idas interrompidas precocemente, acidentes incapacitantes ou desemprego prolongado. Há cenários que ninguém gosta de colocar, mas os imprevistos acontecem. O que fazer se o pior acontecer? Entre numa máquina do tempo e saiba como proteger a sua família nas próximas décadas, caso o inesperado lhe bata à porta.
Costuma dizer-se que bastam alguns segundos para a vida mudar. No dia 25 de abril de 2019, Miguel Castro acordou às 6h00 para treinar, como fazia tantas vezes. Estava a preparar-se para participar numa competição internacional da modalidade de Full Iron Man – uma prova desportiva composta por 3,8 quilómetros de natação, 180 quilómetros de ciclismo e 42 quilómetros de corrida – e tinha combinado encontrar-se com os colegas às 7h00 na praia de Caxias, para treinar a transição da água para a bicicleta.
O dia era de chuva e o mar estava agitado. “A dedicação era tanta que não me demoveu”, recorda o atleta. Enquanto nadava e fazia a transição para a areia, o inesperado aconteceu: foi enrolado por uma onda e bateu com a cabeça no chão, causando-lhe uma compressão medular. “Não desmaiei, mas fiquei logo sem me mexer. Tiveram de ser os meus colegas a tirar-me da água.”
Passo a passo até à recuperação
Foi imediatamente operado e o diagnóstico não tardou: Miguel estava tetraplégico e havia a probabilidade de não voltar a mexer-se. Seguiram-se seis semanas de internamento no Hospital Egas Moniz a fazer fisioterapia intensa e de onde, contra todas as expectativas, saiu a dar os primeiros passos. Os sete meses seguintes foram passados no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão. “O meu corpo reagiu bem devido à memória muscular que tinha, e começou a acordar aos poucos. Quando saí de Alcoitão já conseguia andar com a ajuda de canadianas.”
Cerca de nove meses depois do acidente, era momento de enfrentar a nova realidade. O atleta teve de regressar a casa dos pais, de quem passou a estar dependente, pois precisava de ajuda para realizar todas as ações do dia a dia, até as mais simples. “Precisava de ajuda para me vestir, ir à casa de banho, tomar banho, comer, até para me coçar”, lembra.
No entanto, determinado a não se deixar vencer pela condição de tetraplégico, Miguel continuou a trabalhar na sua recuperação e, passados dois anos, já consegue fazer 95% da sua vida normal. “As mãos ainda estão um pouco atrasadas e não consigo trabalhar, mas já vou a ginásios, comecei a nadar, a andar de bicicleta, consigo cozinhar, visto-me, conduzo… já faço muitas coisas mas ainda me canso”.
“Neste momento estou de baixa, logo não recebo o ordenado por inteiro. Sem o apoio dos meus pais e se não tivesse poupado a vida toda, estaria numa situação muito complicada”
4 cenários de que ninguém está à espera
Apesar de ninguém gostar de pensar em cenários de vida disruptivos e negativos, histórias como as de Miguel Castro, que tinha uma vida estável até ao dia do acidente, há muitas. Estas são as quatro situações que podem trocar-lhe as voltas à vida e colocar em causa a estabilidade financeira da sua família.
1. Acidente incapacitante ou doença prolongada
Tal como aconteceu a Miguel Castro, há acidentes que podem deixá-lo incapacitado para trabalhar e, consequentemente, receber rendimentos, temporária ou definitivamente. Uma situação desta natureza, tal como uma doença prolongada, além de afetar a sua saúde física e emocional, pode prejudicar a segurança financeira da sua família. Basta pensar em todas as despesas mensais, como prestações de créditos, contas fixas ou a mensalidade da escola dos filhos, que dependem do seu salário.
2. Desemprego de longa duração
Perder o emprego, seja qual for a razão, é profundamente impactante, em particular se for inesperado. Além de representar um abalo emocional, tem impacto direto nas finanças pessoais. Para a maioria das pessoas, perder o emprego também significa um corte profundo nos seus meios de subsistência, ou seja, a capacidade de sustentar a família. Uma situação que tende a agravar-se quanto mais tempo durar o desemprego.
3. Ausência ou perda de rendimentos mensais
Em 2020, a pandemia gerada pelo Covid-19 chegou sem aviso prévio e deixou muitas pessoas em situação financeira precária. Entre trabalhadores que estiveram vários meses em lay-off, pais que deixaram de trabalhar para cuidar dos filhos enquanto as escolas estiveram encerradas, negócios temporariamente suspensos e outros que fecharam definitivamente portas, muitos foram os portugueses que viram os seus rendimentos mensais reduzidos por força de circunstâncias incontroláveis. Para as famílias que não têm uma almofada financeira à qual recorrer em momentos de emergência, esta situação pode ser bastante disruptiva.
4. Morte
Pensar na própria morte ou na de um familiar próximo não é fácil, mas é um tópico importante. O que aconteceria às suas finanças e aos seus bens? Em que situação económica ficariam os seus familiares? A sua ausência pode comprometer a segurança financeira de quem fica, em particular se tem crianças em idade escolar.
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3 passos para prevenir o imprevisto
O que fazer quando o inesperado nos bate à porta e nos vira a vida do avesso? Para Miguel a resposta está na prevenção. Apesar de nunca lhe ter passado pela cabeça que um acidente pudesse roubar-lhe a mobilidade e a capacidade de trabalhar, o atleta tinha uma almofada financeira que foi acumulando ao longo da vida de trabalho. “Neste momento estou de baixa, logo não recebo o ordenado por inteiro. Sem o apoio dos meus pais e se não tivesse poupado a vida toda, estaria numa situação muito complicada. Teria que pedir ajuda ao Estado e já sabemos como isso é.”
1. Faça um fundo de emergência
O primeiro passo para se preparar para um evento inesperado é ter um fundo de emergência sólido que cubra, no mínimo, seis meses de despesas fixas (créditos, contas mensais e outras prestações fixas). Por exemplo, se as despesas fixas mensais do seu agregado familiar forem de 1 000 euros, o fundo de emergência deverá conter, no mínimo, 6 000 euros. Deste modo, as contas da sua família ficam salvaguardadas se perder rendimentos temporariamente devido a uma situação de desemprego, lay-off, doença ou incapacidade temporária.
2. Tenha uma solução de proteção
Um produto que garanta que, em caso de acidente que o incapacite para o trabalho ou na eventualidade da sua morte, a família consegue manter os compromissos financeiros e a qualidade de vida. É um cenário pouco agradável no qual pensar, mas é um dos passos mais importantes que pode dar pelo futuro daqueles de quem mais gosta, principalmente se tem filhos a seu cargo. A perda de rendimentos de um dos pais compromete a estabilidade financeira de toda a família no presente, mas também pode colocar em causa a concretização de metas futuras, como a educação universitária.
3. Estabeleça um orçamento de emergência
É importante ter um plano B para a sua vida caso ocorra um corte inesperado nos rendimentos. Um orçamento de emergência é uma ferramenta importante para o ajudar a enfrentar uma crise financeira e cortar em todas as despesas desnecessárias, mantendo apenas as essenciais. Lembre-se de que é uma emergência, é temporário e, quanto melhor controlar o seu dinheiro, mais depressa a balança volta a equilibrar-se.