“Existimos para servir os associados Montepio”

“Existimos para servir os associados Montepio”
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Fotografia de Bruno Barata
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aúde, habitação e envelhecimento ativo são três das grandes prioridades da Associação Mutualista Montepio para os próximos meses, revela o presidente recém-eleito da Instituição, Virgílio Boavista Lima. Conheça todas as novidades da sua Associação para o curto e médio prazo e por que razão a subida da inflação e das taxas de juro podem não prejudicar a subscrição de produtos mutualistas.

No início do ano, explicou que este é o começo de um novo ciclo para a Associação Mutualista Montepio. Que prioridades elegeu para 2022?

Existe um conjunto de domínios estratégicos que nos ajudarão a resolver questões atuais de grande premência, mas também a preparar o futuro do Grupo Montepio. O governo da Associação, com desenvolvimentos estratégicos que deverão ser sedimentados para um longo futuro, é uma das questões fundamentais. A Assembleia de Representantes é um exemplo, mas todo o funcionamento dos novos órgãos da Associação e do Grupo é estruturante.

Uma segunda prioridade relaciona-se com as necessidades dos associados. Sentimos que estamos bem no domínio da previdência complementar, na proteção do Associado e da sua família, inclusive em períodos pós-ativos, nos quais existe, quase sempre, redução de rendimentos.

Devemos, permanentemente, ler e identificar as necessidades relevantes dos associados. Pela adesão às soluções de previdência complementar sentimos que estamos a responder bem neste domínio, mas temos de desenvolver novas áreas identificadas como estratégicas.

Que áreas estratégicas são essas?

São três. Na saúde, estamos a estudar o lançamento de uma modalidade mutualista que, sem prejuízo do Seguro Montepio Saúde, que disponibilizámos no final de 2020, procura antecipar, atuar em termos de medicina preventiva e controlar a sinistralidade futura. Esta solução criará condições para a adesão de novos associados. Mais saúde, mais qualidade de vida e menos custos.

Há alguma data para o lançamento desta modalidade?

Há um grupo de trabalho interno, que conta com a participação de especialistas, com um objetivo e calendário definidos. Queremos que, até ao último trimestre do ano ou no início de 2023, a modalidade seja disponibilizada, para verificarmos a adesão dos associados. Pensar a saúde de uma forma mais preventiva e menos reativa permitirá aumentar o bem-estar dos associados, acompanhando-os regularmente e despistando e diagnosticando situações que, tratadas no devido tempo, têm um custo muito menor do que num quadro mais curativo. Com esta nova modalidade mutualista, as quotas pagas pelos associados para terem acesso a estes serviços serão mais reduzidas, dado não visarmos o lucro.

Sendo uma modalidade com uma lógica de prevenção, é compatível com os outros produtos que já existem na área da saúde?

A dimensão preventiva é a inovação e a diferença em relação a outros produtos. Pensamos que esta modalidade mutualista terá adesão, uma vez que, com custos reduzidos, os associados poderão encontrar uma resposta eficaz. Se alguns dos problemas de saúde forem despistados precocemente, a sinistralidade futura diminui e os associados terão uma resposta qualificada e uma vida mais saudável.

Virgílio Lima é presidente da Associação Mutualista Montepio desde 2019. Em 2021 foi eleito para mais quatro anos

E quais as outras duas áreas nas quais apostarão?

Pela ligação que temos ao imobiliário, identificámos que franjas significativas e crescentes dos nossos associados não têm o problema da habitação resolvido. E reduzir os problemas habitacionais dos associados faz parte dos nossos objetivos estatutários.

É o regresso a uma área de atuação histórica da Associação Montepio.

Sim. E à semelhança do que se passou no passado, temos know how que, não sendo concorrencial com os clientes do nosso Grupo que têm ofertas neste domínio, nomeadamente através do Banco Montepio, nos permite disponibilizar condições especiais para associados.

Já no final da Segunda Guerra Mundial a Associação criou os Bairros Montepio, que ainda existem.

Sim, a história repete-se [sorrisos].

Haverá, assim, uma modalidade mutualista ligada à habitação?

Sim, e nessa modalidade mutualista encontraremos forma de o Associado, enquanto responde ao custo da disponibilização imediata da habitação, usufruindo desta, poder constituir um fundo que, no final do período, lhe permitirá adquirir a propriedade por um valor residual, com base nesse fundo e em mecanismos de poupança destinados a esta finalidade.

Já estão a disponibilizar habitações a associados?

Hoje em dia, existe uma procura cada vez maior de soluções de arrendamento, e não apenas de compra. E como temos muitas habitações para gerir, desenvolvemos soluções, ainda exploratórias, de arrendamento. Observamos que existe procura pelos associados para este tipo de solução de habitação, o que nos estimula a desenvolver soluções mais consistentes e integradas de disponibilização de habitações em condições compatíveis e concorrenciais com a oferta do mercado. Mas não só. Queremos que quem tem esta necessidade se torne Associado, porque tem benefícios adicionais. Será, também, por isso, uma forma, esperamos, de desenvolvimento da Associação, para maior benefício de todos.

Estamos a falar de quantas casas arrendadas neste período de teste?

Cerca de 300 casas nos últimos anos. Temos um parque habitacional muito grande em número e em relevância social, com grande dispersão. Apesar de existirem alguns bairros associados a estas iniciativas no passado, temos hoje, em todo o país e particularmente em locais de grande densidade populacional, soluções de baixa renda. Nós adquirimos estes imóveis, em ligação com o Banco Montepio, para os arrendar aos associados, em condições justas de preço. As pessoas tornam-se também associadas para responder a esta necessidade concreta e imediata. A partir desta adesão, cabe-nos explicar bem o que é ser Associado e os benefícios de que podem usufruir globalmente, de uma forma solidária, com entreajuda mútua, para consolidar a relação e aumentar a vinculação.

Novidades? Não há duas sem três

Falou-nos em três áreas estratégicas. Qual será a terceira?

Tem a ver com o apoio no período de vida em que os rendimentos são menores e as necessidades de apoio aumentam: na saúde, no acompanhamento ou na solidão. Não falo apenas da nossa oferta atual, que é já relevante neste domínio e líder de mercado, mas pretendemos identificar as necessidades objetivas dos nossos associados atendendo ao seu rendimento disponível e distribuição geográfica, que nos permita, no futuro, orientar a oferta em termos que sejam adequados a esta realidade.

Existe a possibilidade de lançar novas residências Montepio e clínicas de saúde?

Sim, é uma necessidade que identificamos. Não apenas para os atuais, mas também para os futuros associados. Pretendemos soluções ajustadas na sua diversidade geográfica e dedicadas a franjas cada vez mais abrangentes, isto é, com menor rendimento disponível.

Esta solução passa não apenas pela oferta física de residências Montepio, mas também por uma oferta domiciliária. Há novas soluções tecnológicas e de prestação de serviços de entidades especializadas que podem servir os associados no seu próprio domicílio. Assim, tornamos muito mais abrangente uma área de trabalho fundamental e na qual as soluções mais clássicas de resposta, em unidades físicas, podem ser complementadas com menor custo e maior proximidade às famílias. São dois temas distintos: a expansão física adequada aos diferentes tipos de rendimento é uma preocupação e uma via de desenvolvimento a prosseguir; a outra é o apoio domiciliário, com apoio online e permanente dos utentes.

Saúde, habitação e envelhecimento ativo são os três eixos de prioridades da Associação Montepio em 2022

O lançamento deste projeto domiciliário estará também ligado à expansão da oferta mutualista?

O projeto já existe, em forma de piloto, e isso levou-nos a perceber que existe procura, o que nos leva, neste momento, a estudar também soluções de oferta à distância adequadas a estas necessidades. Naturalmente recorrendo a prestações de serviços, porque não é a nossa área core de trabalho. Mas a nossa dimensão permite a criação de condições para uma oferta justa, permitindo às pessoas pouparem muito, porque há a dispensa da permanência em espaços físicos.

Que parceiros estão a equacionar?

Estamos, neste momento, a conhecer a oferta que existe, quer no domínio nacional quer internacional.

Maior integração no Grupo Montepio beneficia associados

Todos estes projetos têm parceiros dentro do próprio Grupo Montepio. É uma integração natural?

Essa é outra das prioridades, que está ligada ao desenvolvimento digital que envolve todas as organizações do Grupo. Se falamos de envelhecimento ativo, falamos das Residências Montepio; na habitação estamos a procurar o conhecimento que existe na componente imobiliária do Grupo; e em termos de saúde temos entidades que já trabalham nestes domínios.

Esta integração é também um item a que daria destaque entre as áreas-chave do novo ciclo: a integração das entidades do Grupo, que são todas elas sociedades instrumentais para servir os associados, em dois planos: o primeiro é o da geração de receitas, uma vez que são as poupanças dos associados que estão no capital dessas entidades e os resultados gerados beneficiam-nos; o segundo tem a lógica de complementaridade de funções nas respostas aos associados. Os associados são clientes da banca e das sociedades financeiras para as necessidades financeiras; dos seguros, na parte da redução dos riscos; das Residências Montepio, para o apoio na velhice; e as várias entidades que trabalham no domínio imobiliário são chave na oferta ligada à habitação.

O objetivo é que as pessoas optem pelas soluções do Grupo Montepio para as suas necessidades do dia a dia?

Na medida do possível, sim. Deste modo, encontram uma resposta direta que privilegia os associados. Mesmo quando são clientes, os associados têm um estatuto especial.

E quem lidera este processo é a Associação, angariando associados e colocando-os dentro do Grupo Montepio?

Justamente. Mas os clientes das entidades do Grupo também se transformam em associados. Há, assim, reciprocidade neste relacionamento. À casa-mãe cabe a definição estratégica de todas as atividades do Grupo, de uma forma integrada. São entidades que têm autonomia, de governo e funcionamento, mas há uma proximidade e lógica de grupo que preside à estratégia de todo o Grupo e que é pensada pela nossa finalidade última: só existimos para servir os associados. Mas, para o conseguir, temos que servir os clientes de todo o Grupo de acordo com as melhores práticas.

Vamos assistir a uma maior integração entre as empresas do Grupo e os associados, a exemplo do que já existe, com a Lusitania, no Seguro Montepio Saúde?

É fundamental. Sem prejuízo da autonomia necessária ao funcionamento de cada entidade, este alinhamento global é crucial, porque dele decorre a estabilidade de todo o Grupo. E penso que estamos no bom caminho. Temos condições, no Grupo, de servir os associados com este maior alinhamento entre todas as entidades. Os valores do Grupo, os princípios fundamentais e a sua natureza têm de ser conhecidos e partilhados em todas as entidades que o integram. Neste sentido, todos os órgãos sociais que passem a integrar as entidades do Grupo têm de seguir uma carta de missão do acionista, onde estão incluídos os princípios e valores do Grupo no que é transversal, na sua estratégia global.

Uma Assembleia que escrutina, mas sem listas

De que modo a Assembleia de Representantes, um órgão novo na Instituição, vai influenciar a sua presidência e os próximos anos?

O novo modelo de governo do Montepio veio trazer desenvolvimentos adequados à nossa dimensão. Não é possível exercer eficazmente uma democracia direta para 600 mil associados. A democracia representativa é fundamental e a Assembleia de Representantes é o fórum onde os associados eleitos, de entre os associados, têm um papel de representação fundamental na democraticidade efetiva.

A complexidade das matérias em discussão, por outro lado, exige um domínio das matérias em apreço – ler um Relatório & Contas, um Orçamento, uma fusão ou uma nova entidade, são matérias afetas a este órgão que exigem estudo e trabalho. Ter alguém que acompanha os dossiês e a vida da Instituição em permanência dá uma preparação da decisão muito mais consistente e qualificada.

“Estamos a estudar o lançamento de uma modalidade mutualista que, sem prejuízo para o Seguro Montepio Saúde, que disponibilizámos no final de 2020, procura antecipar, atuar em termos de medicina preventiva e controlar a sinistralidade futura”

Virgílio Boavista Lima, presidente da Associação Montepio

Na Assembleia de Representantes existem membros de todas as listas concorrentes às eleições. Como é gerida esta situação?

As novas formas de governo que o novo Código das Associações Mutualistas veio trazer são estruturantes e fundamentais. E a Assembleia de Representantes é o paradigma desta nova forma de gestão. Uma vez feita a eleição, as listas esgotam-se. Não há partidos por detrás. Venceu um projeto e agora é o projeto de todos. A sua execução é escrutinada neste fórum pelos representantes eleitos, que detêm um conhecimento mais profundo, próprio de quem está em permanência na Assembleia, o que dá consistência e muito maior garantia de qualidade às decisões.

É uma boa notícia para os associados?

Vejo, com grande apreço, este modo de funcionamento. Como a Assembleia Geral passa a reunir apenas para eleições ou situações excecionais, este órgão passa a ser o órgão mais importante da Associação. Outra das novidades que a nova governação veio trazer, são os elementos não executivos do Conselho de Administração. Enquanto a Assembleia de Representantes reúne periodicamente, e responde a um determinado tipo de decisões e estratégias, a sua natureza não é compatível com a decisão instantânea de quem está a operar em mercado aberto e que tem que responder tempestivamente às necessidades dos associados. Ter elementos não executivos que, instantaneamente, fazem o escrutínio da gestão, só pode ser benéfico e dá confiança aos associados. Esse escrutínio é, ainda, garantido por auditorias internas, externas e pela supervisão externa independente.

Poupar é possível, mesmo em crise

Com a inflação a subir, muitos associados do Montepio perderão poder de compra. De que modo a Associação olha para esta situação e que medidas poderá tomar para que os associados continuem a poupar e a utilizar a sua Associação?

É nosso dever trabalhar para facilitar e minimizar o custo de vida dos associados, sobretudo em áreas-chave da vida. Falámos da saúde, de habitação, da velhice, mas há tantas outras. Os 1 300 parceiros do Montepio cobrem áreas-chave na vida das pessoas e isso induz poupanças essenciais, que nós quantificamos. Seja no apoio à mobilidade, nos custos da energia, nas comunicações, saúde… há poupanças substanciais que são de uma relevância extraordinária. Mas esta é uma dimensão complementar. É relevante e fundamental, mas complementar, na nossa missão. Contudo, ajuda à poupança e pode ser ainda mais dinamizada.

Isso é outra forma de dizer que o foco da Associação está na subscrição de modalidades mutualistas?

Sim. O nosso foco está nas modalidades mutualistas. Face à resposta que o mercado dá e às necessidades das pessoas, as soluções mutualistas têm sempre possibilidade de serem competitivas. Porque não há capitais a remunerar e nós não somos uma Associação de capitais, somos uma Associação de pessoas. Ou seja, os benefícios são distribuídos por todos, de duas formas: na redução do custo e, se houver excedentes, estes são distribuídos por todos, porque não visamos a acumulação. Havendo uma boa gestão, o Associado tem condições de aquisição de habitação, de saúde ou de previdência complementar em condições que deverão ter esta vantagem.

Existe uma contrapartida – o Associado envolve-se e é parte do todo. O Associado tem inúmeros benefícios, porque são soluções próprias e autogeridas, e têm, à partida, condições de custos vantajosas nos diferentes serviços. Quaisquer que sejam as condições do mercado, as soluções mutualistas são sempre vantajosas para os associados.

Subindo a inflação, sobem as taxas de juro e sobem os custos. Há menor capacidade para poupança e, em algumas entidades, menor capacidade de cumprimento das suas responsabilidades. É universal. Mas haverá sempre uma vantagem comparativa por parte dos associados. O rendimento disponível nem sempre acompanha o crescimento dos preços. Há um ajustamento que se vai fazendo no tempo, e pode haver maiores dificuldades na preparação do futuro, na geração de poupanças para preparar o futuro.

A História diz que em períodos difícieis, como este, as pessoas procuram produtos mutualistas, assegura Virgílio Lima

Mas ao aumentarem as taxas de juro, aumentam os rendimentos dos associados com as suas soluções mutualistas. Pelo menos em teoria.

Sim, mas há sempre que pensar no rendimento real, e nessa medida temos de comparar a taxa de juro com o nível de inflação em cada momento, para perceber em que termos o rendimento real se verifica. Podemos ter grandes remunerações, que crescem nominalmente, mas se a inflação for muito elevada, o efeito pode ser nulo ou negativo.

Historicamente, mesmo em contextos de inflação muito elevada, sempre tivemos por parte dos associados preocupações de defesa do futuro, do próprio Associado e, sobretudo, das suas famílias. De que são exemplo as modalidades mealheiro. Hoje, temos uma grande adesão de novos associados, que ainda não atingiram a maioridade e gostaríamos que esta fosse ainda maior, numa perspetiva de acumulação de poupança e preparação do futuro.

É possível poupar nestes tempos de crise?

As pessoas fazem realmente este esforço, mesmo nos contextos mais difíceis, porque têm sempre preocupações de poupança para o futuro. E nós sabemo-lo porque, historicamente, já passámos por muitos momentos de crise, até maiores que este. Observámos que, mesmo nos contextos de inflação, as pessoas procuram-nos e às nossas modalidades atuariais de proteção da família e do próprio Associado, seja para os filhos, seja para a reforma ou para responder a necessidades pontuais, ao longo da vida ativa.

É claro que nos períodos de maior abundância tudo isto ocorre de modo mais natural e expressivo. Na crise pandémica, contudo, paradoxalmente, observámos que enquanto muitas famílias aumentaram as suas dificuldades, porque perderam o emprego e/ou reduziram o rendimento, houve também famílias que passaram a gastar menos e pouparam mais. Nessa medida, o equilíbrio e a constância global mantiveram-se. É claro que uma crise generalizada tem os efeitos incontornáveis. Mas a proteção do próprio e da sua família e os cuidados com a saúde são permanentes em qualquer contexto.

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