvem em anel, é local de veraneio de muitas famílias, geração após geração. Percebemos porquê. Alia a beleza natural a águas calmas e, nos dias mais frios, a sua Marginal convida ao passeio.

De tanto laurear, é tempo de descansar no Hotel Vale d’Azenha, a cinco minutos de Alcobaça. Somos acolhidos por Anabela Leitão, que começa por nos mostrar as árvores de fruto da propriedade. Optaram por mantê-las, mesmo após a construção do hotel. “Sempre tivemos uma grande preocupação na manutenção de uma ligação direta com a natureza e em dar prioridade ao consumo de produtos frescos da região. Afinal, estamos localizados numa área fértil em horticultura e fruticultura. Por isso, um dos objetivos do Hotel Vale d’Azenha é dar aos clientes, a cada refeição, sabores diferentes e frescos da região.”

Não mentiu. Os doces conventuais, herdeiros das receitas das abadias e da fruta regional, têm lugar cativo na oferta gastronómica do hotel, seja ao almoço e jantar ou ao pequeno-almoço. O espaço verde, as amplas janelas e a tranquilidade imperam por ali. Os espíritos irrequietos sabem que as redondezas permitem explorar diversos percursos pedestres, com rios, ribeiros e serranias a acompanharem a viagem.

Quanto custa: 94 euros com pequeno-almoço incluído
Quanto poupei: 14,1 euros

Situado a meia hora de Leiria, cidade imortalizada por Eça n’O Crime do Padre Amaro, o Hotel Vale d’Azenha privilegia a ligação à natureza e agricultura biológica

No dia seguinte, é tempo de nos despedirmos do Vale d’Azenha. Vamos para Aveiro. A viagem pela A17 não demora mais do que hora e meia, mas ainda paramos na Figueira da Foz. Temos uma experiência reservada para essa tarde, a exigir uma digestão feita. No entanto, há tempo e espaço para uma refeição leve contemplando o extenso areal da cidade.

Aveiro foi casa de Eça quando este, em criança, se entregou aos cuidados da avó paterna. Viveu na Quinta da Torre, em Verdemilho, agora área urbana de Aveiro. O escritor havia de aqui voltar, sobretudo para passar férias na Costa Nova, banhada pelo Atlântico.

Mas antes de pararmos na Veneza portuguesa, vamos até Pardilhó, cerca de 30 quilómetros a norte de Aveiro. À nossa espera está Carlos Matos, um dos fundadores da Picapeixe. Nascida orgulhosamente nesta localidade do concelho de Estarreja, com pouco mais do que quatro mil habitantes, a Picapeixe combina dois objetivos. “Por um lado, estamos embrenhados nos braços da ria de Aveiro. Mas uma ria menos conhecida do que os canais citadinos. Uma ria feita de canais naturais e biodiversidade, num estado natural quase intocado”, explica Carlos Mato. A Picapeixe oferece a oportunidade de conhecer estas maravilhas em tours guiados, fora do turismo de massas e num contexto de comunhão com a natureza, praticamente sem ruído provocado pelos humanos. “Por outro lado, como detemos conhecimento na construção de pranchas de surf em madeira, quisemos construir as pranchas de Stand Up Paddle usadas nas nossas visitas, minimizando a utilização de materiais menos amigos do ambiente”, acrescenta.

Antes de cada atividade há um workshop sobre regras de segurança e tudo o que é necessário para as pessoas se sentirem à vontade com a prática e todos — seja qual for a sua idade, experiência ou capacidade atlética — têm lugar.

Quanto custa: 25 euros por pessoa (grupos a partir de 5 pessoas)
Quanto poupei: 2,75 euros

A Picapeixe tira partido da ria de Aveiro, curso de água que, em alguns locais, se encontra em estado quase intacto. Eça viveu aqui perto, com uma avó paterna

“A velhice não é a idade da razão, é a idade da experiência”, já escrevia Eça n’O Conde d’Abranhos. Lá partimos, aproveitando as instruções dos treinadores certificados, evitando cair (sendo que isso não teria mal nenhum) nos canais da ria, no meio dos flamingos. Na verdade, a única consequência de uma queda seria a interrupção do silêncio. Confessamos que esta experiência de comunhão com o meio natural liberta a mente do ritmo do dia a dia e cria memórias que ficarão para sempre.

Despido o fato de neoprene, descemos até Aveiro. Há que retemperar forças e repor energias com os famosos ovos moles da região. “São seis barrilinhos de ovos moles de Aveiro. É um doce muito célebre, mesmo lá fora”, afirma Dâmaso Salcede n’Os Maias. Se é assim, chique a valer, quem somos nós para dizer que não?

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Eça a sul

Foi ao estabelecer-se em Lisboa, depois de concluído o curso de Direito, que Eça iniciou a sua atividade enquanto advogado e jornalista. A capital tornou-se uma cidade sobejamente mencionada na sua obra e podemos, ainda hoje, repetir os seus passos explorando os bairros antigos de Lisboa, entre o Chiado e o Bairro Alto, e descendo até ao Tejo.

Sabendo isso, pedimos o primeiro café do dia no balcão da Confeitaria Císter, na Rua da Escola Politécnica. Eça de Queiroz por ali passava todas as manhãs, para tomar o pequeno-almoço. Na época, o estabelecimento chamava-se Serafina, por esse ser o nome da sua proprietária. Ao que se conta, Eça tinha uma rotina diária que partia do Príncipe Real, descendo ao Largo Camões e ao Rossio.

Ora, se queremos fazer um roteiro inspirado no escritor, seguimos o seu percurso, admirando a montra da Casa Havaneza, ao Largo do Chiado. Dela dizia o autor: “E, se eu desejava conhecer um homem genial, que esperasse ao outro dia, domingo, às duas, depois da missa do Loreto, à porta da Casa Havanesa.”

Dali avançamos até ao Largo do Carmo e decidimos usar o Elevador de Santa Justa, colado à Rua do Ouro, onde se encontra a histórica sede do Montepio Associação Mutualista. Com 45 metros de altura, o elevador ainda hoje faz a ligação entre a parte alta da cidade e a Baixa. Descemos e vamos ao Rossio. Foi aí, junto ao Café Nicola, que viveu Eça de Queiroz, numa casa que pertencia aos seus pais.

Tanta correria faz abrir o apetite. Por isso, para almoçar, aproveitamos uma boleia até à Cervejaria Antártida, no Terreiro do Paço. Apesar da sua decoração cosmopolita mantém o ambiente das antigas cervejarias, onde por entre garfadas e goladas se discutia política, literatura e o sentido da vida.

Quanto custa: 35 euros
Quanto poupei: 3,5 euros

Pensamos em ficar por ali, junto ao Tejo e com as gaivotas e os cacilheiros a atravessarem o rio. Mas não cedemos à tentação e rumamos à Sintra romântica e misteriosa de Eça de Queiroz. Deixando o casario do IC19 para trás, sabemos que estamos a chegar a Sintra ao ver o arco do Palácio do Ramalhão. É assim connosco e foi assim com Carlos da Maia, quando ali se deslocou para conhecer Maria Eduarda: “E a passo, o break foi penetrando sob as árvores do Ramalhão. Com a paz das grandes sombras, envolvia-os pouco a pouco uma lenta e embaladora sussurração de ramagens, e com o difuso e vago murmúrio de águas correntes.” De facto, quem precisa de um GPS quando tem Os Maias na bagagem? É Carlos da Maia quem nos ensina o caminho, seguindo pela estrada de São Pedro para ir ao encontro da nossa guarida.

A noite será passada no Lawrence’s Hotel, um estabelecimento icónico e com lugar cativo em várias obras da prosa do Mestre. O nosso anfitrião, Glauco Mansur, aconselha-nos a experimentar o Menu Queirosiano, uma experiência gastronómica inspirada nas suas obras. Após os peixinhos da horta, apreciamos a empada de perdiz e terminamos com o leite-creme Bento da Maia. Um século depois de Eça por lá passar, o espírito do Hotel mantém-se: faz lembrar uma casa de campo inglesa. Os espaços intimistas e o tratamento caloroso da equipa fazem com que nos sintamos convidados a ficar na casa de um amigo. “Uns convidados, dos Estados Unidos, gostaram tanto dos dias que passaram no Lawrence’s que nos fizeram uma surpresa. Enviaram-nos pelo correio uma coleção das obras completas de Lord Byron, que pertenciam à família há mais de 100 anos”, explica Mansur.

Quanto custa: 210 euros
Quanto poupei: 31,5 euros

No Lawrence’s, os jantares duravam horas e Alencar contava histórias dos velhos tempos de Sintra. O hotel mais antigo da Península Ibérica foi inaugurado em 1764

O dia seguinte acorda solarengo, mas sabemos que as quatro estações do ano podem passar por Sintra num único dia. Não há tempo a perder: os palácios chamam-nos. O carro fica estacionado e preferimos ir a pé, ainda que o percurso tenha alguma exigência. Não porque seja extenso, mas porque tem muitas subidas e descidas.

A primeira paragem é no Palácio Nacional de Sintra, aquele que é considerado o palácio mais antigo de Portugal. As suas duas chaminés tornam-no inconfundível e são, aliás, um dos símbolos do município. Por lá passaram quase todos os reis portugueses e a sua propriedade era muito procurada para fazer caçadas. Por ser tão antigo, tem várias particularidades. Por um lado, acaba por ser um misto de vários estilos e gostos, porque cada rei e rainha davam-lhe o seu toque particular. Além disso, por datar da ocupação moura, é influenciado pelo estilo mudéjar: a simbiose entre arte mourisca e cristã é particularmente evidente nos conjuntos de azulejos que revestem as paredes.

Sentimo-nos com coragem para subir até ao Palácio da Pena. O exterior é único. A mistura de cores vibrantes, inseridas num jardim de verde como só se encontra em Sintra, transportam-nos para outro mundo. Se a sua origem remonta a capelas e edifícios anteriores, é no reinado de Fernando II, e com a ajuda de arquitetos alemães, que o palácio ganha a sua configuração atual. Opulento no interior, a Porta Monumental, o Páteo dos Arcos e a Gruta do Monge são imperdíveis.

Antes de descermos à Quinta da Regaleira, aquecemo-nos do frio e da névoa com um vinho de Colares. Era muito apreciado por Eça de Queiroz, e prova disso são as mais de três dezenas de citações que este vinho licoroso, colhido das vinhas plantadas entre a serra de Sintra e o Atlântico, recebe na sua obra.

A edificação principal da Regaleira é o seu palácio. Muito posterior dos exemplos anteriores, foi construída, no início do século XX, por um barão distinguido por D. Carlos I. Tem a especial curiosidade, e daí a sua popularidade atual, de imitar os traços góticos, manuelinos e românicos do passado e estar repleto de construções que evocam os códigos templários e maçónicos. Ao passearmos por entre os nevoeiros que ora se adensam, ora desaparecem, é como se estivéssemos numa outra realidade. O poço iniciático com túneis que se espalham pela propriedade, a mata que se torna propositadamente mais selvagem à medida que se sobe e a torre altaneira são alguns dos seus ex-líbris. No fundo, “Sintra não são pedras velhas, nem coisas góticas… Sintra é isto, uma pouca de água, um bocado de musgo… Isto é um paraíso!”, escreveu Eça.

Explorar os locais que inspiraram Eça de Queiroz é uma experiência única para os amantes da literatura e da cultura portuguesa. Lisboa, Sintra, Leiria, Aveiro, Porto e o Douro oferecem uma rica tapeçaria de paisagens e histórias que enriquecem a compreensão das obras do autor. A acrescentar a isto, nada melhor do que continuar a ler alguns dos seus romances. As livrarias Leya são parceiras Montepio e têm um extenso catálogo com a obra do autor, oferecendo os portes para encomendas superiores a 50€. Não prometemos uma surpresa especial no final deste artigo? Aqui está ela.

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