“Os jovens têm que ter a visão crítica e criativa para transformarem as suas comunidades”
A 11.ª edição do Prémio Voluntariado Jovem Montepio está de regresso e promete potenciar os jovens entre 14 e 21 anos que, munidos de boas ideias, possam criar valor nas comunidades onde vivem.
As comunidades só terão uma visão de futuro se entregarem a sua energia e criatividade aos mais jovens, um processo que tem no voluntariado uma das suas peças-chave. Na 11.ª edição do Prémio Voluntariado Jovem Montepio, que vai decorrer entre os dias 12 de outubro e 19 de novembro de 2021, as candidaturas são como as opiniões: cada grupo de jovens entre os 14 e os 21 anos pode ter uma e dar a conhecê-la.
Nesta entrevista ao Ei, o técnico do Gabinete de Responsabilidade Social da Associação Mutualista Montepio, Joaquim Caetano, explica tudo o que se vai passar no Prémio Voluntariado Jovem Montepio 2021 e o que o júri valorizará nas propostas.
No ano passado, as candidaturas foram abertas a toda a sociedade. Será assim, também, em 2021?
Este ano mantivemos o mesmo formato, porque a iniciativa só tem razão de ser se envolvermos toda a sociedade civil. Procuramos trabalhar as comunidades em função dos seus próprios objetivos, logo, essas comunidades têm que ser uma voz marcante em todo o processo de desenvolvimento territorial.
Que objetivos pretendem a Fundação Montepio e a Associação Mutualista Montepio atingir com esta edição do Prémio Voluntariado Jovem Montepio?
Continuamos fiéis à nossa linha de orientação: estimular a criação de projetos inovadores de voluntariado jovem, assim como o conhecimento e formação sobre o voluntariado. Queremos também promover o empreendedorismo, melhorar a qualidade de vida das comunidades e potenciar o trabalho entre entidades de cariz público, privado e a sociedade civil.
Só podemos ter comunidades com visão de futuro se abrirmos as portas aos mais jovens. São eles que têm que ter a visão crítica e criativa para transformarem as suas comunidades. Este fator também se prende muito com o conceito de voluntariado praticado pelo Grupo Montepio: o voluntariado transformador.
Como decorrerá a triagem dos interessados em participar nesta edição do prémio? Quais os critérios?
O júri só avaliará as 10 candidaturas mais marcantes, selecionadas pela equipa de trabalho que organiza a iniciativa. Se o número de candidaturas for superior a 10, será realizada uma primeira triagem, tendo em consideração quatro critérios: sustentabilidade, inovação, capacidade de estabelecer parcerias e envolvimento dos jovens no projeto.
No ano passado pensaram desenvolver um modelo misto – sobretudo online, mas com algum espaço para a parte presencial, mas a situação pandémica não vos permitiu. Como será este ano?
No ano passado o evoluir negativo da pandemia da Covid-19 refletiu-se no número de candidaturas apresentadas e na metodologia seguida pelo Montepio. Todo o prémio foi realizado em formato online, incluindo as reuniões com o júri de avaliação e a entrega dos prémios pelas entidades ganhadoras.
Face à evolução bastante positiva da situação de pandemia que se regista atualmente [NRD: a entrevista decorreu no dia 7 de outubro de 2021] no nosso país, gostávamos de ter um modelo híbrido: as candidaturas e as reuniões com o júri em formato online, mas a entrega dos prémios em modelo presencial. Vamos ver se conseguimos realizar este pequeno desejo.
O que representa o Prémio Voluntariado Jovem Montepio para a Fundação Montepio e para a Associação Montepio?
Este prémio é muito importante para o trabalho que a Associação Montepio tem vindo a desenvolver ao longo de todos estes anos, mas também para a filantropia territorial desenvolvida pela Fundação Montepio.
O fator fundamental deste prémio são os jovens. São eles que vivem nos territórios, que sentem o pulsar das suas comunidades e é para eles que lançamos este desafio. Procuramos saber o que eles querem para serem mais felizes nas suas próprias comunidades, mais próximos dos seus vizinhos, criando espaços únicos de intervenção social, cultural e até desportiva. Estes são os voluntários de hoje, com os olhos postos no amanhã.
Que palavras de incentivo gostaria de deixar aos jovens e às equipas que pensam participar nesta edição do Prémio Voluntariado Jovem Montepio?
Resiliência, em doses industriais, boa vontade, um pouco de heroísmo também dá jeito, mas acima de tudo que deem valor às palavras: felicidade, comunhão, solidariedade e mutualismo. Somos gregários, portanto só somos felizes quando os outros também o são. Temos que saber trabalhar em conjunto e o mutualismo é muito isso: olhar para a comunidade como um todo.
Acredita que o voluntariado, incluindo o jovem, decresceu durante a pandemia? Neste sentido, qual o papel deste prémio para recolocar o tema na cabeça dos novos e antigos voluntários e na comunidade em geral?
Ainda é cedo para falarmos nas consequências que esta pandemia trouxe para o voluntariado. Mas temos que assumir que, uma vez que o voluntariado vive muito do contacto pessoal, sofreu bastante neste período de catástrofe mundial.
Temos também que saber retirar algumas ilações positivas de todo este processo – e aí, honra seja feita, o digital é e tem sido uma ferramenta fundamental na aproximação dos diversos setores sociais e respetivos beneficiários. Mas o contacto presencial perdeu-se um pouco e há necessidade premente de reinventar o voluntariado, torná-lo mais próximo e humanizado. O toque, a conversa pessoal e o contacto e presença física são elementos fundamentais para reconstruirmos o novo conceito de voluntariado – mais de proximidade, que é desenvolvido nas comunidades locais.
O Prémio Voluntariado Jovem Montepio apela a uma intervenção direta dos mais jovens, procurando lançar as primeiras sementes para o retorno do voluntariado como todos queremos e desejamos.
A edição passada foi reinventada e reajustada devido à pandemia. Quase um ano depois, pode dizer-se que superou as expectativas?
No ano passado demos uma volta de 360 (não será 180? 360 fica na mesma…), foi excelente. Criámos novos conceitos e tentámos adaptar o Prémio Voluntariado Jovem Montepio a uma nova realidade, completamente diferente e estranha. Mantivemos vivo o Prémio, dando-lhe outra dinâmica e outra alma. E pensamos que foi uma aposta vencedora. No pico da pandemia o Prémio estava vivo e a envolver os jovens para as questões das suas comunidades, o que nos deixou felizes.
Hoje estamos mais serenos e confiantes, mas a aposta mantém-se alta e a fasquia também. Queremos ser resilientes, no sentido de contribuirmos de algum modo para o desenvolvimento territorial do nosso país e das regiões autónomas. Queremos participar e sermos ativos num novo amanhã que se aproxima a passos largos. Este Prémio pode ser um bom prelúdio para os novos tempos que se avistam no horizonte.
A Associação Akredita em Ti venceu a edição passada, com o projeto “O Meu Bairro Decide”, um projeto que já existia, mas recebeu novos incentivos financeiros. Têm acompanhado a execução deste projeto?
Foram uns justos vencedores. Temos acompanhado de perto o evoluir do projeto e sentimo-nos felizes por contribuirmos um pouco para a sua concretização. São uma belíssima instituição e uns bons parceiros do Montepio.
Que balanço faz destes últimos dez anos?
Gostávamos muito de responder a essa questão daqui a dez anos, era sinal da vitalidade deste projeto. Foram dez anos fantásticos e com evoluções contínuas. Temos tido a capacidade de nos adaptarmos às novas situações e acima de tudo contribuir, desta forma, para um “voluntariado transformador”, onde cada um dos intervenientes tem o seu espaço e a soma de todos esses espaços resulta em comunidades mais resilientes e solidárias.
Já existem planos para a edição de 2022?
Há sonhos que gostávamos que se concretizassem em 2022. Desde logo a envolvência dos filhos dos colaboradores do Grupo Montepio, sendo que aqui contamos com a parceria e a tenacidade dos Serviços Sociais para chegarmos e motivarmos todos os nossos colegas. Mas também dos associados mais jovens da Associação Montepio e dos clientes do Banco Montepio desta faixa etária. Contamos com todos os colegas do Grupo Montepio para dinamizar esta iniciativa junto das suas famílias e amigos.
Contamos também com as escolas, associações juvenis, associações de estudantes ou outras organizações sem fins lucrativos que desenvolvam projetos com jovens. No fundo, a sociedade em geral, porque é para esta que trabalhamos e desenvolvemos estes projetos sociais.
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