007: ao serviço da sua Associação

007: ao serviço da sua Associação
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Fotografias de Rodrigo Cabrita
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A

s Experiências Montepio abrem as portas a uma das mais icónicas sagas literárias e cinematográficas da história: a do agente secreto James Bond. Dezenas de associados Montepio regressaram ao Estoril da década de 1960 para mergulhar numa visita agitada e não misturada, qual Martini bondiano, e descobrir os segredos por detrás de um dos hotéis mais glamorosos da Europa: o Palácio Estoril.

Em 1968, o agente secreto 007 já era um fenómeno global quando a produção do sexto filme da série, 007 – Ao Serviço de Sua Majestade, escolheu Portugal como palco de algumas cenas. O icónico Hotel Palácio Estoril, na Costa do Sol, tornou-se o quartel-general da equipa, mas o local já possuía uma história digna de espionagem.

Entre 1940 a 1945, em plena Segunda Guerra Mundial, o hotel foi ponto de encontro de espiões de várias nacionalidades, que ali trocavam segredos e manipulavam informações. Entre eles estava Dusko Popov, agente sérvio que frequentava o Casino do Estoril, onde, por vezes, se encontrava com Ian Fleming, o criador de James Bond. É possível que Popov, com as suas missões arriscadas, tenha servido de inspiração para o famoso espião. Por isso, o Hotel Palácio Estoril não foi apenas cenário de ficção, mas também palco de intrigas reais que moldaram e mudaram a história – sabe-se, por exemplo, que Popov, trabalhando para os britânicos, conseguiu enganar os alemães, sendo uma peça-chave em operações como a desinformação sobre o local do desembarque do Dia D.

Durante a rodagem do filme, o único da série protagonizado por George Lazenby, a produção apaixonou-se pela farda de um jovem bellboy: o alentejano José Diogo Vieira. “Convidaram-me para entrar no filme”, recorda José Diogo à revista Montepio. “Tinha cabelo preto e a minha farda era bonita, cativava. Mas também a minha personagem.”

Além de ganhar fama que o acompanharia para o resto da vida, José Diogo recebeu o pagamento de 2 contos e 500 escudos, um valor muito alto para a época. “Um empregado do banco, que ganhava bem, recebia 1 conto e 400 escudos por mês.” E o que fez ao dinheiro? “Meti-o numa embalagem de Ovomaltine, ao pé das outras gratificações. As notas iam para um lado, as moedas para o outro. Depois, havia um funcionário do hotel que as trocava.”

Um hotel que parou no tempo

Construído em 1930, o Hotel Palácio Estoril mantém muitas das características que o tornaram icónico na sua época. O projeto do arquiteto Henri Martinet foi amplamente elogiado em dezembro, quando um grupo de associados participou num chá das cinco organizado pelas Experiências Montepio. “Não sabíamos o que íamos encontrar, mas foi muito agradável estar num hotel que foi cenário de filme e, ainda por cima, ouvir histórias reais sobre o que se passou aqui”, descreve Alexandra Jubilot, professora de português para estrangeiros e Associada Montepio desde 2007.

Fanática por filmes de espionagem, Alexandra deixou-se seduzir pelos espaços outrora frequentados por espiões durante a Segunda Guerra Mundial, como o bar do hotel. “Sentimos que estávamos num espaço mágico, de um tempo misterioso. Havia uma aura de mistério, mas também uma elegância e sofisticação que nos fizeram sentir como se estivéssemos a participar num destes filmes”, explicou.

A experiência foi tão enriquecedora que Alexandra, de 44 anos, prolongou o encanto. “Acabámos por marcar uma noite no hotel.”

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José Diogo Vieira foi o anfitrião de uma visita especial que, talvez em homenagem à tradição britânica, terminou com o famoso chá das cinco. E memórias não lhe faltam. “Comecei a trabalhar no dia 11 de maio de 1964. Vim do Alentejo passar as férias com as minhas irmãs, que viviam no Estoril, e acabei por conseguir trabalho no Hotel Palácio”, lembra.

Na década de 1960 a era dos espiões há muito que tinha terminado, mas as histórias permaneciam vivas nos relatos dos colegas mais antigos. “Os chefes de bar contavam-me muitas histórias dos espiões. O meu chefe dizia que eles falavam muitas vezes com ele e pediam-lhe coisas”, conta.

Segundo o atual concierge, os antigos colegas contavam que os espiões estavam cientes uns dos outros: os aliados hospedavam-se no Hotel Palácio, enquanto os alemães preferiam o vizinho Hotel do Parque. Todos se reuniam no Casino do Estoril para saber as novidades. “Quando demoliram o Hotel do Parque descobriram vários aparelhos da Segunda Guerra Mundial debaixo do soalho. No entanto, em vez de preservá-los, mandaram tudo para o lixo”, lamenta.

O concierge José Diogo Vieira (à direita) entrou no filme 007 – Ao serviço de Sua Majestade. Hoje, continua a trabalhar no hotel e conta histórias de espionagem

Uma Experiência sofisticada

Prestes a celebrar o centenário, o Hotel Palácio Estoril é um museu vivo da Costa do Sol. As suas paredes são testemunhas das mudanças na geopolítica, na cultura e na sociedade, tanto a nível global como nacional. Por isso, quando o Montepio Associação Mutualista ofereceu aos seus associados a oportunidade de conhecer os locais mais emblemáticos do hotel, guiados pelo mais famoso concierge do país, o interesse foi imediato. As inscrições esgotaram rapidamente, e uma segunda visita, entretanto marcada, também lotou.

“O ambiente de filme de espiões está presente no hotel. Há mística”, comentou Luís Mota, Associado Montepio de 45 anos que participou com a mulher e a filha, também associadas. “A experiência foi muito inclusiva”, revelou. “Uma visita guiada é diferente, para melhor, e sentimos que o senhor José Diogo nos mostrou tudo. Há pessoas que vão ao hotel só para conhecer o bar, reconhecem-no do filme e pedem-lhe autógrafos.”

Da visita, Luís Mota destaca o célebre bar dos espiões e o corredor repleto de notas históricas. Entre elas, cartas de agradecimento de reis, rainhas, príncipes, estrelas de Hollywood e outras figuras de renome mundial. No entanto, a cereja em cima do bolo foi o chá que encerrou a experiência. “A minha filha tem 11 anos e adora chás. Já participámos noutras Experiências Montepio que incluíram momentos destes e ela desfruta ao máximo”, explicou.

Não é a única. José Diogo Vieira está como peixe na água a contar as histórias intermináveis do hotel. Aos 75 anos e sem planos para parar, o concierge continua a trabalhar, apesar de reformado, e é dos primeiros rostos que os hóspedes encontram ao chegar. “O rei de Itália vinha cá todos os dias tomar café e a primeira pessoa com quem falava era o concierge. Perguntava-me sempre quantos italianos estavam no hotel. Mas, na altura, 35 a 40% dos visitantes eram americanos”, refere. Das muitas histórias de que ainda se lembra, destaca aquela vez que recebeu Reiner III, príncipe do Mónaco, e a sua esposa, a princesa Grace Kelly. “Acompanhei-os até à sala onde estava Elizabeth, a rainha-mãe. Não sabia quem eram. Foi um segurança que me contou depois”, recorda com um sorriso.

Alexandra Jubilot e a família na cozinha (quase) centenária do Hotel Palácio Estoril. O hotel é carismático, descreve a Associada Montepio

A história que se repete

Percorrer os corredores do Hotel Palácio Estoril é fazer parte da história. É assim que Alexandra Jubilot descreve a Experiência Montepio. “Agora somos nós a fazer parte daquela história, por isso a experiência tem um valor diferente.” A Associada Montepio, que participou na visita com o marido e os filhos, de 5, 10 e 12 anos, elogiou o ambiente “carismático” do espaço, descrevendo-o como “quase inacessível”. “Os hotéis são geralmente espaços impessoais, mas este tem história. Muitas vezes, nas minhas aulas, falo de monumentos, hotéis ou cidades portuguesas, e os meus alunos ficam tão curiosos que vão investigar. Neste caso, tenho um aluno que foi ao hotel e até lá pernoitou”, explica.

A história continua a ser um dos maiores chamarizes do Hotel Palácio Estoril e José Diogo Vieira admite que muitos clientes escolhem aquele espaço fascinados pelo bar e as histórias de espionagem associadas a ele. O concierge, que ainda guarda religiosamente os botões de punho que utilizou no filme – “tenho-os aqui comigo” –, sente-se realizado na sua função. E sabe que o hotel precisa dele. Por isso, quando atingiu a idade da reforma e comunicou à chefia a intenção de se aposentar, José Diogo foi surpreendido pelo desejo de Jasem Albaker, proprietário do hotel, de mantê-lo na equipa. “Disse-me para pedir a reforma, mas para ficar a trabalhar até eu querer. Disse isso, inclusive, ao diretor do hotel. Tenho 75 anos e ainda aqui estou.”

Luís Mota e a família fotografados por Rodrigo Cabrita no “corredor das estrelas”. Por aqui já passaram reis, rainhas, estrelas de Hollywood e espiões

Criar memórias, semear futuro

Quando as pessoas se unem, o resultado final é geralmente mais forte do que qualquer esforço individual. É esta a génese do Montepio Associação Mutualista e a lógica das modalidades de proteção e poupança disponibilizadas pela instituição. Também as Experiências Montepio ganham com o poder do coletivo, porque proporcionam atividades únicas aos associados que nelas se inscrevem. “Participo mensalmente e, às vezes, mais do que uma vez por mês”, explica, entusiasmada, a Associada Alexandra Jubilot. “As Experiências Montepio são muito diversificadas. Já fui ao circo, participei numa prova de vinhos na Adega Cooperativa de Palmela e noutra na Quinta da Bacalhôa, fui à apanha da cereja no Fundão. Além disso, levo as crianças às peças de teatro no Teatro Infantil de Lisboa (TIL) e no Teatro Politeama.”

Para Luís Mota e a família, as Experiências Montepio são uma oportunidade para momentos de lazer e cultura. Entre os preferidos estão os filmes de animação, visitas a palácios, os passeios de Tuk Tuk e os espetáculos noturnos de luzes. “Fomos duas vezes ao espetáculo do Aladino”, partilha o eletricista de barcos. A visita ao Palácio Nacional de Mafra foi particularmente marcante, sendo acompanhada por um guia especializado na história do local. “Ter alguém a explicar a história do que visitamos é uma mais-valia”, revela.

Quando questionados sobre ideias novas para as Experiências Montepio, as sugestões não faltaram. Alexandra Jubilot gostava de ir às vindimas, enquanto Luís Mota prefere atividades mais aventureiras. “Um salto de paraquedas ou uma viagem de balão de ar quente seriam incríveis.” Ficam as dicas para continuar a enriquecer as Experiências Montepio, sempre guiadas pelo espírito de união e pela criação de momentos inesquecíveis.

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