Março 7, 2025
“Paraíso de Coura” traz o espírito do festival ao atmosfera m


A mostra celebra mais de duas décadas de momentos do Festival Paredes de Coura que revelam a essência do evento musical. A cerimónia de inauguração contou com a presença de Alfredo Cunha, João Carvalho, diretor do festival Vodafone Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura e cofundador do festival e de Sandra Maria Teixeira, curadora.
“Uma visão sempre única”
Na sua mensagem inicial, Virgílio Boavista Lima, presidente do Montepio Associação Mutualista e do Grupo Montepio, teceu elogios ao trabalho de Alfredo Cunha: “Esta exposição é um reconhecimento do talento e da dedicação do fotógrafo, que ao longo de vinte anos documentou, a partir de uma visão sempre única e sensível, o espírito de uma iniciativa que temos o gosto de apoiar desde 2017”, afirmou.
Virgílio Boavista Lima ressalvou, ainda, que o Festival Vodafone Paredes de Coura transcendeu a sua natureza musical, tornando-se um verdadeiro “ponto de encontro, uma festa de emoções”, e cada fotografia exposta “carrega a energia vibrante do festival, mas também histórias de artistas e públicos, além da magia de um evento que se foi tornando uma referência”. O presidente concluiu o seu discurso sublinhando o compromisso forte do Montepio Associação Mutualista com a cultura.
Um paraíso chamado Paredes de Coura
Alfredo Cunha, um dos mais respeitados fotógrafos portugueses, não esconde o carinho que tem por Paredes de Coura. “Paraíso de Coura” é o nome da exposição e do livro que reúne duas décadas de fotografias do festival. O título não foi escolhido ao acaso. “É um trocadilho com o nome Paredes de Coura, porque este lugar é, de facto, um paraíso”, explica Alfredo Cunha. “Tem o rock, o rio, a boa comida, a boa companhia… São tempos de grande felicidade. A felicidade é um momento, não é algo constante. E Coura, desde que lá vou, há muitos anos, surpreende-me sempre”.
O fotógrafo, que documentou a revolução do 25 de abril, encontrou em Paredes de Coura um refúgio de alegria e liberdade. “Este projeto marca um novo momento na minha carreira. Já retratei revoluções, guerras, vida política… Este livro e esta exposição são o retrato de outro tipo de tempo: o da felicidade, do convívio, do amor à música e ao festival.”
“Um lugar de paz, amor e fraternidade”
“Esta exposição é um verdadeiro tesouro”, afirmou João Carvalho, diretor do Festival Vodafone Paredes de Coura. Sublinhou o “olhar único, capaz de captar a essência do festival de uma forma que poucos conseguem”, adjetivando de “incríveis” as imagens captadas por Alfredo Cunha.
Reforçou, ainda, a importância de preservar a memória do festival através da fotografia. “Alfredo Cunha esteve presente desde o início, quase sem se dar a conhecer, fotografando discretamente e sem interferir no ambiente, algo raro atualmente, em que todos querem ser protagonistas”, afirmou. Para João Carvalho, as imagens evidenciam o que o festival realmente representa: “um lugar de paz, amor e fraternidade.”
Entre os episódios mais marcantes, o diretor recorda a atuação de Patti Smith, registada numa das fotografias em exposição. “Ela é uma estrela mundial, mas quando tocou em Coura, ficou completamente apaixonada pelo local. Escreveu nas redes sociais que foi o melhor concerto da vida dela. Ver esta fotografia na exposição é como reviver aquele momento mágico”, conclui.
“O Alfredo capta a alma das pessoas”
A Sandra Maria Teixeira, curadora, coube o papel de escrever alguns textos para o livro “Paraíso de Coura”. “Quando surgiu a ideia deste projeto, apercebemo-nos de que ele tinha anos e anos de registos fotográficos do festival, praticamente desde a primeira edição”. Segundo a curadora, o fotógrafo “tem uma forma única de fotografar: capta a alma das pessoas. Já aconteceu várias vezes tirarem-lhe uma fotografia e a pessoa dizer: ‘Esta foto mostra-me exatamente como eu sou.’ Isso é raro e especial.”
Para o livro, teve de entrevistar inúmeras pessoas que estiveram envolvidas na organização do festival, desde os fundadores até aos artistas e ao público. “Foi emocionante ouvir as suas histórias, como casais que se formaram em Paredes de Coura ou famílias que agora levam os filhos ao festival”. Este livro e esta exposição são uma forma de eternizar esses momentos e partilhá-los com quem ainda não conhece o festival”, conclui.
A exposição permanecerá aberta ao público até 17 de abril, no espaço atmosfera m, em Lisboa, e oferece aos visitantes a oportunidade de mergulhar na história do Festival Vodafone Paredes de Coura através das lentes de Alfredo Cunha.