“Um Prémio Voluntariado Jovem construtivo, apelativo e eficaz”

O nervoso miudinho pairava no ar, e alguns acusavam pressão, mas todos acabariam por surpreender ao conseguir, em apenas 26 horas, ideias consistentes para apresentar ao júri do prémio.

O ambiente que se vivia na sede dos escuteiros onde foi anunciado o Prémio Voluntariado Jovem Montepio era incrível. A diretora técnica da Associação de Proteção à Infância Bispo D. António Barroso, do Porto, que foi a instituição vencedora, considera que “o que se viveu durante estes dias é realmente fantástico e que o mérito é de quem organizou a iniciativa e teve a capacidade de colocar todos em comunicação e sem reservas para darem o melhor”.

Leonardo, 16 anos, era dos mais descontraídos e parecia conhecer a Daniela, 15 anos, desde sempre. “Conheço-a há uma vida, desde anteontem”, brincou. A jovem do Bairro Pendão (Queluz) acompanhou o grupo do Lar D. Estefânia (Guimarães) para os ajudar a compreender a filosofia de quem vive nestas comunidades. Foi o rapaz, agora num tom mais sério, que definiu a iniciativa: “O Prémio Voluntariado Jovem é construtivo, apelativo e eficaz”.

Os jovens conseguiram trazer “um olhar independente que não está viciado pelo quotidiano” de quem vive no bairro, considerou José Carlos Correia, da ADM Estrela, da Guarda, uma das associações parceiras.

Ideias pré-concebidas deturpam imagem da Serafina

Mas a visão de quem está dentro também foi muito importante para que tudo corresse bem. Catarina, de 20 anos, uma das raparigas do bairro da Serafina que serviu de guia na visita ao local, está no último ano da faculdade do curso de economia e aprendeu muito com a experiência. “O dia está a ser intenso, com uma grande partilha de ideias”. A escudeira considera que, no tempo em que os pais dela eram jovens, o bairro era mais perigoso e que devido a este passado existe uma ideia errada e pré-concebida do local. “O bairro vai mudando com este tipo de iniciativas e a perceção das pessoas de fora também. Sinto-me segura aqui, mas gostava de ter espaços verdes arranjados e mais iniciativas para a população”.

Todos unidos para um bairro melhor

Durante a manhã de sábado os jovens reuniram-se na mesma sala e trabalharam motivados, a mil à hora, entre muitos marcadores coloridos, papéis e cartolinas. O chefe dos escuteiros, António Chaves, colocou todo o empenho nesta iniciativa e fez de tudo um pouco, desde a organização do espaço à orientação dos participantes. “A ideia é incutir uma dinâmica de intervenção comunitária, para que os mais novos sejam capazes de absorver esta experiência de cooperação como uma atitude de futuro”, afirmou.

Para ajudar os jovens a construir o pitch estiveram Joaquim Canhoto e José Esteves, dois especialistas em comunicação, da Toastmasters, que descreveram a experiência como muito positiva. “Acreditamos no potencial destes rapazes e raparigas. À medida que estão a trabalhar quebram ideias pré-concebidas, mostrando grande capacidade de produtividade e toda a preocupação com uma realidade que não é a deles”.

Inovação na abordagem ao voluntariado jovem

O sucesso da 7.ª edição do Prémio Voluntariado Jovem Montepio foi tão grande que o número de pessoas que fez esta iniciativa acontecer mais do que dobrou, das 21 para as 52, como explica Joaquim Caetano, responsável da área de voluntariado corporativo do Montepio. “Este ano o objetivo do prémio foi deixar de olhar para as instituições e centrar mais o prémio na comunidade”, acrescenta.

A iniciativa trouxe até ao terreno novas formas de abordagem ao voluntariado jovem, com um amplo envolvimento dos mais novos, da comunidade local, polícia e entidades parceiras. Foram dois dias com muitos sonhos na bagagem, que podem agora tornar-se realidade com a ajuda de todos.