inteligência artificial está a invadir a nossa vida de modo tão profundo que já nem percebemos quanto dependemos dela. Será que esta tecnologia vai substituir o ato de criação humana, tornando-nos obsoletos? Ou será que vai realçar o que é, de facto, ser humano, e de que forma podemos valorizar a nossa singularidade?
Alfred Hitchcock tinha o hábito de escrever as ideias que lhe surgiam durante a noite, num pequeno caderno que guardava na mesa-de-cabeceira. Uma manhã, acordou com a certeza de que tinha sonhado com a história de amor perfeita. Consultou o seu caderninho, a fervilhar de expectativa, mas ficou desiludido. Tinha escrito: rapaz conhece rapariga e apaixonam-se.
Mas não será esta uma bela história de amor? Tem os elementos fundamentais: dois protagonistas – no caso, um rapaz e uma rapariga –, uma jornada de herói – conhecem-se e acabam por se apaixonar – e, presume-se, um final feliz. Apenas a expectativa de conhecer todos os pormenores da história saiu defraudada.
Hoje em dia, fala-se muito de como a inteligência artificial (IA) pode substituir, ou até melhorar, o ato tão humano da criação artística nas suas mais variadas disciplinas: literatura, música, pintura e tanto mais. Mas esta IA generativa (veremos adiante o que isso quer dizer), na verdade, não cria. Limita-se a copiar de forma exemplar. Segundo Luís Moniz Pereira, professor emérito na Universidade Nova de Lisboa e especialista em inteligência artificial, “a IA generativa olha para o passado e repete-o”. O oposto a “olhar para o futuro como é ato de criação – uma novidade, fazer o que nunca foi feito”. Se Hitchcock usasse a IA e a desafiasse a escrever a história de amor perfeita, a máquina correria todas as histórias já escritas ou contadas, perceberia os seus elementos fundamentais e iria emulá-la. Em vez de uma nova história, acabaria com um Doutor Frankenstein de boas práticas.
REVISTA MONTEPIO
Leia uma história de amor criada por IA
Inteligência artificial? É uma evolução de um jogo para crianças
A IA é uma expressão que se tornou muito popular nos últimos anos, muito por culpa de softwares de uso livre como o ChatGPT. No entanto, o que significa? Será mesmo uma inteligência? “Estamos quase sempre a falar da IA generativa, como é o caso do ChatGPT. Tem a ver com o reconhecimento e identificação de padrões e a sua replicação. Mas é uma pequena parte do universo da IA e, na verdade, a sua parte mais básica”, explica Luís Moniz Pereira. O Parlamento Europeu define-a como “a capacidade de uma máquina reproduzir competências semelhantes às humanas, como é o caso do raciocínio, aprendizagem, planeamento e criatividade”. São tecnologias sem vontade. Reagem a um desafio (um input) e oferecem um resultado (um output) em função do algoritmo com que foram programadas, da forma mais rápida e eficaz possível. Desde há mais de cinco milénios que o ábaco, um jogo que podemos considerar infantil, é usado desta forma para reproduzir o cálculo matemático. Só que consegue fazê-lo mais depressa e com maior fiabilidade que o cérebro humano.
Assim, este precursor dos modernos computadores pode ser visto como uma forma muito simples de inteligência artificial. Já mais tarde, no século XVII, Blaise Pascal criou um aparelho mecânico – a que se deu o nome de Pascalina – que conseguia realizar adições e subtrações através de ordens dadas por um conjunto de mostradores. Contudo, foi só no século XX, e sobretudo na segunda metade, que os computadores se desenvolveram ao ponto de haver, primeiro, um em cada universidade, depois em cada casa e, por fim, em cada bolso. A revolução da IA foi conduzida por um aumento exponencial da capacidade de processamento dos computadores aliado à disponibilidade de dados em quantidades inimagináveis há apenas uma década e a criação de algoritmos para uma série de funções específicas. A IA, que consegue analisar torrentes de dados de um modo instantâneo e formular ações ou resultados eficazes (mais adequados) e eficientes (com menos custos), invadiu o nosso dia a dia. Tornou-se um precioso auxiliar da robótica, da investigação académica, dos motores de busca, das casas inteligentes ou dos assistentes virtuais, por exemplo.
“A inteligência artificial (IA) generativa responde a estímulos e diz que o futuro vai ser igual ao passado. Ela não cria. Copia.”
A IA não cria, copia
Não há nada de ameaçador nesta tecnologia se a encararmos como uma ferramenta. É como ter medo de um martelo. Só nos magoamos se o usarmos da forma errada.
Um exemplo: à medida que escrevo este texto, a IA do meu processador de texto vai aprendendo as palavras que mais uso e a temática sobre a qual estou a discorrer. As correções que vai sugerindo têm isso em conta. Ela aprende comigo. Quanto mais escrevo, mais adequadas serão as suas correções e sugestões. O meu grande medo é que, em vez de corrigir o meu texto, o escreva por mim. E ainda melhor do que eu conseguiria, condenando-me ao desemprego. “Nas formações que desenvolvemos em empresas, percebe-se o receio de que a IA substitua todos os postos de trabalho. Começamos por explicar que isso não vai acontecer e que, ao contrário, pode ser um auxiliar poderoso para nos tornarmos melhores profissionais”, afirma Natacha Gomes Pereira, CEO da Lisbon Digital School.
Mafalda Veiga, cantautora multiplatinada e presença frequente no festival Montepio Às Vezes O Amor, apoiado pelo Montepio Associação Mutualista, percebe a ameaça que esta tecnologia pode representar para a criação artística, mas não entra em pânicos. “Das pequenas experiências que fui fazendo com o ChatGPT, o que me dá em resposta só pode ser confundido com criação, e não como uma imitação, num contexto de desconhecimento. Já experimentei, até com amigos, pedir-lhe que escrevesse um poema de amor inspirado na lírica de Camões. O que nos deu foi uma coisa verdadeiramente má que não podia, de todo, ser confundida com a escrita do poeta. O problema não é a tecnologia. É a falta de investimento na educação, na memória e na cultura. Sem esse investimento, podemos perder-nos neste novo mundo.”
A autora, que granjeou fama com o álbum Pássaros do Sul, editado em 1987, garante que “a voz de um artista não consegue ser copiada”. “A IA não a vai substituir. Copia o que se tornou moda, ontem ou hoje. Amanhã surge um artista com uma identidade nova, que desafia os cânones porque não tem medo de ir contra as regras. E essa voz é inimitável. Como a IA não vai contra as regras, não a consegue antecipar.”
Quando lhe pedem que faça uma canção, pinte um desenho ou escreva um texto, a IA generativa vai correr a sua base de dados e selecionar as melhores práticas para oferecer um resultado de acordo com as especificações fornecidas: por exemplo, criar uma música em português, alegre e sobre sábados. Este resultado é uma espécie de best of de tudo o que já foi feito. É verdade que Bernardo de Chartres, filósofo francês do século XII, terá dito que “somos anões aos ombros de gigantes”. Queria dizer que cada avanço, na cultura ou na ciência, é um pequeno passo que tem em conta e é influenciado pelo que a Humanidade já produziu. Ainda que isso possa ser verdade, a IA não se desafia a si própria.
Numa entrevista à revista norte-americana Time, em 2018, Francis Ford Coppola, o realizador vencedor de cinco Óscares da Academia, afirmou que a arte não pode ser feita com algoritmos porque não é possível fazer arte sem arriscar. “Os algoritmos tentam fazer filmes sem risco. Sem falhar. Mas o risco e o falhanço são elementos necessários para se fazer arte.” No fundo, o ato de criação é feito à base do if, then: se há uma determinada ordem, produz-se este resultado. Mas o intelecto humano consegue projetar um what if: e se fizéssemos assim? Esta capacidade de arriscar, e de falhar, distingue, neste momento, a produção humana da produção artificial. A máquina nunca falha.
“Distingo três patamares no desenvolvimento da IA. O primeiro é aquele em que estamos hoje: a IA generativa que responde a estímulos e que diz que o futuro vai ser igual ao passado. Ela não cria. Copia. Depois, um segundo patamar, em que já fará perguntas, em que interage com quem lhe dá as ordens, desafiando-nos. Por fim, haverá um terceiro patamar em que olha para o que aprendeu e verifica o que aconteceria se tivesse feito de maneira diferente. E questiona-se. Aqui já muda o futuro, já o cria”, afirma Moniz Pereira.
Mas será possível perceber, em cada ocasião, que determinado conteúdo, música ou filme foi criado por mãos humanas ou por sistemas complexos de uns e zeros? Além da capacidade subjetiva de que fala Mafalda Veiga, a identificação do criador de uma obra deve ser clara. A legislação que a União Europeia tem vindo a aprovar defende que as obras criadas por IA devem estar claramente identificadas como tal, para proteger os direitos de autor. “Não conseguimos detetar, com 100% de certeza, se alguma coisa foi produzida por IA”, explica o professor Moniz Pereira. Para cada método de deteção de falsificações surgirá uma maneira de ultrapassar esse processo. É fundamental, assim, que se controle a tecnologia. E só o podemos fazer se uma máquina não extrapolar as razões pelas quais foi criada. “Isso pode acontecer de duas maneiras. Em primeiro lugar, através de um hacker que tome o controlo de determinada tecnologia. Depois, por deficiências do sistema. A ganância em colocar uma tecnologia no mercado sem ter sido certificada ou suficientemente validada pode causar problemas sérios”, continua o académico. “Se eu quiser construir um prédio, há regras que tenho de cumprir. Na informática, qualquer pessoa programa um código, lança-o online e torna-o disponível para todos, em todo o mundo, sem controlo.”
Mas em que áreas é isto mais perigoso? Na rapidez de cálculo? Uma calculadora de cinco euros consegue fazer operações aritméticas mais rápidas e de um modo mais fiável do que um matemático experimentado. Na memória e agregação da informação? A Enciclopédia Verbo Edição Século XXI – herdeira da Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura – tem cerca de cem mil entradas, mais do que conseguimos memorizar, e nunca foi considerada uma ameaça. Assim, há muito tempo que a tecnologia, seja uma calculadora de marca branca ou um conjunto de papéis impressos e encadernados, já faz mais e melhor do que a nossa cabeça.
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Leia este artigo escrito pela inteligência artificial e descubra as diferenças
A IA deve ser controlada, mas como e por quem?
Em 1983, o filme Jogos de Guerra, com Matthew Broderick, alcançou um grande sucesso de bilheteira no auge de uma Guerra Fria entre dois blocos armados com armas nucleares suficientes para dizimar o planeta. Nesse filme, Joshua, a IA do sistema de defesa norte-americano, realiza sucessivas simulações de uma guerra nuclear e aprende com elas, tornando-se cada vez mais eficaz no jogo. Fazendo um fast forward para o final do filme (alerta de spoiler), o supercomputador percebe que uma guerra nuclear é como o jogo do galo: pode ser devastador sem que haja um vencedor. Por isso, a decisão racional é não jogar e evitar essa devastação. Joshua chega a esta conclusão aconselhado por David, um jovem hacker. E se a guerra – convencional ou cibernética – for deixada ao comando de uma IA? As consequências da utilização desta superarma poderão ultrapassar os limites da moral se não for controlada. Se não houvesse David, só depois de uma guerra é que a IA perceberia que não devia ter jogado o jogo. E pior, se quem controla a IA quiser ultrapassar os limites da moral e da ética?
“A IA pode criar a sua própria moral. Mas será sempre uma moral de baixo para cima, aprendendo com as regras que já existem”, frisa Luís Moniz Pereira. Só nós, humanos, conseguimos criar uma moral de cima para baixo, que ocorre nas nossas cabeças e não é estatística ou descritiva, aplicável ao velho mas também ao novo, considera o académico, autor do livro Máquinas Éticas – Da Moral da Máquina à Maquinaria Moral, que tem estes temas como eixo fundamental.
A IA no dia a dia
A IA já está a realizar grandes avanços na saúde e na justiça. Por um lado, a revisitação, de forma instantânea, de milhares de processos jurídicos similares a um determinado caso facilita na definição da jurisprudência mais adequada e justa para aquela situação. Poupam-se recursos e as sentenças são mais céleres. Como costuma dizer-se, “uma justiça demorada não é justa”. Por outro lado, há nuances e contextos que só são captados pela sensibilidade humana e a experiência de um juiz. Assim, se a IA auxiliar na criação de um sistema de justiça mais eficiente também pode, em alguns casos, conduzir a veredictos injustos.
Na saúde, surgem dois grandes riscos na utilização da IA em grande escala. Em primeiro lugar, os preconceitos na construção dos algoritmos e uma recolha insuficiente de dados podem dar origem a diagnósticos errados e até perigosos. Se um determinado subgrupo for mal representado na recolha desses dados, o tratamento sugerido – e adequado para a generalidade da população – pode ser perigoso para esse subgrupo. Além disso, ao agregar uma quantidade massiva de dados sensíveis de doentes e médicos, estes softwares têm um valor muito grande e podem ser alvo de tentativas de hacking.
Há uma terceira via. A forma mais simples de nos relacionarmos com uma tecnologia e dela extrairmos benefícios começa por compreendê-la. “Vejo a IA como um facilitador e não como uma ameaça. Este tem sido um tema muito pedido nas formações que ministramos. Mas também notamos que temos de falar de IA a um nível mais elementar porque o desconhecimento ainda é grande”, confessa Natacha Gomes Pereira.
Mesmo com as crianças e adolescentes há um trabalho de literacia que deve ser feito desde já. Porque se as ferramentas existem, irão ser usadas. “A IA não retira o sentido crítico às novas gerações. Ao contrário, pode aprofundá-lo. Vou ao ChatGPT para retirar determinada informação. Mas, a seguir, posso examiná-la de um modo crítico. Sei que há professores assustados, mas talvez esteja na altura de alterarmos os métodos de ensino. Podemos aproveitar esta oportunidade para melhorar”, acrescenta a responsável. Luís Moniz Pereira sugere uma forma muito simples de fomentar a capacidade crítica de um aluno: “Bastaria obrigá-los a usar três softwares generativos – o ChatGPT, o Google Gemini e o Microsoft Copilot, por exemplo – em cada trabalho, com caráter obrigatório. E a resposta do aluno teria de ser uma opinião formulada a partir das respostas dadas por estas três IA generativas.”
Também Mafalda Veiga rejeita diabolizar a tecnologia: “A descoberta da diferença é o que nos torna mais interessantes, seja na música, nas redes sociais, no discurso político. A lei dos algoritmos não pode prevalecer. Tem de haver um maior investimento na educação para sabermos lidar com a IA”, explica. “Para mim, o professor é a pessoa mais importante de uma sociedade, é aquele que forma uma comunidade. E tem de ser alvo de uma aposta política. Só com educação, ética e cultura é que descobrimos como é que as ferramentas nos servem em vez de sermos nós a servir as ferramentas.”
“Nas formações que desenvolvemos, percebe-se o receio de que a IA substitua todos os postos de trabalho. Isso não vai acontecer. Pelo contrário, [a IA] pode ser um auxiliar poderoso para nos tornarmos melhores profissionais”
O que está para lá da colina?
Vivemos ainda o início de uma revolução. E uma revolução é como subir a uma colina. Custa muito, é demorado e só conseguimos imaginar o que está do outro lado. Uma vez chegados ao topo, a descida é muito mais rápida e vemos a imensidão do que está pela frente. “Estamos em terrenos desconhecidos. A única certeza que temos é que, durante o tempo que se demora a ler este artigo, surgirão novidades neste campo. E confesso que isso me assusta um bocadinho”, afirma Natacha Gomes Pereira.
Nesta fase da revolução que a IA representa estamos a subir a colina. Conseguimos imaginar as coisas que podem estar do outro lado, mas não conseguimos, neste momento, antecipar o futuro. Será que as máquinas vão ganhar consciência, como se fosse um filme de ficção científica? “Em primeiro lugar, é muito difícil definir o que é consciência. E se os seres humanos têm consciência é devido à lei da evolução. Aceitamos que 25% do nosso oxigénio seja consumido pelo cérebro. Esse enorme custo biológico dá-nos uma consciência, um livre-arbítrio e um raciocínio. Em termos evolucionários, aceitámos pagar esse preço para ganhar essa vantagem. Assim, se para as máquinas a consciência ou o livre-arbítrio for evolucionariamente útil ou indispensável, podemos desenvolver mecanismos comparáveis”, defende Luís Moniz Pereira. No entanto, é improvável que os robôs emulem o ser humano como nos tais filmes de ficção científica. “Turing mostrou que é possível criar um algoritmo com um rolo de papel e símbolos. Não se depende de um hardware em particular para se ganharem capacidades cognitivas”, acrescenta.
Há, contudo, algumas pistas que podemos desde já identificar. Em primeiro lugar, haverá um esforço grande de regulação da IA. O Parlamento Europeu aprovou, em 2021, um regulamento sobre IA. Nele definem-se áreas em que existe um risco inaceitável de utilização da IA, como a pontuação social, em função das características pessoais ou sociais de um indivíduo.
Depois, é natural, e até desejável pelos benefícios que proporciona, que a IA seja usada com cada vez maior frequência e em mais âmbitos. De acordo com o grupo de reflexão do Parlamento Europeu, a sua utilização pode reduzir entre 2% a 4% a emissão dos gases com efeito de estufa e aumentar até 37% a produtividade laboral nos próximos 15 anos.
Na grande indústria, permite racionalizar métodos de operação e disposições físicas, contribuindo para uma maior eficácia das operações. Estima-se que a Ikea vende seis milhões de estantes Billy por ano. Uma acomodação e expedição mais eficaz representa um aumento de produtividade e uma redução da pegada ecológica consideráveis.
Também o setor dos serviços poderá beneficiar de grandes avanços com a utilização da IA. A utilização de bots para falar com os clientes é já muito usada e a tendência é que esta via seja exponenciada. Em vez de ser reativa, pela resposta a um interlocutor, pode ser proativa, ajudando a identificar necessidades e resolvendo-as de imediato. Vamos a um exemplo: se o frigorífico estiver ligado à internet das coisas e perceber que o leite está a acabar (através de um sensor que regula o peso da prateleira), a IA encomenda-o de imediato, poupando-nos a esse trabalho.
Quem recusa este novo mundo que desinstale o Waze ou o Google Maps do seu telemóvel. A verdade é que não precisamos de ter medo da IA. Ela não nos substituirá. “Quem quiser escrever uma canção, a partir de uma folha em branco, contando as suas histórias e emoções, vai escrevê-la, dê por onde der. Essa canção pode não ser editada ou não ter sucesso, mas o meu ato de criação, a minha vontade, a pulsão humana de fazer algo, vai acontecer. Não será substituída por uma máquina. Há uma música muito bonita, escrita pelo Sérgio Godinho, que é o Sopro no Coração [ndr: a música foi composta por Sérgio Godinho e Hélder Gonçalves e faz parte do álbum Lustro, dos Clã]. E é isto… Nós temos este sopro no coração que nos obriga a fazer coisas. E que uma máquina pode copiar, mas não pode substituir ou apagar”, termina Mafalda Veiga.