Prémio de Voluntariado Jovem Montepio: “A diferença às vezes assusta. Aqui ninguém sentiu isso”
Como é que foi esta experiência?
Eduardo Rito: Foi uma experiência nova, nunca tinha tido nada deste género e acabei por gostar do contacto com pessoas de outros locais, de outras culturas, mesmo sendo dentro do próprio país. Até mesmo a questão do sotaque acabou por ser engraçada.
Denilson Gomes: Foi ótimo, gostei muito de participar no projeto.
Filipa Bernardes: Foi boa, gostei principalmente do facto de ter contactado com uma realidade diferente, que não conhecia.
Iolanda Silva: Isto é muito importante para eles. Tirámo-los da zona de conforto e proporcionámos uma oportunidade igual à das outras pessoas. Sempre com as melhores condições, o melhor apoio para ajudar na integração, mas tentámos que as coisas estivessem sempre em pé de igualdade, para se sentirem integrados. É uma excelente atividade para promover a inclusão destes jovens.
Como é que tiveram esta ideia do projeto?
Eduardo: Foi uma ideia baseada na separação que há entre homens e mulheres [no Centro], uma questão cultural. Queríamos juntar as pessoas na partilha de ideias e histórias.
Por quê o YouTube?
Eduardo: Além de ser uma nova tecnologia, pode ser partilhada com as novas gerações e isso é ótimo. Ajuda a promover as histórias e a perpetuar a cultura das pessoas.
Iolanda: Começámos por perceber que havia uma barreira arquitetónica, porque a sala dos homens está num lado, a das mulheres está noutro e há uma certa base cultural nessa separação. Ao sentirmos isso queríamos encontrar uma maneira de juntá-los. Além disso, queríamos juntar a comunidade, eliminar todas as barreiras e foi-nos surgindo esta ideia. O facto de eles gostarem de falar de coisas antigas, de partilhar tradições, fez com que começássemos a olhar para o digital, para envolver os jovens, e chegámos ao YouTube. Até porque agora os youtubers estão muito na moda. Achámos que seria uma boa forma de comunicar, até pelo nível de acessibilidade que esta plataforma tem. O cego pode ouvir, o surdo pode ler as legendas. É um canal mais inclusivo.
Como foi o trabalho da equipa?
Filipa: Acho que foi um bom trabalho. Todos os membros do grupo trabalharam e foi uma boa apresentação.
Iolanda: Desde o início, até porque a incapacidade deles reside na falta de visão, sabíamos que eles são pessoas completamente capazes e procurámos sempre integrar, como um grupo normal, as ideias de todos e entrar num acordo de ideias, fazendo tudo de uma maneira homogénea.
Eduardo: Cada um dava a sua ideia, discutíamos uns com os outros e chegava-se a uma boa conclusão. Todos acabaram por concordar.
Estavam à espera de ganhar?
Filipa: Sim, eu estava convicta de que tínhamos um bom projeto, apesar de os outros grupos também terem trabalhado bem, temos que ser justos. Os projetos estavam bem enquadrados, bem planeados. Mas acabaram por decidir que o nosso projeto era o vencedor.
Iolanda: Eu estou sem palavras. Nós não tínhamos qualquer expetativa. Vínhamos para participar numa atividade, para usufruir, fazer novas amizades, ser felizes. Ao longo do trabalho fui vendo a evolução deles, o sentimento de pertença e toda a entrega que houve por parte das pessoas à nossa volta e a ajuda. A alegria deles é notória. É, sem dúvida, um balanço superpositivo. É uma mega responsabilidade ter a 10ª edição do prémio e estamos muito felizes.
Como é que foi o acolhimento das pessoas?
Iolanda: Foi incrível. Foram muito queridos com eles. Acho que eles saíram um pouco dos limites, puxámos muito por eles. É muito bom quando sentimos este apoio. A diferença às vezes assusta, as pessoas não sabem como lidar, e às vezes a maneira de se defenderem é afastarem-se. E aqui ninguém sentiu isso.
Filipa: Achei que esta população é particular, com uma mentalidade e cultura particular, muito baseada nas suas origens raízes e ligada à terra.
Numa palavra, como descreveriam este fim-de-semana?
Filipa: Foi excecional.
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