Quer ser voluntário noutro país? Candidate-se ao SVE
Monitorizar ninhos de tartarugas marinhas em Mersin, na Turquia? Ser voluntário, por um ano, num centro belga que alberga imigrantes requerentes de asilo? Ou, quem sabe, colaborar num centro de animação social para jovens em Berlim, na Alemanha? Estas são algumas das atividades à espera de candidaturas no SVE.
O que é o SVE?
O SVE é uma iniciativa de voluntariado, inserida no programa Erasmus+. O seu financiamento compete à Comissão Europeia. Em Portugal, o SVE é gerido pela Agência Erasmus+ Juventude em Ação.
O SVE oferece aos jovens que não estudam nem trabalham a possibilidade de serem voluntários num país diferente do seu, dentro ou fora da União Europeia. Os voluntários têm oportunidade de contribuir para o trabalho quotidiano de organizações que lidam com o desenvolvimento pessoal e sociopedagógico dos jovens, a participação cívica, a assistência social, a inclusão dos desfavorecidos, programas de educação não formal, cooperação para o desenvolvimento, etc.
Além disso, os jovens podem participar em atividades que visam proteger o ambiente e o clima, como vigilância de espécies e de habitats, reflorestação, cuidados silvícolas, prevenção de incêndios, identificação e erradicação de espécies exóticas invasoras, restauração ecológica, construção de caminhos e saneamento ambiental (por exemplo, lixo marinho).
Apesar de o SVE estar ligado ao mundo das atividades de voluntariado internacional, este programa é diferente de outras formas de trabalho voluntário. É, acima de tudo, um programa educacional. Enquanto os jovens voluntários contribuem com o seu tempo e energia para apoiar projetos e comunidades locais, desenvolvem competências sociais e aptidões ligadas à empregabilidade, por exemplo: autoconfiança, sentido de independência, capacidades linguísticas, sensibilidade intercultural e capacidade de trabalho em grupo.
No final do projeto de voluntariado, cada jovem recebe um certificado – o Youthpass. Este documento reconhece a participação no SVE e valida as aprendizagens, formais e não-formais, alcançadas através deste programa. Saiba mais sobre o Youthpass (conteúdo em inglês).
O que não é o SVE?
Apesar de incluir elementos de aprendizagem, permitir viajar e viver no estrangeiro e proporcionar uma experiência de trabalho, o SVE não é:
- Voluntariado ocasional, não estruturado e em part-time (voluntários trabalham cinco dias por semana, até um máximo de 40 horas);
- Um estágio numa empresa;
- Um trabalho pago e não pode substituir empregos remunerados;
- Uma atividade recreativa ou de turismo;
- Um curso de línguas;
- Exploração de mão-de-obra barata;
- Um período de estudo ou formação profissional no estrangeiro.
Quais são os objetivos?
O SVE tem como principais objetivos promover a cidadania ativa, incentivar a mobilidade e solidariedade dos jovens dentro e fora da Europa. E ainda facilitar a descoberta de novas culturas e estimular o sentimento de pertença à Europa. Além disso, este programa pretende contribuir para o desenvolvimento de competências (educacionais, sociais, pessoais, profissionais, culturais e linguísticas) e para a melhoria da perspetiva de empregabilidade nos jovens.
Como funciona?
A realização de um projeto SEV envolve três organizações: Organização de Envio, Organização de Acolhimento e Organização de Coordenação. As organizações participantes assumem os seguintes papéis e tarefas:
Organização de Envio
Ocupa-se principalmente de preparar e enviar o voluntário para o estrangeiro, mas também o acompanha durante e depois da atividade. Cabe a esta organização as seguintes tarefas:
- Ajudar o voluntário a encontrar e a contactar uma organização de acolhimento;
- Providenciar preparação adequada para o voluntário antes da partida;
- Assegurar, em cooperação com a organização de acolhimento, que o voluntário recebe formação linguística;
- Garantir a participação do voluntário na formação pré-partida;
- Manter contacto com o voluntário e com a organização de acolhimento durante o projeto;
- Apoiar o voluntário durante a reintegração na sua comunidade de origem, no regresso do projeto.
Organização de Acolhimento
Recebe o voluntário e organiza a atividade. É responsável por assegurar condições de vida e de trabalho seguras e decentes para o voluntário ao longo de todo o período da atividade, nomeadamente:
- Indicar um mentor para voluntário;
- Dar apoio pessoal e apoio durante o processo de aprendizagem ao voluntariado;
- Providenciar ao voluntário a oportunidade de se integrar na comunidade local, conhecer outros jovens e participar em atividades lúdicas;
- Oferece ao voluntário a oportunidade de desenvolver um conjunto de tarefas bem definidas;
- Identificar oportunidades de aprendizagem para o voluntário;
- Providenciar alojamento, alimentação, transporte e dinheiro.
Organização de Coordenação
É responsável por candidatar-se ao financiamento para o projeto em nome de todos os parceiros. É ainda da sua responsabilidade:
- Coordenar o projeto em cooperação com as organizações de envio e acolhimento;
- Distribuir a subvenção financeira recebida entre as organizações de envio e acolhimento;
- Assegurar que o voluntário recebe o SVE Info Kit e frequenta todo o ciclo de formação e avaliação do SVE;
- Dar apoio ao voluntário e direcioná-lo para a organização de acolhimento;
- Desempenhar tarefas administrativas da organização de envio ou acolhimento;
- Garantir que cada voluntário tem em sua posse o Cartão Europeu de Seguro de Saúde (se aplicável) e que está coberto pelo plano de Seguro do SVE;
- Providenciar um visto para o voluntário (se for necessário);
- Proporcionar apoio para o processo de aprendizagem;
- Emitir o certificado Youthpass.
Quem pode participar?
Podem candidatar-se ao SVE jovens entre os 17 e os 30 anos com residência legal no país da organização de envio. Os voluntários são escolhidos independentemente da sua origem étnica, religião, orientação sexual, opinião política, etc. Não há ainda exigências em termos de qualificações, nível educacional, experiência específica ou conhecimentos de línguas.
Quais as áreas de voluntariado?
Há projetos nas mais variadas áreas, desde serviço social ao ambiente, passando pela cultura, pela juventude, pelo desporto, pelo diálogo inter-religioso ou pelo trabalho com minorias étnicas, entre tantos outros temas. Estão excluídas as intervenções de alto risco, após confrontos armados, ou a assistência imediata em cenários de catástrofes.
Qual é a duração?
Existem serviços de voluntariado de curta e longa duração:
- De 2 semanas a 2 meses, excluindo dias de viagem;
- De 2 a 12 meses, excluindo dias de viagem.
A participação é gratuita?
A participação numa atividade SVE é gratuita para os voluntários, à exceção de uma eventual contribuição para despesas de viagem, caso a subvenção Erasmus+ não cubra na totalidade esses gastos, e de custos que não estejam relacionados com a realização da atividade.
Que despesas estão cobertas?
O SVE garante ao voluntário o pagamento dos seguintes encargos:
- Viagem de ida e volta;
- Vistos e vacinação, se necessário;
- Seguro (saúde, assistência no repatriamento, invalidez, vida e responsabilidade civil);
- Alimentação;
- Transporte local;
- Subsídio mensal. O valor depende do custo de vida de cada país, mas ronda, geralmente, os 100 euros;
- Alojamento;
- Formação (incluindo aprendizagem da língua do país de acolhimento).
Como apresentar uma candidatura?
O primeiro passo é contactar uma organização de envio, que será responsável por tratar de todos os aspetos práticos da candidatura.
A etapa seguinte é escolher um projeto. Para esse efeito, o voluntário deve ter em conta as suas motivações e as aprendizagens e competências que gostaria de adquirir durante a atividade de voluntariado, entre outros aspetos. O SVE alerta que a decisão não deve ser tomada exclusivamente em função do país. Caso não encontre um projeto adequado, o voluntário pode contactar as organizações de acolhimento para obter informações sobre eventuais vagas.
Para a formalização da candidatura, por norma, é necessário enviar um curriculum e uma carta de motivação (é necessário indicar qual é a organização de envio). No entanto, há entidades que têm formulários próprios ou que preferem uma entrevista telefónica/Skype com os candidatos.
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