1. Se tivesses de escolher uma palavra para descrever a tua música, qual seria? Porquê?
Só uma? Curadora. Eu acho que a arte para mim sempre me curou. Tive um trajeto de vida difícil e a arte sempre me ajudou. Nunca fiz psicoterapia, portanto se resultou comigo acho que deve resultar com os outros.
2. Que género de música ouvias em criança?
Tanta coisa. Bjork, Queen… Os meus pais tinham muita cultura musical. O meu pai cantava ópera e a minha mãe fado. Nós ouvíamos muita música, e muito fado, em casa dos meus avós. E sempre música diversificada: Elis Regina, Céline Dion e Whitney Houston.
3. Qual foi o primeiro álbum que compraste com o teu dinheiro?
Eu acho que foi Whitney Houston. Para mim, sempre foi uma espécie de revolução e de endeusamento afro. Aquele grau de adoração, de diva, de popstar à escala global que nós ainda não tínhamos. Foi um fenómeno muito revolucionário naquela época. E a Whitney tem ali uma carga qualquer. Tem ali qualquer coisa espiritual.
4. E o primeiro livro?
Foi Moby Dick [de Herman Melville]. Que me bateu mesmo, por causa da história do Jonas e da Bíblia, que é engolido com a baleia, e desta relação de fazer bonecos que também são engolidos pela baleia. Esta coisa da relação com o mar, que eu também tenho muito forte.
5. Qual foi o objeto mais caro que já compraste?
Foi um tapete de Arraiolos que vai agora lá para casa, pelo qual me apaixonei. Eu gosto muito da arte que vem do povo. O tapete estava na Guarda e tem um padrão que não existe. Fui a Arraiolos falar com todas as tapeteiras, ver montes de tapetes, porque era um grande investimento. É realmente um artigo muito raro e acabei por comprar. E quando cheguei a casa não coube na sala. Por isso tive que partir uma parede.
6. Quando passa uma música tua na rádio, o que sentes?
Uma alegria enorme. O meu objetivo é que a minha música não seja minha e que ganhe vida própria. Tenho o sonho de chegar um dia a uma casa de fados e de ter alguém a bater o fado, alguém que eu não conheça, com quem nada tenho a ver.
7. Jonas é o teu nome verdadeiro?
Sim, a minha mãe é muito religiosa e o meu parto foi muito difícil. Ela diz que eu não nasci mas que estreei, porque havia uma turma a assistir.
8. Gostas de ouvir música antes de subires ao palco?
Geralmente, estou a cantar músicas de proteção e a aquecer o corpo.
9. O que nunca pode faltar no teu camarim?
Água. É uma coisa de que preciso muito antes de entrar para limpar as energias. Uma comidinha é sempre bem-vinda.
10. Se não fosses fadista, o que gostarias de ser?
Ceramista. Coreógrafo. Podia ser tanta coisa. Adoro a natureza. Adoro histórias. Podia ser também arqueólogo. Arquiteto. Podia ser um monte de coisas. Mas se isto não resultasse nesta vida, eu iria ser muito infeliz. Eu não sei que pessoa seria se não tivesse conseguido trilhar este caminho. Porque tenho realmente necessidade de me exprimir.