"Espero ajudar o mundo com as minhas ideias fora da caixa"
Venceram com a “Sheepy”, o projeto com nome de ovelha que quer pôr a circular transporte para os moradores, dinamizar espaços lúdicos e desportivos, promover cinema ao ar livre e desenvolver as mais diversas atividades culturais para transformar o bairro num local mais feliz.
Marlene Monteiro (17 anos) é a mais extrovertida do grupo. Tem um grande poder de comunicação e acredita que pode mudar o mundo com as suas ideias fora da caixa. Mariana Silva, de 16 anos, tem um coração tamanho do mundo e Vanessa, da mesma idade, é a mais discreta: na hora de conversar, porém, mostra um forte espírito de iniciativa. A voz é delas.
Esperavam ganhar o Prémio Voluntariado Jovem Montepio?
Vanessa Reis – Sim, claro, viemos com o objetivo de vencer. Gostei deste projeto porque se estivesse na situação dos moradores da Serafina também gostaria de ser ajudada.
Marlene Monteiro – Quando entro num projeto é mesmo para ganhar e assim aconteceu. Foram 26 horas de muito trabalho, mas valeu tanto a pena.
Mariana Silva – Confesso que ainda nem acredito que ganhámos. É um orgulho vencer o Prémio Voluntariado Jovem Montepio com apenas 16 anos. É uma memória para o futuro que me deixa no presente realizada.
O que mais valorizaram na experiência destes dois dias?
Vanessa – Ao início nem estava com muito incentivo para participar, mas agora percebo que esta experiência foi muito importante para a minha formação, ainda mais porque é a minha área. Estou a tirar um curso de apoio psicossocial.
Marlene – Foi muito interessante. É uma experiência nova de uma realidade que não é a nossa. Aprendi imenso e valorizei-me como pessoa.
Mariana – O mais importante é a felicidade que estou a sentir por ajudar os outros, por saber que os moradores da Serafina acreditam em nós e na nossa capacidade de melhorar o bairro onde moram.
Como foi o ambiente entre os jovens?
Marlene – Sentimo-nos verdadeiramente em casa.
Mariana – Era como se fossemos todos amigos há muito tempo. No que respeita à equipa com quem trabalhei foi muito bom, existiu complementaridade, o que faltava em mim encontrava nos outros elementos do grupo.
Vanessa – O esforço e dedicação foram tão naturais que nos sentimentos plenamente compensadas.
Quais as maiores diferenças que encontraram entre a vossa realidade e o Bairro da Serafina?
Vanessa – Sou do Bairro do Cerco, no Porto, mas é muito diferente, porque é apenas constituído por blocos de apartamentos, enquanto aqui existem muitas casas que parecem pertencer a uma vila. Era importante que fossem recuperadas, porque muitas delas estão completamente degradadas. O bairro também me pareceu bastante calmo.
Marlene – Parece-me que na Serafina as pessoas estão mais isoladas. Existe uma espécie de união isolada, os jovens de um lado, os idosos do outro.
Mariana –A Serafina parece-me pacífica, mas fiquei chocada com a falta de saneamento, muitas casas nem sequer têm casa de banho. Também concordo que a comunicação entre gerações devia ser maior.
Como se imaginam daqui a dez anos?
Mariana – Eu imagino-me como educadora de infância.
Vanessa – Tenho o mesmo sonho.
Marlene – Frequento a área de audiovisuais da Escola Artística Soares dos Reis, no Porto, e daqui a dez anos imagino-me a realizar filmes e documentários.
Se tivessem uma poção mágica para mudar o mundo o que fariam?
Marlene – Espero ajudar o mundo com as minhas ideias fora da caixa.
Mariana – Gostava que todas as pessoas se respeitassem e ajudassem mutuamente como aconteceu no Prémio Voluntariado Jovem Montepio.
Vanessa – Se tivesse uma poção mágica acabava com as drogas no mundo.
Agora que venceram o prémio, o que esperam da próxima edição?
Mariana – Tenho todo o empenho em participar na próxima edição. Espero continuar ligada ao projeto que criámos nestes dois dias e ajudar a implementar as nossas ideias no Bairro da Serafina/Liberdade.
Marlene – Estou entusiasmada, sei que vai correr tudo muito bem e que vamos continuar a ser úteis para comunidades que precisam de nós.
Vanessa – Estou pronta para colocar mãos à obra e continuar a contribuir como voluntária.
Por fim, gostava de vos perguntar como foi a vossa adaptação à Associação de Proteção à Infância Bispo D. António Barroso?
Marlene – Comigo a adaptação foi fácil, estou na associação há quatro meses e é a minha primeira casa.
Vanessa – Para mim é a segunda casa! O mais importante é que nos sentimos apoiadas e protegidas pelas pessoas que nos acompanham em tudo o que precisamos.
Mariana – No princípio é natural que exista alguma dificuldade de adaptação e revolta, mas agora sinto-me cada vez melhor.
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