Que cultura teremos quando a pandemia acabar?

Que cultura teremos quando a pandemia acabar?
20 minutos de leitura
Fotografias de Vera Marmelo e DR
20 minutos de leitura
P

ara lá dos palcos vazios, dos espetáculos online e das incertezas da pandemia, o setor da cultura e entretenimento vive uma crise sem precedentes. Alguns ficaram para trás, outros estão a reinventar-se. Conheça as histórias de quem vive (também) da cultura e o que perspetivam para os próximos tempos.

O terceiro álbum de Benjamim, Vias de Extinção, contou com um investimento sem precedentes. Em estúdio, o músico formou uma banda de seis elementos, os mesmos que deveriam percorrer os palcos do país assim que o álbum chegasse às lojas e plataformas de streaming. As gravações decorreram no histórico estúdio Namouche, em Lisboa, e a tournée contaria, pela primeira vez, com um técnico de luz residente. “Seria mais um espetáculo que um concerto”, afirma Benjamim à Revista Montepio digital.

Por fim, e após o sucesso de Auto Rádio (2015) e 1986 (2017), ambos editados pela independente Pataca Discos, Vias de Extinção foi lançado pela major Sony Music, a segunda maior editora discográfica do mundo. Em fevereiro de 2020, com o álbum a ser terminado, o músico foi apanhado no turbilhão de emoções e imprevistos causados pela pandemia da doença Covid-19.

“Este disco foi um stress enorme de acabar, foram meses de incógnita total”, explica. “Tínhamos pela frente todo o mundo em aberto, preparámos um concerto completamente novo ao vivo e agora não temos qualquer perspetiva de futuro.” Com o fim do primeiro confinamento, a banda conseguiu realizar cinco concertos de apresentação do álbum. Porém, um surto de Covid-19 na Casa da Música cancelou o concerto previsto para o Porto com uma semana de antecedência.

“Eu fazia muita questão de tocar no Porto e conseguimos marcar uma data numa semana. Mas, neste momento, os concertos ao vivo são uma indústria operada pela loucura e a paixão. É uma confusão logística e as perdas financeiras são enormes”, refere. Contas feitas, depois de pagar o aluguer das salas de espetáculo, os músicos e restante staff, Benjamim diz ter perdido dinheiro para apresentar o álbum ao público. “As salas não podem esgotar na totalidade e muitas vezes as pessoas não querem arriscar. Mas se há sítio seguro para frequentar são as salas de espetáculos. É uma indústria que tem uma grande capacidade de organização logística.”

O músico Benjamim manteve os compromissos assumidos, mas perdeu dinheiro nos concertos de apresentação do álbum “Vias de Extinção” (Foto: Vera Marmelo)

Dançar um slow com os tubarões

O título Vias de Extinção foi uma “cruel ironia do destino”, admite Benjamim. O álbum já tinha título antes de a pandemia começar, mas a forma como o músico olhou para o disco mudou com o confinamento. Ser músico, hoje, é quase como dançar com os tubarões, uma metáfora que Benjamim usou no álbum 1986, escrito a meias com Barnaby Keen. Mas isto foi antes de a pandemia lhe virar a vida do avesso. “Estou a produzir dois discos, é isso que me ocupa a cabeça. Vou andar de bicicleta e aproveitar o tempo da melhor maneira, para reinventar e viver a minha vida. Espero que seja a única fase da minha vida em que não posso tocar”, desabafa.

Se a pandemia causou destruição no meio musical, Demolition Derby, álbum produzido pelos portugueses Minta & The Brook Trout, em pandemia, ainda não reflete estes tempos. “Não há uma música sobre a pandemia”, avisa Francisca Cortesão ao telefone. O sucessor de Slow (2016), porém, foi um parto difícil. Gravado no início de 2021, o álbum teve os desafios burocráticos próprios dos tempos em que vivemos: máscaras no estúdio, ausência de convidados – pandemia oblige – e trabalho de edição e mistura feito à distância, o que tornou o processo mais lento. “Gravámos em Vale de Lobos, Sintra, em dois dos fins de semana em que não se podia mudar de concelho. Tivemos de andar com autorizações, uma série de preocupações complementares”, afirma Francisca Cortesão.

Durante os ensaios, a banda cingiu os encontros aos quatro membros permanentes: Francisca Cortesão, Mariana Ricardo, Margarida Campelo e Tomás Sousa. Ainda assim, alguns dos músicos tiveram de cumprir isolamento profilático. Mais uma pedra na engrenagem do processo, já por si complexo, de editar um disco.

Os Minta preveem dar dois concertos de apresentação do novo álbum: a 11 de julho, no Auditório CCOP, no Porto e a 13 de julho, no Teatro Maria Matos, em Lisboa. “Espero tocar o disco o mais breve possível, com todas as condições de segurança”, admite Francisca Cortesão. Aqui, coloca-se uma questão adicional: os concertos cancelados durante a pandemia estão a ser reagendados para as mesmas datas, que serão as únicas disponíveis, e centenas de bandas competirão entre si pela atenção do público. “Já era complicado marcar um concerto e será ainda pior”, admite a compositora. “Vamos estar ao mesmo tempo que toda a gente a lutar pelo espaço, a atenção das pessoas e o dinheiro que têm disponível”, reforça Benjamim, alter ego de Luís Nunes.

O álbum Demolition Derby foi gravado durante o segundo confinamento, em Sintra. Não faltaram muitas máscaras e autorizações para mudar de concelho (Foto: Vera Marmelo)

Espetáculos sem fronteiras

Com os palcos fechados e os músicos a tocarem no Instagram ou noutras plataformas digitais, o setor da cultura tentou readaptar-se. A 28 de julho de 2020, Herman José estreava, no Teatro Tivoli, o primeiro espetáculo com transmissão ao vivo para todo o mundo, mediado pelo Ticketline Live Stage. “É uma experiência nova para todos. Estamos a aprender e a evoluir a cada dia”, admite Luísa Rodrigues, que lidera o projeto digital da empresa portuguesa especializada em venda de bilhetes para eventos.

Com ou sem pandemia, o palco virtual será sempre uma opção para músicos, companhias de teatro ou outros artistas, até porque responde a mais situações do que o atual confinamento. Seja um evento ao vivo, transmitido em diferido ou VOD (video-on-demand), o digital permite encurtar distâncias e também que as pessoas com mobilidade reduzida ou problemas de saúde, por exemplo, possam aceder à cultura e ao entretenimento.

“Queremos continuar a oferecer este tipo de soluções”, refere Luísa Rodrigues, que conta como o Live Stage rompeu várias fronteiras durante estes meses de pandemia. “Temos sempre espectadores de fora de Portugal. Essa foi uma boa surpresa. Estamos a falar sobretudo de pessoas do Brasil, Angola, Moçambique e Estados Unidos, mas houve um caso em que tivemos pessoas de 31 países. É impressionante”, admite a responsável.

Ao incluir dados sobre quem compra os acessos aos espetáculos, o online permite ainda que as entidades promotoras tracem uma radiografia mais pormenorizada de cada evento. Informações como a localização, o tempo de permanência na sessão ou o feedback ao evento através de um questionário ajudam. “Se o espetáculo era de uma hora e meia e as pessoas só ficaram 45 minutos, não dá que pensar?”, questiona Luísa, sugerindo que este tipo de análise tem a vantagem de desencadear melhorias.

Por outro lado, os eventos digitais descentralizam o país. “Os municípios mais pequenos estão a apostar muito nisto, porque acreditam e porque necessitam. É uma forma de estarem presentes e de chegarem a vários públicos”, salienta a responsável.

Ainda assim, há limites. “Ninguém vai deixar de assistir a um concerto de Adele ao vivo para vê-la em streaming”, garante Luísa Rodrigues.

Os artistas parecem concordar. Durante o primeiro e segundo confinamentos, vários músicos reforçaram a aposta nos concertos online, no Instagram ou noutras plataformas de streaming. Benjamim e Francisca Cortesão também o fizeram, mas acreditam que não é aqui que encontrarão a galinha dos ovos de ouro do pós-pandemia. “Não me vejo a fazer isso. Não consumo concertos em streaming, fico cansado, farto. E tenho muitas dúvidas de que seja rentável”, afirma Benjamim. Francisca Cortesão realizou dois concertos online em 2020, incluindo uma sessão cuidada, a partir de casa, no Arte Institute. “Achei que ia ser horrível, mas não foi. Acabei por gostar”, confessa. Ainda assim, duvida que o streaming tenha vindo para ficar. “Um bom concerto em streaming é uma produção mais complicada do que um concerto normal, por isso não sei até que ponto é uma alternativa viável”, afirma.

Acresce, ainda, o facto de Portugal não ter um grande histórico de visualização online de eventos, como acontece noutros países. No entanto, para uma sociedade que está a começar registam-se números inesperados. Luísa Rodrigues destaca a venda de 8 000 bilhetes – ou melhor, acessos digitais – para o espetáculo infantil Panda, no mês de dezembro. “Há abertura para mais, à medida que as soluções evoluírem e permitirem socializar mais. Mas, para já, a única coisa que sabemos é que nos pedem mais espetáculos e nós queremos proporcioná-los.

Benjamim chamou Vias de Extinção ao terceiro álbum. O nome foi escolhido antes da pandemia, uma infeliz coincidência (Foto: Vera Marmelo)

Ensaios à distância, público em sala

Às 10h30 do dia 8 de março, segunda-feira, quatro atores distribuídos entre os distritos de Setúbal e de Viseu encontram-se com o encenador João Neca num retângulo virtual. Os ensaios para Futebol, uma coprodução das companhias O Bando e Teatro Regional da Serra do Montemuro, são por videochamada. É uma ferramenta que permite continuar o trabalho e a missão do teatro, mas de um teatro que aguarda e precisa de presença. “O teatro tem de ser num lugar onde todos sintam a mesma temperatura, não há outra maneira”, defende o encenador e ator João Neca.

A pandemia cancelou-lhes tournées, reprogramou as vidas e retirou a magia – e as receitas – do público em sala, durante meses. Ao longo dos 47 anos de O Bando, e nos mais de 30 da companhia de Montemuro, foi a primeira vez que tiveram de se reinventar de uma forma tão radical, recorrendo à Internet para não parar. “Antes de ter experimentado isto [ensaiar por videochamada], achava que seria impossível”, admite João Neca.

No ecrã, o personagem Ed Cabeçadas movimenta-se vendado numa cave em que a largura de banda de rede é baixa; Bel Pontapé surge em silêncio numa cozinha rústica; Né Fintas encosta-se à cama do quarto e pinta a cara de branco; e Zé Passinhos ritma o discurso com uma estante de livros por detrás. Para o encenador, cada um daqueles retângulos é agora “um cenário”. Os ensaios digitais servem às duas companhias, mas nenhuma delas apostou, nem pretende apostar, na transmissão online de espetáculos. “Se é gravado, passa a ser vídeo ou outra coisa qualquer. Há muitas soluções interessantes a serem feitas com recurso ao streaming. Associadas ao teatro, até, mas que não são teatro”, considera João Neca. E não se trata de demonizar a tecnologia. Antes pelo contrário.

Já antes do início da pandemia, O Bando estava a trabalhar num projeto internacional – PLAYON! – que visa integrar novas tecnologias nesta arte da Antiguidade Clássica, através do trabalho conjunto entre universidades e nove companhias europeias (O Bando é a representante portuguesa). Na peça Futebol, quatro atores podem encarnar quatro craques e 16 cromos. O público é que escolhe no momento do espetáculo, através de uma aplicação, o que multiplica o trabalho de preparação. “Nunca estou preparado para esta peça porque nunca sei a personagem que vou fazer”, explica o ator Eduardo Correia.

“O teatro tem de acompanhar o mundo”, afirma João Neca. Neste caso, a tecnologia serve para tentar atrair o público jovem às salas. “A tecnologia vai ficar, mas as pessoas precisam de estar juntas, de ver ao vivo”, explica o encenador. Na comunicação de O Bando não há uma data certa para a estreia da próxima peça, mas é certeira a pressa em voltar à vida. Lê-se assim: “Estreia: assim que as portas abrirem.”

300 dias no estúdio

Não foram exatamente 300 dias fechado num estúdio, mas foram muitos. Como técnico de som, João Miranda tem no cadastro várias bandas, como A Naifa ou A Jigsaw, gravou discos para Clean Feed e tem andado pelos bastidores do Portalegre Jazz Fest e do Salão Brazil, em Coimbra. Não é pessoa de manhãs. Ficaram-lhe as noites dos bares de Lisboa, a ver concertos, ou os dias longos a preparar atuações. Antes da pandemia, dividia-se entre o trabalho de estúdio, a vida (e horta) na sua casa no Parque Natural de São Mamede e o rebuliço das noites de música. De repente “adeus concertos”, e a rotina instalou-se.

“Não posso queixar-me, sou um privilegiado. Tenho o meu salário de professor [na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre]. Há pessoas que deixaram a carreira. Sei de um técnico de luz que passou a fazer instalações elétricas em casas. Comigo não se passou nada disso. Mas fui-me abaixo”, conta João. “Andava ansioso, comecei a trocar os horários, cheguei a deitar-me às dez da manhã porque andava a escrever uma espécie de tese. Com isso, deixei de ter apetite e perdi 15 kg. Normalmente, apercebo-me quando algo não está bem comigo e aí vou para a natureza, faço desporto. Desta vez não percebi. Só em junho [de 2020], quando voltei a trabalhar, é que vi que me tinha tornado um bicho de laboratório. Tive de ir ao psiquiatra.”

Tudo se resolveu. Ao mesmo tempo, João foi desenvolvendo o seu projeto de música, Miranda, no qual compõe, toca todos os instrumentos e faz o trabalho de estúdio. O álbum deverá sair ainda na primavera.

“Tenho muita vontade de voltar aos concertos”, diz, referindo-se ao trabalho autoral e aos músicos que acompanha. Na Associação Cultural JACC, da qual é diretor técnico, já estão à procura de equipamento para os próximos concertos. Não importa que o futuro seja incerto. O mundo do espetáculo ao vivo volta a mexer. Muito provavelmente, continuarão a existir concertos em streaming e as soluções tecnológicas evoluirão.

Também João Miranda voltará a passar muitos dias no estúdio. “Há coisas que vão ficar. E se um concerto online for bem feito, pode ser brutal. O streaming vai continuar a servir para vermos o Nick Cave em Tóquio, para entrarmos na realidade aumentada, tudo isso. Mas se é para fazer, tem de ser feito à grande, numa experiência que não afaste as pessoas da música. É isso que temos de dar.”

João Miranda deixou de ter apetite e perdeu 15 quilos durante a pandemia. Agora, o músico só quer voltar aos concertos (Foto: DR)

Estaremos, afinal, mais próximos dos museus?

O número de instituições culturais interessadas em inaugurar exposições virtuais, ou em melhorar o arquivo digital, disparou com a pandemia. Ricardo Oliveira e Gisela Mascarenhas sabem-no melhor do que ninguém. Na imARCH, o seu atelier de arquitetura imersiva, criam os gémeos digitais de exposições e coleções para instituições como o MAAT e a Fundação de Serralves.

Neste espaço podem construir salas, acrescentar-lhes obras de arte, depoimentos em vídeo de artistas e curadores, textos e fotografias. Ou até criar espaços virtuais para visitas guiadas. Não cheira a tinta, não se ouvem saltos altos a percorrerem a sala, mas já se consegue ouvir a pessoa “do lado” através de momentos programados de interação em grupo. O digital está a querer aproximar-se cada vez mais das experiências presenciais.

Na exposição Tesouros da América, o espaço do Centro Cultural de Cascais foi construído virtualmente de raiz, as obras moduladas tridimensionalmente a partir das reproduções fornecidas pelos artistas e há depoimentos em vídeo dos autores e curadores. Na visita ao Museu Condes de Castro Guimarães, da Fundação Dom Luís I, o projeto está tão documentado que “quase funciona como uma visita guiada”, exemplifica a imARCH.

Se a virtualidade nos museus e galerias já está bastante desenvolvida (e isso já vinha muito antes da pandemia), Ricardo Oliveira acredita que o futuro próximo passará por aumentar a capacidade de socialização nestes espaços para que a Internet não fique limitada a um espaço de solidão. A médio prazo poderá emergir um mundo novo, trazendo óculos de realidade aumentada e experiências cada vez mais imersivas.

Ainda assim, o casal de arquitetos acredita que “as pessoas nunca deixarão de ir aos museus”. As soluções digitais, pelo contrário, poderão ser uma forma de atrair novos públicos e de os contextualizar com maior profundidade. Gisela Mascarenhas explica: “Muitas vezes, quando uma pessoa vai a uma exposição sem ser numa visita guiada, limita-se a gostar ou não, não leva muita informação para casa. E numa visita virtual há sempre muita documentação que pode acompanhar o visitante.”

Que o digital vai evoluir de modo a tornar-se uma experiência cada vez mais interessante, completa e amigável, a imARCH não duvida. E que nos primeiros tempos após o fim da pandemia as pessoas vão afastar-se do digital, também não. “As pessoas querem reativar o modus vivendi de antes. Estão cansadas e querem voltar ao real. Neste momento, há uma certa desmotivação no consumo do digital”, refere o arquiteto. Só depois do cansaço virá o futuro.

A exposição Tesouros da América, no Centro Cultural de Cascais, foi construída virtualmente de raiz. Há ainda depoimentos em vídeo dos autores e curadores (Foto: DR)

Confinar o apoio à cultura? Associação Montepio diz não

Num cenário de redução da lotação das salas para 50%, concertos adiados ou cancelados e encerramento dos espaços culturais, a Associação Montepio (AMM) manteve o apoio à cultura, continuando próxima dos projetos e artistas. Nos últimos meses, a AMM apoiou os concertos de Renato Junior e Pedro Moutinho, o Festival Montepio às Vezes o Amor, que se realiza, este ano, até julho, as peças de teatro A Ratoeira, Ricardo III ou o musical Chicago, mas também a atividade do Teatro Infantil de Lisboa, a exposição “Meet Vincent van Gogh” ou os concertos de live streaming de Jorge Palma, Cuca Roseta e Miguel Gameiro. “As consequências da pandemia no setor cultural justificaram que a Associação acompanhasse projetos e artistas em moldes diferentes, por exemplo a partir do formato live streaming”, explica Rita Pinho Branco, diretora de Comunicação, Marketing e Canais.

Na sua página de Instagram, a AMM impactou mais de 2 milhões de visitantes únicos e registou mais de 12 milhões de impressões. No entanto, admite a responsável, o fim da pandemia não ditará uma mudança de paradigma no consumo de entretenimento. “Ainda que possam continuar a realizar-se iniciativas em plataformas digitais, as pessoas tenderão a socializar. Um espetáculo presencial constitui uma experiência coletiva que permite interação entre público, artistas e espaço”, afirma.

Além do Festival Montepio às Vezes o Amor, também o concerto de Diogo Piçarra na Altice Arena, ambos apoiados pela AMM, foram reagendados. “O público tem reagido bem porque compreende as razões desses adiamentos.” A AMM continuará a apoiar um conjunto alargado de iniciativas, como o Festival Jazz de Ponta Delgada ou a peça de teatro A Varanda. Entretanto, os associados Montepio, e não só, podem aproveitar as Experiências Virtuais no site montepio.org – “permitem ao público transportar-se para os espaços e desfrutar do que estes têm para oferecer”, acredita Rita Pinho Branco, mas também conhecer novas fronteiras culturais na rubrica bissemanal Quiosque, no Instagram da AMM. “São sugestões individuais de músicas, álbuns, livros e filmes, selecionadas por convidados da esfera cultural ou outras áreas da sociedade civil”, completa a responsável.

Enquanto Portugal tenta chegar ao próximo nível de desconfinamento, os músicos, atores, artistas plásticos, profissionais e empresários da cultura esperam pelo dia em que a luz ao fundo do túnel chegue para os encandear. “É muito estranho ser música e não fazer música”, desabafa Francisca Cortesão. Até lá, os Minta continuarão a promover Demolition Derby junto dos fãs e a vender discos, como sempre, na plataforma Bandcamp. “Em abril tive uma encomenda grande da Disk Union, editora japonesa. São números de sobrevivência, não se compara aos concertos ao vivo, mas é uma ajuda e um alento ver pessoas que fazem questão de comprar discos”, conclui. Francisca sabe que depois da tempestade virá a bonança. Só não adivinha quando.

Também pode interessar-lhe

Está prestes a terminar a leitura deste artigo, mas não perca outros conteúdos da sua Revista Montepio.