euro atingiu um mínimo de vinte anos face ao dólar e perdeu 6% face à divisa norte-americana em 2022. Mais um fator de pressão no poder de compra das famílias e nos custos das empresas, mas nem tudo são más notícias. Até onde poderá ir esta tendência e com que consequências? E quem pode beneficiar desta curva?
João é empresário com um negócio de turismo rural de pequena dimensão, que implementou há alguns anos com financiamento bancário e focado na captação de clientes dos Estados Unidos e do Reino Unido. Todos os anos, no âmbito da sua atividade, João faz uma viagem a estes dois países, onde permanece alguns dias, gastando sempre o mesmo dinheiro nas duas deslocações: 3 000 dólares nos Estados Unidos (EUA) e 3 000 libras em Inglaterra (o correspondente a 2 805 e 3 394 euros, respetivamente, de acordo com valores de fevereiro de 2023).
Em setembro de 2022, João foi à capital financeira norte-americana e gastou 3 150 euros, mais 570 euros (+22%) do que na mesma viagem efetuada precisamente um ano antes. Pouco tempo depois, marcou a viagem à capital britânica, com um custo de 3 400 euros, menos 160 euros (-4,5%) do que a fatura do ano anterior.
Enquanto tentava perceber a variação tão diferente nos custos com as viagens, analisou as contas da sua empresa. Ficou preocupado quando viu o alerta do banco sobre o aumento de 20% na prestação do crédito e mais animado com as reservas dos seus clientes. A taxa de ocupação no primeiro trimestre de 2023 estava próxima de 100%, com o aumento acentuado de clientes dos Estados Unidos a compensar a quase ausência de turistas britânicos. Não demorou muito até João encontrar uma explicação comum para estas movimentações: foi a variação do euro face ao dólar e a libra que motivou as alterações acentuadas (com impacto positivo e negativo) no seu negócio.
A história de João é fictícia, mas o impacto das flutuações do mercado cambial nas finanças das famílias, empresas e estados é bem real. E, como se viu em 2022, pode ser muito significativo.
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Paridade vinte anos depois
O ano de 2022 vai ficar para a história como aquele em que a moeda europeia regressou à paridade contra a moeda norte-americana, o que não acontecia desde 2002. Em agosto, o euro não chegava para comprar um dólar, e nessa altura a divisa partilhada por 20 países europeus acumulava uma queda anual de 16%.
Uma reta final de ano forte mascarou um desempenho que não deixa de ser negativo. O euro fechou 2022 com uma queda anual de 6%, no segundo ano consecutivo a perder valor face à moeda norte-americana. Conseguiu valorizar contra outras divisas relevantes (+4% face à libra esterlina e +8% contra o iene japonês), mas também marcou perdas face a outras moedas (-5% contra o franco suíço e -15% face ao real brasileiro).
O mercado cambial em 2022 ficou notavelmente marcado pela força do dólar, um movimento habitual em períodos de forte turbulência nos mercados financeiros e na geopolítica. A guerra na Ucrânia, o aumento da inflação e o movimento de subida de juros a nível global foram os fatores determinantes que jogaram a favor da moeda norte-americana no ano passado.
A força da moeda norte-americana não foi visível apenas em relação ao euro. O índice do dólar, que mede a evolução face ao cabaz das principais divisas mundiais, marcava ganhos anuais de 20% em setembro, fechando o ano com uma valorização mais ténue de 8%. O desempenho da moeda norte-americana em 2022 mostra que o dólar continua a ser, indiscutivelmente, a moeda de reserva de valor predileta dos investidores. E também um dos principais ativos de refúgio em período de forte volatilidade e incerteza.
Guerra e BCE mais lento pressionam euro
A cotação de uma moeda é influenciada por um conjunto de fatores, com destaque para os indicadores de atividade económica, mas também a política monetária, o estado das contas públicas do país, a situação geopolítica e a confiança dos investidores.
Em 2022, a desvalorização do euro face ao dólar foi motivada principalmente por dois fatores, explica José Miguel Moreira, economista do Gabinete de Estudos Económicos e Financeiros do Banco Montepio. Desde logo, o modo “relativamente distinto como as autoridades monetárias dos EUA e da Zona Euro tentaram lidar com o agravamento da inflação, com o FED a ser bastante mais rápido nas subidas das taxas de juros do que o Banco Central Europeu (BCE)”, refere o responsável.
Para conter a inflação mais elevada em quarenta anos, o banco central dos Estados Unidos iniciou, a 17 de março de 2022, o atual ciclo de aperto da política monetária. Os juros subiram um total de 425 pontos base (4,25 pontos percentuais) no ano passado, para um nível entre 4,25% e 4,5%.
A reação do BCE foi mais tardia. A primeira subida de juros aconteceu só em julho, com a taxa a terminar o ano em 2%, o que representa um agravamento de 250 pontos base em 2022. Com a taxa de remuneração do dólar bem superior ao que se verifica no euro, a debilidade da moeda europeia no ano passado foi um movimento natural, “com os investidores a optarem por deter a moeda que lhes dá maior juro/remuneração”, explica o economista do Banco Montepio.
As moedas de países que mantiveram uma política monetária expansionista, com taxas de juro reduzidas, foram as mais penalizadas em 2022. Destaca-se o iene do Japão (atingiu mínimos deste século face ao dólar) e também o yuan chinês.
José Miguel Moreira acrescenta que os investidores preferiram o dólar face ao euro devido aos “efeitos da guerra na Ucrânia, que são superiores (tanto em termos de impacto real na atividade, como de incerteza em torno das perspetivas de crescimento) nas economias geograficamente mais próximas do conflito militar, prejudicando mais as respetivas moedas. Por exemplo, a Alemanha está a ser uma das economias mais penalizadas, designadamente pela dependência energética da Rússia, em particular do gás”.
Recuperação em 2023?
A escalada da inflação a nível global foi o fator que mais peso teve na evolução dos ativos cotados em 2022, sendo que a influência no mercado cambial foi também evidente, pois a subida dos preços pressionou os bancos centrais a encetarem a campanha de agravamento de juros mais acentuada em quarenta anos. A inflação na Zona Euro desceu em novembro pela primeira vez desde junho de 2021, permanecendo acima dos 10%. Nos EUA baixou para 7,1%, o que representa o nível mais baixo desde 2021.
Apesar de o BCE e a FED alertarem que vão continuar a subir os juros para assegurar que a inflação se dirige para a meta dos 2%, existe a convicção de que o banco central dos EUA vai ser o primeiro a concluir o aperto da política monetária. Esta perspetiva, bem como algum alívio do stress nos mercados, permitiu ao euro acumular uma forte valorização de 10% no quarto trimestre. Muitos economistas e analistas acreditam que a tendência vai continuar este ano.
“Perspetivamos que, depois da depreciação do euro observada em 2022, a moeda única regresse às ligeiras apreciações face ao dólar ao longo de 2023 e 2024, prolongando a trajetória recente de apreciação, devendo manter-se a negociar acima da paridade neste horizonte temporal”, refere o economista do gabinete de estudos económicos e financeiros do Banco Montepio.
A evolução do par cambial mais transacionado em todo o mundo vai ter em conta as taxas de juro, mas também a duração e profundidade da recessão económica que é dada como certa nos EUA e na Zona Euro. O rumo da guerra na Ucrânia também assumirá um peso determinante, até porque está a ter um impacto muito significativo na economia europeia, que é o motor da Zona Euro. O conflito ameaça “os elevados excedentes comerciais da Alemanha e, de certa forma, o próprio modelo económico alemão conhecido até então, baseado, designadamente, na importação de energia barata utilizada para alimentar o setor industrial e, por sua vez, as exportações industriais”, salienta José Miguel Moreira.
O excedente da balança comercial da Alemanha recuou para menos de metade depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia e os preços da energia mais do que duplicaram no país, o que deixou em fortes dificuldades a indústria alemã, que é o principal contribuidor para o comércio externo do país. “Uma questão crucial aqui será perceber a duração da atual crise em torno do gás russo e a capacidade de a Alemanha encontrar alternativas economicamente viáveis à energia russa, para continuar a alimentar o seu exigente setor industrial”, destaca o economista.
Euro fraco é uma faca de dois gumes
A volatilidade excessiva de um par cambial é um movimento indesejado para as duas divisas envolvidas. Afeta as decisões de investimento e o comércio entre os países da moeda em causa. Mas uma variação mais ordeira, em qualquer dos sentidos, pode ser benéfica. No caso do euro face ao dólar acontece o mesmo. Se, em termos latos, a desvalorização da moeda europeia é malvista na Europa e bem recebida nos Estados Unidos, a verdade é que o movimento tem pontos negativos e positivos para ambas as partes.
A desvalorização do euro face ao dólar tornou as exportações dos países europeus mais competitivas, pois os produtos ficam mais baratos para os compradores em dólares apenas devido ao efeito cambial. Os países da Zona Euro com economias viradas para o turismo também veem a queda do euro com bons olhos, pois ganham atratividade junto dos viajantes que têm o dólar como moeda principal. Sendo Portugal fortemente dependente do turismo e das exportações, a desvalorização do euro em 2022 “pode ser uma boa notícia para a economia portuguesa”. “Para quem compra em dólares, os bens e serviços exportados por Portugal acabam por ficar mais baratos com a desvalorização do euro. O mesmo acontece em relação ao turismo e ao imobiliário”, assinala José Miguel Moreira.
O economista do Banco Montepio nota que as dormidas de norte-americanos nos estabelecimentos hoteleiros em Portugal representaram 8,8% do total das dormidas de estrangeiros, mais do dobro dos 4,3% que representaram em 2021. No terceiro trimestre de 2022, os EUA eram o país com maior peso (12,9%) no total da procura de imóveis residenciais por parte de estrangeiros, segundo dados do site Idealista, especializado em imobiliário. Por exemplo, uma habitação de 200 mil euros em Portugal custava 226 mil dólares para um norte-americano no final de 2021 e 194 mil dólares no final de setembro de 2022. Uma diferença de 32 mil dólares que mostra como a variação cambial pode ter um impacto significativo.
As empresas europeias com presença no exterior também tiram partido da debilidade do euro, pois as receitas e lucros que obtêm em dólares (ou noutras moedas que valorizem face ao euro) aumentam quando são repatriados para o país de origem. Pelo contrário, a alta do dólar tornou-se uma dor de cabeça para as multinacionais norte-americanas, com as estimativas a apontarem para um impacto negativo superior a 100 mil milhões de dólares nas receitas.
Mas um euro fraco também representa más notícias para os europeus. Os produtos e serviços importados ficam mais caros, contribuindo para agravar a inflação, que em 2022 já foi a grande dor de cabeça das famílias, bancos centrais e governos. Esta foi uma das razões que levou o Banco Central Europeu a expressar publicamente a preocupação com a queda do euro, efetuando declarações pouco habituais sobre o mercado cambial. Desta forma, a queda do euro em 2022 terá contribuído para acentuar a agressividade da política monetária do BCE, o que se traduziu numa subida acentuada das prestações do crédito de famílias e empresas.
Estando as matérias-primas cotadas em dólares, a desvalorização do euro também contribuiu para agravar a fatura do europeu com os produtos energéticos, acentuando os efeitos da escalada dos preços do petróleo e outras commodities que também ficaram mais caras no ano passado. Quando, no final de 2021, o Brent negociava em torno dos 80 dólares, o barril custava 70 euros para os europeus. No final de setembro de 2022, com o petróleo nos 96 dólares, o custo para os europeus aproximou-se de 100 euros por barril.
Uma história curta, mas muito agitada
A ainda curta história do euro é marcada por várias crises, momentos de grande turbulência em que o projeto europeu foi colocado em causa, mas a moeda única não deixa de ser vista como um caso de sucesso. Proporcionou um aumento da qualidade de vida a muitos milhões de europeus, que eram vítimas de moedas nacionais fracas e não tinham acesso a crédito barato para comprar casa ou investir em negócios. E também solidificou de um modo decisivo a união e cooperação entre os países europeus que, em meados do século passado, disputaram uma guerra mortífera.
Os primeiros anos de vida da moeda única não foram fáceis. Apesar de o processo ter protagonizado a maior transição monetária de sempre e do entusiasmo dos europeus com as novas moedas e notas na carteira, nos mercados o euro foi recebido com grande ceticismo. Depois da cotação inicial de 1,1743 dólares, em janeiro de 1999, a divisa europeia entrou em queda livre e, mesmo antes de entrar em circulação, já tinha perdido a paridade, fixando um mínimo histórico que perdura até hoje (0,8252 dólares em outubro de 2000).
O ceticismo entre os grandes economistas (sobretudo norte-americanos) era grande, mas a trajetória da moeda europeia nos anos seguintes a estar disponível nas carteiras dos europeus foi arrebatadora. Depois de quedas significativas em 1999 (-14,1%), 2000 (-6,5%) e 2001 (-5,5%), o euro disparou 18% em 2002 e 20% em 2003. A tendência ascendente prosseguiu até meados de 2008, altura em que o euro atingiu o máximo histórico que perdura até hoje (1,6038 dólares).
A crise financeira de 2008/2009 e a crise da dívida pública da Zona Euro na década passada foram períodos muito negativos para a moeda única. O euro sofreu uma desvalorização de dois dígitos em 2014 e 2015 e voltou a perder terreno em 2016, tendo desde então negociado com variações menos bruscas ano após ano.
Se 2022 tivesse terminado em setembro, o euro teria sofrido o pior ano de sempre, pois no final desse mês acumulava uma queda de 16%. A recuperação de 10% no quarto trimestre permitiu conter a perda do ano para 6%. Um desempenho negativo, mas longe dos vários anos com quedas de dois dígitos.
Os momentos marcantes do euro
Apesar de uma vida ainda curta, o euro já tem momentos relevantes para contar. Recorde os principais.
7 de fevereiro de 1992 – A criação de uma moeda comum na Zona Euro estava a ser discutida há vários anos, mas o momento verdadeiramente decisivo aconteceu no segundo mês de 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht. Foram definidas as competências do Banco Central Europeu e adotadas outras decisões essenciais para que a ideia de uma moeda comum na Europa saísse do papel.
Dezembro de 1995 – Foi no Conselho Europeu de Madrid que os líderes europeus decidiram o nome da nova moeda. Euro venceu outras designações, como “ducat”, “ecu”, “florin” e “franken”, uma vez que poderia ser utilizado em todas as moedas e era um nome simples e representativo da Europa. Foi também definido que o euro iria circular em simultâneo com as moedas nacionais por um determinado período de tempo.
1 de junho de 1998 – O BCE foi fundado em meados de 1998 pelos países que tinham cumprido as condições necessárias para adotarem a moeda única no ano seguinte: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Portugal.
1 de janeiro de 1999 – O euro passou a ser a moeda comum de cerca de 300 milhões de europeus. Contudo, durante os três primeiros anos era uma moeda “invisível”, utilizada apenas nos mercados, para efeitos contabilísticos e pagamentos eletrónicos. Foram fixadas as taxas de câmbio para cada moeda nacional, com cada euro a valer 200,482 escudos. O euro estreou-se a cotar nos 1,1743 dólares.
27 de janeiro de 2000 – Os primeiros tempos do euro nos mercados foram complicados. A moeda perdeu a paridade pouco mais de um ano depois da criação, transacionando bastante tempo abaixo de 1 dólar.
26 de outubro de 2000 – O mínimo histórico do euro face ao dólar, que perdura até hoje, foi fixado nos 0,8252 dólares ainda antes do fim de 2000. A debilidade da moeda europeia obrigou a uma ação concertada dos bancos centrais para estancar a queda das cotações.
1 de janeiro de 2002 – As moedas e notas de euro entraram em circulação neste dia, em 12 países (a Grécia aderiu em 2001), com 308 milhões de habitantes. Foi a maior transição monetária de sempre.
18 de julho de 2008 – Com o euro definitivamente afirmado nos mercados e nas carteiras dos europeus, a moeda atingiu um máximo de 1,6038 dólares. A crise financeira que se instalou nesse ano nos Estados Unidos travaria a ascensão da moeda europeia.
23 de abril de 2010 – A Grécia solicitou ajuda financeira internacional. Foi o primeiro capítulo de uma grave e longa crise que atingia o euro.
6 de abril de 2011 – Portugal tornou-se no terceiro país da Zona Euro a efetuar um pedido de assistência internacional. A crise do euro esteve ao rubro e as dúvidas sobre a viabilidade da moeda aumentaram rapidamente.
23 de julho de 2012 – “Whatever it takes”. Com estas três palavras, Mário Draghi conseguiu inverter a crise do euro de forma notável. O italiano, que tinha assumido a liderança do BCE em novembro de 2011, garantiu que o banco central tudo iria fazer para preservar o euro. Os mercados acreditaram e os juros da dívida soberana dos países do euro afundaram.
Outubro 2012 – A criação do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) foi uma das etapas fundamentais para fortalecer o euro, pois a Zona Euro passou a ter um instrumento permanente de apoio aos países do euro em dificuldades.
Junho de 2014 – O BCE foi o primeiro grande banco central a entrar em território de taxas de juro negativas ao fixar a taxa de depósitos em -0,1% para incentivar os bancos a trocarem liquidez entre si.
Outubro de 2014 – O BCE lançou o primeiro programa de compra de ativos (APP), para contrariar a ameaça de deflação e impulsionar o débil crescimento da economia da Zona Euro.
Março de 2020 – Para responder aos efeitos da pandemia, o BCE implementou um programa de emergência de compra de ativos (PEPP), que reforçou o poder do já existente APP. Com a taxa dos depósitos em -0,5%, o poder de fogo dos estímulos do BCE atinge o seu ponto máximo.
21 de julho de 2002 – O BCE pôs fim a um ciclo de oito anos de juros negativos. A taxa dos depósitos subiu 50 pontos base para 0% no início de um ciclo de aperto da política monetária para pressionar a inflação que perdurou além do fim do ano.
23 agosto de 2022 – O Euro perdeu a paridade face ao dólar pela primeira vez desde 2002. Aprofundou a tendência negativa nos dias seguintes, renovando o mínimo de vinte anos nos 0,9565 dólares (28 de setembro).
1 de janeiro de 202A Croácia tornou-se o vigésimo membro da Zona Euro. Desde a entrada da moeda em circulação, já oito países aderiram: Eslovénia (2007), Chipre e Malta (2008), Eslováquia (2019), Estónia (2011), Letónia (2014), Lituânia (2015) e Croácia (2023).