Saúde mental: como reconhecer e prevenir a depressão
Estima-se que 5% da população adulta mundial sofre de depressão, a “principal causa de problemas de saúde mental e incapacidade em todo o mundo”, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas se considerarmos que este é um distúrbio de saúde mental subdiagnosticado, a percentagem, provavelmente, muito maior. E continua a crescer. Muito por esse motivo, a OMS qualificou a depressão como “o mal do século XXI”.
Em Portugal – um dos três países europeus com maior prevalência de depressão – cerca de 12% da população está diagnosticada com a doença, como salienta a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). A boa notícia é que “a maior parte das pessoas com depressão (entre 80% a 90%) recupera o seu bem-estar quando recebe ajuda adequada”, refere a Ordem dos Psicólogos. Assim, é fundamental saber reconhecer, em nós e nos outros, os sinais de depressão e contribuir positivamente para a saúde mental de quem nos rodeia.
O que é a depressão?
“A depressão é mais do que estar triste ou aborrecido durante uns dias. É mais duradoura e pode afetar negativamente o dia-a-dia e a nossa capacidade de funcionar”, refere a Ordem dos Psicólogos, especificando as suas variações: “O diagnóstico de depressão corresponde a um conjunto de alterações no nosso humor e comportamentos que dura, pelo menos, algumas semanas. Mas a depressão também pode ser compreendida como um contínuo.”
A Associação Americana de Psiquiatria, por sua vez, define este distúrbio da saúde mental como uma “presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo”.
No entanto, os sintomas da depressão variam não só de pessoa para pessoa, como em função do tempo e das circunstâncias, podendo, inclusive, atingir diferentes níveis de gravidade.
Não deixe esconder a doença
“O estigma para com as pessoas que sofrem de problemas de saúde psicológica pode dificultar o seu reconhecimento”, alerta a Ordem dos Psicólogos. Não é incomum, aliás, encontrar pessoas que sofrem de depressão mas que tentam aparentar uma saúde mental robusta, sob o receio do estigma social. O que fazer então, de acordo com a Ordem dos Psicólogos, para evitar que a doença evolua silenciosamente?
1. Tenha em mente que a depressão pode atingir qualquer pessoa, em qualquer momento da vida (incluindo as crianças);
2. Fique atento aos sinais e mostre-se disponível para ajudar ou ser ajudado. Quem passa por um problema de saúde mental pode sentir vergonha, pensar que procurar ajuda é sinal de fraqueza ou sentir-se um fardo para os outros, mas o apoio de um psicólogo é, nestas situações, fundamental.
Como reconhecer a depressão
“Cada pessoa passa pelos estados depressivos de forma diferente. As nossas circunstâncias também variam e respondemos-lhe de forma diferente”, afirma a Ordem dos Psicólogos. Alguns pensamentos, comportamentos e manifestações físicas são, ainda assim, mais comuns. Fique atento aos seguintes sinais:
Pensamentos-tipo
- Pensamentos destrutivos, como “Sou um fracasso”, “Não presto para nada” ou “A culpa é minha”;
- Pensar que a sua existência é inútil: “Não vale a pena viver” ou “Prefiro morrer”;
- Confusão mental: “Não consigo pensar claramente” (sensação de “nevoeiro mental”).
Emoções e sentimentos comuns
- Tristeza e infelicidade;
- Falta de prazer, entusiasmo ou alegria;
- Desespero;
- Falta de energia, cansaço e desmotivação;
- Irritação, ansiedade, medo e agitação;
- Vazio;
- Sensação de desenquadramento: “Sinto que nada é real”, “Sinto-me muito só” ou “Só queria desaparecer”.
Comportamentos frequentes
- Dificuldade em dormir ou adormecer;
- Perda ou aumento de apetite;
- Dificuldades de concentração e de memória;
- Dificuldade em tomar decisões;
- Dificuldade em sair de casa;
- Dificuldades funcionais (na escola, no trabalho, na vida social);
- Tendência para o isolamento;
- Aumento do consumo de álcool ou drogas.
Sinais físicos
- Fadiga;
- Dores de cabeça e musculares;
- Tensão muscular;
- Náuseas;
- Perda ou ganho de peso significativos.
Depressão: quais as causas mais comuns?
As razões que conduzem a estados depressivos são diversas e, por vezes, pode até parecer que a doença “apareceu do nada”. Porém, a ciência aponta para fatores que podem estar na origem deste problema de saúde mental. A Ordem dos Psicólogos lista alguns:
- Fatores genéticos;
- Aspetos do funcionamento do cérebro;
- A forma como cada pessoa interpreta a informação;
- Circunstâncias (presentes e passadas) da vida pessoal, entre as quais:
- Situações de pobreza;
- Iniquidade;
- Discriminação;
- Incerteza;
- Violência;
- Bullying;
- Abuso e negligência;
- Opressão;
- Perda e luto;
- Doença grave;
- Desemprego ou reforma;
- Falta de apoio social e de relações de intimidade ou dificuldades nas relações.
Como promover a saúde mental?
O apoio e a compaixão são lembrados pela Ordem dos Psicólogos como essenciais para a manutenção da saúde mental de quem nos rodeia, ao produzirem um “impacto enorme no nosso bem-estar e qualidade de vida”. Assim, para prevenir a depressão e promover, simultaneamente, a saúde mental, é importante:
- Contribuir para que as pessoas se sintam apoiadas e conectadas às suas comunidades, com o intuito de reduzir os níveis de stress e sofrimento;
- Manter-se informado sobre a depressão, cultivando a literacia em saúde psicológica;
- Investir na promoção da saúde psicológica e autocuidado.
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