Julho 25, 2022

3 AGOSTO | Exposição PERSONA de Nina Vigon Manso

O espaço atmosfera m Lisboa inaugura, no próximo dia 3 de agosto, entre as 17h e as 19h, a exposição PERSONA, Retrato Vivo , da autoria da artista Nina Vigon Manso

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Trata-se de uma exposição audiovisual sobre o “processo de ‘selving’ (desdobramento do self), da sua multiplicidade, autorrepresentação do self, da persona, máscara, personagem, papel, pessoa”, que estará patente, com entrada gratuita, até 26 de agosto.

Num contexto de pandemia Covid-19, a autora Nina Vigon Manso convida 16 pessoas a autorrepresentarem o seu processo de vida e interação humana.

A questão da visibilidade na primeira pessoa, num discurso direto reconstrutivo e de novas identidades – numa perspetiva confessional de espelho.

Fala-se de tudo e numa linguagem individualista: personas, selfs, identidades, perspetivas comuns e divergentes.

Visite-nos!

Onde: atmosfera m Lisboa, Rua Castilho, n.º 5
Quando: 3 de agosto, às 17h

 

Sobre a artista:

Nina Vigon Manso nasceu em Lisboa, em 1975, atualmente, reside em Vila do Conde. Artista multidisciplinar (música, audiovisual, escrita criativa/literária) e thinker-researcher em diferentes áreas. Convidou dezasseis pessoas a captarem radiografias dos seus selfs. Numa lógica confessional, de tempos e memórias em (des)construção, captaram fotos e vídeos sobre si mesmas. É idealizada uma recomposição audiovisual, aliada a uma lógica de pensamento crítico. O seu resultado invoca uma experiência imersiva, acessível e dialogante. Cria um cabinet of curiosities digital, audiovisual e físico, partilhando os selfs convidados de forma dinâmica e confortavelmente vulneráveis.

Parceria Institucional/Projeto financiado pela República Portuguesa; Ministério da Cultura e com parcerias institucionais como: Associação Mutualista Montepio e Serve The City Portugal.

Notas da autora…

“No contexto da pandemia COVID-19, tempos de atrofiamento dos processos de interação humana – física, social ou emocional – com novas regras e protocolos, imperou o objetivo de dar visibilidade às pessoas. Em discurso direto, transmitiriam o que sentiram, que mutações ou danos colaterais abraçaram as suas personae (ou não). Habituadas a estar de máscara e mascaradas, quiçá, acolheram novas identidades. A reconstrução do tempo distorcido no seio de inúmeros espaços – pessoais e públicos – repentinamente, tornados pertença de entidades ‘estranhas’, pode ser feita de inúmeras formas.  A exposição Persona – Retrato Vivo / Beyond Carbon Copy enveredou pela criação de um espaço de autoanálise: voluntária e íntima. Sem pretensões voyeuristas, pretende ser uma atmosfera de partilha, de trocas e dialogante.

Iniciou-se um exercício audiovisual de autorrepresentação do self/ves, da persona, da máscara numa perspetiva confessional. Aliada ao pensamento crítico, surge a ideia de revisão do processo de selving (desdobramento do self, da sua multiplicidade). A revelação dos selves acontece num ambiente controlado pelas personae, aporta toda a vulnerabilidade e idiossincrasias, como uma força de (r)evolução: instável, subjetiva, múltipla, de sobrevivência. Desfasada e, por isso mesmo, dinâmica, quer-se pessoal e ambígua, em contato com as outras pessoas. “ambivalence is a kind of temporalized bargaining. (…) “an inevitable condition of intimate attachment.” Laura Berlant2. Os nossos sentimentos são plurais, permeáveis a sentimentos incompatíveis. Há a possibilidade de estarmos recetivos a circuitos de afetos que, inclusivamente, podem afastar-nos de posições que achávamos que habitávamos.

É difícil de definir o que será representativo do self de uma pessoa. Todavia, quantas pessoas têm caixas de sapatos, baús, mochilas, espaços concretos que só elas conhecem e que protegem as suas posses/memórias mais preciosas. Posses irrepetíveis fazem parte das personae a nível emocional – o loculus (um lugar pequeno) que contém o que é mais querido para cada pessoa e que por um algum motivo a define. São ambientes/coisas que nos dizem quem somos nós, o que sentimos, os porquês das nossas ações, princípios: coisas com as quais mais ninguém consegue estabelecer um elo emocional semelhante. Estamos perante uma exposição guardiã de clichés, de um cabinet of curiosities3 digital e coletivo. Contém pormenores extraordinariamente comuns, familiares, peculiares e de pessoas em diálogo consigo mesmas.

Agarrámos na visões e ideias PERSONA, projetámo-las em várias direções e texturas. No final, as personae encontram-se penduradas, expostas, evocando contemplação. É um círculo, não há risco de interromper. É um conjunto de clichés. Se as pessoas que viviam nas cavernas imortalizavam os seus mundos através das chamadas ‘pinturas das cavernas’, a PERSONA – Retrato Vivo não é mais do que uma versão recente dessas cavernas, decorada com tinta invisível e, verdade seja dita, num espaço o mais escurecido possível.

A importância de introdução de práticas de inclusão, acessibilidade, diversidade e equidade são basilares na pessoa-artista. Deseja-se que a criação de narrativas pertinentes e inclusivas sejam o elemento mais estruturante da exposição PERSONA – Retrato Vivo / Beyond Carbon Copy.  Reconhecem-se as eventuais limitações de acessibilidade e trabalhamos para a sua melhoria. A equipa encontra-se disponível para garantir uma visita semelhante a todas as pessoas.”