Como a inflação pode afetar as suas poupanças

A inflação pode deitar por terra todo o seu esforço de poupança. Conheça alguns destinos seguros para o seu dinheiro.
Artigo atualizado a 24-11-2021

Se, por um lado, uma inflação próxima mas abaixo de 2% – a meta do Banco Central Europeu (BCE) – é benéfica para a economia portuguesa. Por outro lado, pode arrasar as suas poupanças. Para preservar o seu pé-de-meia, deve aplicá-lo. Mas isso não basta. É necessário escolher uma aplicação financeira que garanta um ganho real, ou seja, que ofereça uma rendibilidade superior à inflação.

O que é a inflação?

Numa economia de mercado, alguns preços de bens e serviços sobem e outros descem. Fala-se de inflação quando se verifica uma subida generalizada e sustentada desses preços e não quando apenas os preços de artigos específicos sobem. Em resultado da inflação, o poder de compra diminui. Ou seja, com o mesmo dinheiro passa-se a comprar menos bens e serviços. Por isso, é importante que os aforradores tenham em conta a inflação no momento de escolher onde aplicar o seu dinheiro.

Em contexto de crise, os preços têm tendência para descer, perante a contração da procura – as famílias com menos rendimentos disponíveis consomem menos.  Pelo contrário, num cenário de expansão económica, os preços tendem a subir pelo facto de haver mais procura – em consequência de uma maior disponibilidade financeira dos agregados familiares.

Existem essencialmente três tipos de inflação:

  • Mensal. Reflete a variação dos preços entre dois meses consecutivos. Permite um acompanhamento corrente da evolução dos preços. Contudo, é influenciada por efeitos sazonais e outros mais específicos localizados num (ou em ambos) dos meses comparados.
  • Homóloga. Reflete a variação dos preços entre o mês corrente e o mesmo mês do ano anterior. Esta taxa, perante um padrão estável de sazonalidade, não é afetada por oscilações desta natureza. Pode, no entanto, ser influenciada por efeitos específicos localizados nos meses comparados.
  • Variação média dos últimos doze meses. Compara a inflação média dos últimos doze meses com a dos doze meses imediatamente anteriores. Tal como uma média móvel, esta taxa é menos sensível a alterações esporádicas e não é afetada por flutuações sazonais. No mês de dezembro, corresponde à inflação anual.

Como se calcula?

Cabe ao Instituto Nacional de Estatística (INE) calcular todos os meses a inflação (mensal, homóloga e variação média dos últimos doze meses). Para esse efeito, determina a média de um conjunto alargado de variações de preços de bens e serviços de um cabaz que representa o padrão de consumo das famílias num ano. Esse cabaz  inclui:

  • Artigos de consumo diário (como produtos alimentares, jornais, eletricidade e gasolina).
  • Bens duradouros (como vestuário, computadores pessoais e máquinas de lavar roupa).
  • Serviços (como cabeleireiro, seguros e arrendamento de habitação).

No entanto, os preços dos bens e serviços do cabaz não têm todos o mesmo peso. A ponderação depende de quanto as famílias gastam, em média, nesses bens e serviços. Quanto maior a despesa, maior o peso. Os preços dos produtos alimentares e das bebidas não alcoólicas são os que têm maior ponderação. Depois, surgem os preços dos transportes.

Como pode afetá-lo?

As famílias não têm todas a mesma perceção da inflação, uma vez que possuem hábitos de consumo diferentes. Por exemplo, imagine-se uma família que utiliza frequentemente o automóvel para se deslocar. Se os preços dos combustíveis aumentarem mais do que os preços de outros bens e serviços, esse agregado familiar “sentirá” uma taxa de inflação mais elevada do que a medida pelo INE. Isto porque a sua despesa em combustível é superior à média. Em contraste, uma família que raramente ou nunca utiliza o automóvel, notará menos a inflação.

Contudo, como referido acima, a maior consequência do aumento generalizado dos preços é a diminuição do valor do dinheiro, o que constitui uma ameaça às poupanças.

Como proteger as suas poupanças?

Quer em tempos de crise quer em tempos de expansão económica, deve pensar sempre em proteger as suas poupanças da subida dos preços. Para isso, deve procurar produtos financeiros com remunerações acima da inflação. Como? Subtraindo à rendibilidade da aplicação o valor previsto para a inflação para o período em que vai fazer a subscrição.

Deve também apostar na diversificação da sua carteira de poupança. Ou seja, não investir as economias apenas num produto ou num único prazo de investimento. Quantos mais produtos, com diferentes níveis de risco e diferentes prazos, tiver na sua carteira, menor será o risco de perder capital.

Que investimentos podem ajudá-lo?

  • Produtos de poupança. Este tipo de solução protege-o da inflação e, ao mesmo tempo, acautela o seu futuro.
  • Obrigações indexadas à inflação. Pagam uma taxa de juro igual à inflação, à qual acresce uma parte fixa, o “juro real”. Pode subscrever unidades de participação de fundos de obrigações indexadas à inflação;
  • Ações. Apesar de os lucros das empresas acompanharem a subida dos preços, as ações são um ativo com risco que nem sempre evolui paralelamente à inflação;
  • Dívida de curto prazo. Ao apostar neste tipo de dívida fica protegido no médio prazo. Em caso de aceleração dos preços, o banco central deve intervir, subindo as taxas de juro;
  • Dívida de longo prazo. Protege-o no longo prazo, mas caso os preços subam mais que o previsto pode ser a sua ruína.
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