Educação financeira: o que ensinar dos 4 aos 16 anos
A importância da educação financeira tem sido cada vez mais reconhecida a nível mundial, pois um grau mais elevado de literacia financeira – que é a capacidade de fazer julgamentos informados e tomar decisões tendo em vista a gestão do dinheiro – leva a que os cidadãos organizem com maior responsabilidade os seus orçamentos familiares.
Educação financeira para crianças e jovens
A partir dos 4 anos
Os pais são os primeiros a encarregarem-se da educação financeira dos seus filhos. Como devem as crianças ser educadas para gerirem o seu dinheiro? Bárbara Romão, psiquiatra da Infância, refere que é importante que os mais jovens percebam desde cedo o valor do dinheiro. E isto acontece por volta dos 4 anos. É nesta altura que surgem as primeiras perguntas sobre o tema. E é fundamental fazê-los entender que este recurso não é ilimitado.
“Depois de entrarem na escola primária começam a fazer perguntas mais concretas: quanto custam as coisas, quanto é que os pais ganham. Devemos responder sempre de forma a que entendam e não fugir aos temas difíceis. As crianças reagem bem ao que lhes explicam”, diz. Nesta fase, é aconselhável deixá-los fazer algumas compras e serem eles a pagar e a receber o troco.
Dos 10 aos 12 anos
Talvez o velho mealheiro tenha caído em desuso, mas incentivar a fazer poupança é também uma atitude positiva. Pois as crianças divertem-se a juntar dinheiro. Quando chegam ao segundo ciclo, por volta dos 10 anos, o caso muda de figura. Começam a ter o cartão da escola, que necessitam de carregar para almoçar, lanchar ou comprar material na papelaria, ou vão ao cinema com os amigos. Aqui convém dar pouco de cada vez, como dois ou três euros, para evitar gastos supérfluos.
Para esta especialista, por volta dos 12 anos já se pode começar a dar uma semanada para aprenderem a gerir o seu dinheiro. De início pequena, mas poderá ser aumentada conforme as necessidades. Começar com uma quantia elevada e ir depois reduzindo conforme os gastos é que é desaconselhado.
Também Ricardo Ferreira, economista e Fundador da Escola de Finanças Pessoais, considera que, a partir dos 10 anos, a mesada começa a ser apropriada, nomeadamente para fazer face aos gastos diários, como lanches, revistas e coleções, para carregar o telemóvel e para poupar (deve poupar-se 10% do valor da mesada).
Na sua obra “Educação Financeira das Crianças e Adolescentes”, o especialista considera que é fundamental conversar com a criança de forma a definir, com precisão, quais as despesas que são cobertas pela semanada e que tipo de encargos serão pagos à parte (livros escolares, material escolar, aulas de apoio).
No entanto, os pais não devem impedir os filhos de gastar o dinheiro, para que estes aprendam por si. É ainda obrigatório não confundir resultados escolares com mesada.
E se o seu filho lhe pedir um aumento? Nesse caso, deverá perceber as razões que motivam o pedido e analisar se o aumento é necessário ou antes resultado de má gestão, aconselha Ricardo Ferreira.
Entre os 15 e os 16 anos
Pelos 15, 16 anos, os adolescentes já pedem um pouco mais para saírem com os amigos e uma mesada é a melhor forma de os orientar. Assim, sabem que apenas têm aquele dinheiro disponível para o mês inteiro. Se o gastarem todo ao início não terão mais.
Não se esqueça que…
A educação financeira também passa muito pelo exemplo. Nesse sentido, é importante que os pais demonstrem comportamentos financeiros responsáveis, como elaborar mensalmente um orçamento familiar, ter um fundo de emergência e poupar regularmente.
Última nota
A responsabilidade de ensinar as crianças a lidarem com o dinheiro é dos pais e deve começar cedo. Não faz sentido esperar que cheguem à escola para serem educadas pelos professores. Este é um trabalho conjunto de pais, educadores e sociedade em geral para termos, no futuro, adultos financeiramente mais responsáveis.
Os conteúdos do blogue Ei – Educação e Informação não dispensam a consulta da respetiva informação legal e não configuram qualquer recomendação.
Este artigo foi útil?