Na creche dos filhos, Margarida é a mãe e Raquel a mamã. Em casa, são uma das muitas famílias homoparentais portuguesas — em 2012, existiam 23 mil crianças criadas por casais do mesmo sexo, mas hoje o número será certamente maior. E para o mundo são as protagonistas de 2 Mamãs para 2 Bebés, um projeto que vive no Instagram e no qual contam como partilham a maternidade dos gémeos Gabriel e Mateus, de um ano. Ao exporem-se, acreditam que ajudam famílias na mesma situação. Mas para poderem ser mães, alguém deu o primeiro passo. “Temos os mesmos direitos porque outras famílias foram à frente e se assumiram”, admite Raquel.
No tema de fundo da 7.ª edição da revista Montepio fazemos uma radiografia às novas famílias portuguesas, os seus desafios sociais e financeiros. Contamos-lhe a história de quem, por opção ou por necessidade, não tem uma família como a maioria: não quer ter filhos, prefere estar sozinho ou partilha casa, com familiares ou desconhecidos, para dividir as despesas.
Não é apenas na habitação que estamos a quebrar tabus. No mundo laboral, por exemplo, há quem opte por adiar a reforma e continuar a trabalhar. Outros, põem de lado convenções laborais de décadas para conseguir ter mais tempo com os filhos e libertar-se do jugo da rotina. E no meio da transformação digital da sociedade há quem procure os ecrãs para fugir deles (parece um contrassenso, mas não é).
Todas as mudanças têm um momento zero, uma página em branco, o segundo imediatamente antes do acontecimento. Sabemos do que falamos. O nascimento do Montepio Associação Mutualista, em 1840, mudou o status quo, e esta mudança só foi possível porque um grupo de pessoas ousou saltar barreiras e falar de segurança financeira para as famílias que, então, só queriam (podiam) sobreviver.
Dentro de alguns anos, a história de Margarida e Raquel será apenas mais uma que o tempo desbotou. E outros tabus nascerão para serem quebrados.