Kairós. Como integrar jovens vulneráveis através das artes

O projeto ProVOCA, da Kairós, pretende promover a inclusão social de jovens em situação de abandono ou absentismo escolar.
Artigo atualizado a 09-10-2018

A Kairós, que opera nos Açores e responde às questões sociais que emergiram nos Açores nos anos 80/90, é uma das vencedoras do Projeto FACES, da Fundação Montepio. Através do projeto ProVOCA, a instituição pretende ajudar os jovens em rutura com o sistema educativo e que apresentam comportamentos antissociais e desviantes, através da dinamização de oficinas orientadas para cultura, fornecendo-lhes competências técnicas, artísticas e oficinais. Artur Martins, presidente da Kairós, fala sobre a Kairós, o projeto ProVOCA e na sua missão de ajudar os jovens.

Fale-nos sobre o trabalho que realizam na Kairós.

A Kairós tem como missão a incubação de iniciativas de economia social e solidária, sob a forma de redes de serviços de resposta à comunidade, através de valências de economia social ou de solidariedade social, mas também de produção e comercialização através de empresas de inserção.

Ao longo dos anos, a Kairós constituiu-se como pioneira no que se refere às respostas a novas questões sociais que emergiram nos Açores nos anos 80/90, desenvolvendo a sua ação no espaço alargado da economia social e solidária sempre através da integração pelo trabalho. Do seu quadro fazem parte equipas técnicas da área da educação, da animação, da formação profissional, da economia, da psicologia e da intervenção social, que garantem o acompanhamento de todas as valências sociais, empresas de inserção e projetos comunitários.

O projeto aprovado no FACES, o CDIJ- Centro de Desenvolvimento Juvenil, designado por Perkursos, nasce em 2002 e foca a sua intervenção na formação escolar, profissional, cultural e relacional, dando aos jovens em risco ferramentas que contribuam para o desenvolvimento de competências para uma verdadeira integração social e concretização de um novo projeto de vida. O Perkursos já interveio em mais de 600 jovens ao longo da sua existência, possui uma equipa multidisciplinar, habilitada para a intervenção com estes públicos, no desenvolvimento das suas competências pessoais, emocionais e sociais, através de metodologias ativas e programas de intervenção social inovadores, trabalhando em rede com os parceiros institucionais e com a comunidade.

Em que consiste o projeto com o qual foram uns dos vencedores do programa FACES?

O Projecto ProVOCA visa reforçar o CDIJ Perkursos, promovendo a inclusão social de jovens provenientes de contextos sócio económicos mais vulneráveis, em situação de abandono/ absentismo escolar e por isso em rutura com o sistema educativo e que apresentam comportamentos antissociais e desviantes.

Através da dinamização de oficinas inovadoras orientadas para a cultura e através dela para o reforço da integração social, este projeto do CDIJ Perkursos, será dotado de competências técnicas, artísticas e oficinais, (“hardskills”) e transversais (“softskills”) cruciais no apoio à estruturação da identidade dos jovens, reforçando a premissa que todos têm um “talento” e um interesse vocacional e que é possível criar novas oportunidades e melhorar os contextos de aprendizagem que possibilitem uma melhor identificação das vocações, potenciando-as.

Serão constituídas oficinas de artes e ofícios, focadas na experimentação e prática cultural e artística, nas seguintes áreas: áudio e sonoplastia, cinema/ vídeo/ fotografia, artes performativas, cerâmica e madeiras, artes gráficas, literatura/ poesia. Desta forma, o CDIJ proporcionará aos jovens a possibilidade de desenvolverem os seus projetos e competências pessoais, com todas as condições logísticas para o fazerem.

Em termos de financiamento, quanto é que a Fundação Montepio vai alocar ao vosso projeto?

O projeto terá uma duração de três anos. Serão criadas e equipadas quatro oficinas de cultura e artes e as fontes de financiamento serão diversificadas. Em percentagens aproximadas, trata-se de 5% para recursos próprios, 70% em apoio da segurança social e educação do Governo dos Açores e 25% de outros parceiros, entre eles a Fundação Montepio, através do projeto FACES, que apoiará com 25 000 euros.

De que forma planeiam utilizar o financiamento?

O financiamento vindo da FACES permitirá dar o primeiro arranque para a construção da rede de oficinas do ProVOCA e será utilizado para o arranque das duas primeiras oficinas, já previstas para o primeiro ano do projeto, nomeadamente a oficina de som, sonoplastia e rádio e a oficina de imagem. Uma vez que temos financiamento para os recursos humanos, este valor servirá totalmente para equipamento e montagem.

Dentro de um ano, quando estiverem a apresentar o balanço do programa, o que gostariam de ter alcançado?

Prevê-se que no espaço de um ano as oficinas referidas estejam equipadas e montadas e em pleno funcionamento, em termos materiais e educativos e artísticos, cumprindo o seu primeiro objetivo que é promover a integração de jovens utilizando a arte e ofícios como instrumento de desenvolvimento de competências pessoais, sociais, vocacionais e profissionais, contribuindo de forma transversal para o desenvolvimento integral do jovem e na integração no mercado de trabalho. Abordando a cultura e a arte como ferramenta de intervenção, mudança e interação social.

Assim prevê-se que até ao final do 1º ano, estas oficinas darão resposta a cerca de 70 jovens.

Além de financiamento, de que outras formas é que a Fundação Montepio apoia o vosso projeto?

A Fundação Montepio já apoiou a Kairós com a oferta de uma carrinha de nove lugares, para o seu centro lúdico-pedagógico, dirigido a crianças entre os 3 aos 15 anos, designado por Coriscolândia, no âmbito do seu programa Frota Solidária.

 

Como pensam que a participação no projeto FACES irá ajudar a vossa instituição?

Tendo em conta a natureza do apoio (investimento em equipamentos e ferramentas), este será pontual mas refletir-se-á de forma duradoura e possibilitará a implementação definitiva das oficinas. Só com a implementação física destas oficinas poderemos transformar o espaço do CDIJ num espaço de aprendizagem, criatividade e liberdade, constituindo-se como resposta inovadora aos jovens em situação de risco grave.

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