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O que eu faço pelos meus filhos

O que eu faço pelos meus filhos
17 minutos de leitura
Fotografias de Rodrigo Cabrita, Paulo Jorge Magalhães e Pedro Martins
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O

amor dos pais é único. Todos os dias há quem se supere para dar afeto, conhecimento, tempo, melhor qualidade de vida e dinheiro que proporcionam sonhos e futuro aos filhos. Conheça as histórias de quem vai à lua e volta para que nada falte às suas crianças.

Pelos nossos filhos, fazemos tudo. Raquel Martins criou uma associação pouco depois de ter descoberto que a filha, Joana, tinha uma doença degenerativa grave. Catarina Moitinho Rodrigues e o marido saíram de Lisboa em busca de um ambiente mais tranquilo, e de uma casa melhor, para os filhos poderem respirar. Luciano Maurício disponibilizou-se a percorrer mais de 900 quilómetros por semana para levar o filho aos treinos e jogos de futsal.

Neste artigo, falamos destes e de outros exemplos de pais e mães que colocam o bem-estar dos filhos à frente do seu. Que poupam, disponibilizam tempo e superam-se todos os dias. E o leitor, o que faria pelos seus filhos?

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Uma vida mais calma no interior do país

Catarina Moitinho Rodrigues, de 34 anos, e o marido, Diogo, já falavam em deixar Lisboa ainda antes de terem filhos. “Mas depois de termos o primeiro, e querendo ter mais, ficou claro que teríamos de sair.”

Nos primeiros anos juntos, ainda sem bebés, viveram em várias zonas da capital e arredores. Estiveram em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, e também no bairro de Benfica, onde, em 2018, pagavam uma renda de 800 euros. Era a altura dos juros negativos e, fazendo as contas, compensava-lhes comprar casa própria em vez de estarem a “deitar 9000 e tal euros ao lixo por ano”. Acabaram, então, por adquirir um “T2 minúsculo” e antigo em Linda-a-Velha. Gostavam do bairro, com lojas de rua e de onde dava para ir a pé até ao Jamor. A irmã de Diogo vivia perto, assim como a mãe, que se encontrava a uma distância simpática de carro. Todavia, o projeto de vida familiar, primeiro com Afonso e agora com Duarte, que nasceu já em 2024, e o desejo de uma “vida mais calma”, levou-os para o interior do país. Tendo ambos a possibilidade de teletrabalho – ainda que Catarina, que é designer de produto, tenha de se deslocar algumas vezes a Lisboa – foi possível concretizar essa mudança.

A escolha por Castelo Branco, a cidade dela, acabou por ser natural. Queriam estar “num ambiente um bocadinho mais calmo”, onde fosse possível aos filhos ganharem mais autonomia e independência, que a vida agitada nas grandes cidades não permite. “Mas também não queríamos ir para uma aldeia no fim do mundo.” E era importante continuarem perto da família – no caso, a materna.

Nesta cidade beirã encontraram um T3+1 ainda em construção, com o dobro da área do seu já usado apartamento em Linda-a-Velha e onde previam fazer intervenções de monta. Também têm muitos espaços verdes e zonas de campo próximas. “E é mais fácil circular. Consigo que o Afonso vá um bocado à minha frente sem ter de estar de mão dada e colado a mim”, explica Catarina.

Nem tudo foi fácil. Não existem muitas vagas nas creches. Por exemplo, na primeira tentativa não conseguiram lugar para o recém-nascido num berçário. Inscreveram-no noutra instituição. Mas quanto aos cuidados de saúde, a experiência tem sido muito positiva. Duarte teve de ser internado duas vezes e correu tudo bem. Mesmo a referenciação para especialidades, que só existem em Coimbra, foi célere.

Catarina e a família não se mudaram ainda para a casa nova. Mas está quase. Neste momento, enquanto a construção não está pronta, estão a viver com os pais dela. Para que a mudança não fosse assim tão grande para Afonso, até montaram o quarto dele quase como estava na casa de Linda-a-Velha. Do que o rapaz, de 3 anos, tem mais saudades é da tia, da avó e do primo. “De vez em quando lembra-se e parece que fica um bocadinho triste.” Mas são muitos os primos, tios e família que agora os acolhem e acarinham também em Castelo Branco. E, sempre que podem, vão matar saudades a Lisboa.

Uma associação pela doença da filha

Pouco depois de Raquel Marques ter sido informada pelos médicos de que Joana, a sua filha mais velha, tinha Síndrome de Sanfilippo, uma doença genética rara que causa danos cerebrais irreversíveis, teve grande dificuldade em encontrar em Portugal quem conhecesse a patologia. “Foi um grande choque saber que a doença era degenerativa. Era complicado obter mais informações – ninguém sabia o que era. A certa altura, tivemos de ser recebidos num laboratório para que alguém nos desse mais alguns pormenores”, recorda a mãe, que, na época, decidiu levar a menina, então com 6 anos, a uma consulta nos Estados Unidos. “Aí, conseguimos reunir mais dados. A médica apresentou-nos outra família com um diagnóstico semelhante. Percebemos melhor a doença, muitas vezes chamada Alzheimer infantil, e trouxemos algumas indicações sobre como poderíamos melhorar a qualidade de vida da Joana”, diz Raquel, que acrescenta que a demência infantil de que a filha sofre faz com que tenha uma esperança média de vida curta.

Nessa altura, Raquel Marques percebeu que era preciso agir. “Por norma, nas doenças raras os incentivos à investigação vêm das associações”, lembra. Por isso, numa fase inicial juntou-se a uma fundação nos Estados Unidos que desenvolvia projetos nesta área. Algum tempo depois, em 2014, decidiu criar uma associação no nosso País, a Associação Sanfilippo Portugal, que nasceu “para prestar informação aos novos diagnósticos”.

Desde então, Raquel Marques, engenheira de formação, tem-se empenhado nesta causa – estima-se que, em Portugal, existam 10 a 15 famílias afetadas por esta patologia rara. Em nome da associação, participa em conferências da especialidade, criou um projeto para ajudar as famílias a financiarem as terapias e fez parcerias com outras organizações dedicadas às doenças raras, como a Plataforma Saúde em Diálogo. Mas não só: empenhou-se em encontrar formas de financiar a investigação neste campo e envolveu-se em diferentes projetos de angariação de fundos, como a Corrida Pelicas, apoiada pelo Montepio Associação Mutualista. “A Associação e a Fundação Montepio apoiaram-nos em vários momentos”, refere.

Enquanto se esforçava por levar a organização adiante, Raquel Marques foi vendo a saúde da filha degradar-se lentamente. Se, aos 4 anos, a Síndrome de Sanfilippo se manifestava através da hiperatividade, do atraso na linguagem e da falta de concentração, entre outros sinais, atualmente a doença roubou a Joana, que já tem 20 anos, a capacidade de comunicar. “Tem de estar sempre acompanhada. Precisa de um adulto por perto para tudo, incluindo para comer.”

A síndrome acabou por também transformar a rotina da família. Raquel Marques e o marido revezam-se diariamente para cuidar da filha. “Estamos muito limitados nas nossas saídas, seja uma ida a um restaurante, seja uma viagem. Não podemos levar a Joana a sítios com muitas pessoas”, admite a engenheira, acrescentando que está preocupada com o próximo ano letivo, altura em que a jovem deixará de poder frequentar a escola por ter atingido a idade limite. “Há quatro anos, inscrevi-a para que pudesse frequentar uma das respostas ocupacionais existentes e ainda não conseguimos vaga”, afirma, preocupada.

A Síndrome de Sanfilippo também teve impacto na vida da filha mais nova do casal. Sofia Martins Vicente, hoje com 15 anos, envolveu-se na divulgação da doença e, em 2020, escreveu um livro sobre a irmã: A Minha Vida com a Minha Irmã. “Já vai na segunda edição. Está escrito em português e em inglês. Também já foi traduzido para francês e em breve estará à venda no Brasil”, adianta Raquel Marques, dizendo que a obra foi apresentada recentemente na Alemanha. “Tem dado também outro sentido à relação entre ambas.”

Mais de 200 quilómetros pelo filho que é craque

Três vezes por semana, sempre ao final da tarde, Luciano Maurício senta-se ao volante do carro para conduzir o filho Guilherme, de 13 anos, e o amigo, Pedro, aos treinos de futsal. A viagem começa em Torres Novas e termina em Lisboa, cerca de 1h15 e mais de 120 km depois. Ambos são atletas do Sporting e têm treinos normalmente a partir das 20h ou 20h30. Quando chegam a casa, o relógio já está normalmente a aproximar-se da meia-noite. “Desde que saímos até que voltamos são sempre cinco horas”, contabiliza Luciano, de 43 anos, e que assumiu este papel de motorista no final de agosto de 2023, quando Guilherme entrou para as escolas de futsal do Sporting.

Curiosamente, esta história é relatada à revista Montepio minutos após chegar a casa com a filha mais nova, de 10 anos, que nessa tarde também foi buscar à natação. Como este ano a mulher, professora, ficou colocada perto de casa, no Entroncamento, tem sido possível fazer uma gestão eficaz da agenda familiar.

É o próprio Guilherme quem explica que a oportunidade surgiu mais cedo do que esperava: “Imaginava-me num clube como o Sporting já mais crescido, não com esta idade.” O seu objetivo é “ser jogador” – mas ainda pende entre o futsal e o futebol.

Desde que o filho está a treinar no Sporting, a vida de Luciano mudou. “Tive de mudar os meus hábitos. Gostava de andar de bicicleta, o que ficou quase na estaca zero.” Ainda se mantém na equipa de veteranos do Laranja Mecânica, o clube de Torres Novas onde Guilherme começou a jogar, a seu pedido, por ali estarem já outros amigos. Tinha apenas 5 anos. Um dia, em 2023, um olheiro viu-o a destacar-se num jogo e referenciou-o ao técnico do Sporting, que, depois de o observar, também gostou das qualidades demonstradas.

A profissão de Luciano, na área da assistência informática, permite-lhe flexibilidade de horários, mas também significa que, em alguns dias, tem de ir a Lisboa em trabalho e regressar para ir buscar Guilherme e Pedro. No final da tarde, está de novo a conduzir em direção à capital para os deixar no treino. Ao tempo das viagens acrescem as despesas – divididas com a família de Pedro. Entre combustível e portagens são sempre cerca de 35 a 40 euros. Como, além dos treinos, Guilherme tem jogo pelo menos uma vez por semana, a despesa mensal ultrapassa facilmente os 500 euros.

Todos estes sacrifícios extra “têm valido a pena”, assegura, para que o filho possa concretizar o seu sonho. Guilherme destaca também como o esforço da família tem sido “muito importante”: “Se não fossem eles a ajudar-me, não estava lá agora”, conclui. Luciano complementa: “Sabemos que é muito difícil e que para 90% ou mais dos miúdos é difícil vingarem. O intuito deste esforço é vê-lo realizado e feliz neste momento.”

A poupança que passa entre gerações

É mesmo uma coisa de crianças, seja em que família for. Sempre que estão de férias, ligam o botão da pedinchice e querem gelados, bolas-de-berlim, brinquedos, andar nos carrosséis. A lista é extensa e, por norma, muito cansativa e dispendiosa para as finanças dos pais, que lá vão acedendo. Tendo já passado por essa experiência, Marta Tavares lembrou-se, há cerca de cinco anos, de entregar aos dois filhos, João e Mateus, uma carteira com 10 euros para cada um gastar nas férias. Avisou-os que o dinheiro era “para eles gerirem: podiam gastar tudo no primeiro dia, mas não teriam mais para comprar o que quisessem no resto das férias”, conta a coordenadora do departamento de parcerias e fidelização da Montepio Associação Mutualista (MAM).

Da primeira vez que Marta e o marido tentaram esta experiência, João (o mais velho, atualmente com 11 anos; o mais novo tem 8) voltou para casa com a nota por gastar. E desde então são recorrentes os debates entre ambos sobre o que fazer com o dinheiro. “Mateus, não vamos comprar um gelado. Deixamos para a noite”, aconselha João. Ou então: “Vamos comprar um íman para a avó a meias, deixamos para amanhã o gelado.”

Para os pais, esta autogestão também tem sido positiva. Acabaram os pedidos constantes de “mãe, pai, quero isto”. “Fiquei com imensa paz porque passei para eles a decisão e poupei imenso dinheiro”, conta Marta, acrescentando que verificou também uma união maior entre os filhos e a autoaprendizagem. Se antes cada um queria andar num carrinho de choque, hoje em dia dividem-no para terem mais viagens.

O incentivo para a autonomia desenvolvido por esta família é muito relevante. “A independência e a tomada de decisão é um músculo que deve ser desenvolvido desde tenra idade”, diz Rita Bernardino, da clínica Psiworks. “Há coisas simples que podem ser feitas diariamente que fomentam a autonomia, a participação em tarefas domésticas e a aceitação das consequências das decisões e dos imprevistos da vida”, explica a psicóloga clínica. Estas ferramentas incentivam o diálogo e a transparência como ferramenta essencial (ver caixa).

Marta Tavares aprendeu que “a poupança faz todo o sentido” com a avó, Ana Maria, que a tornou Associada do Montepio Associação Mutualista quando tinha 8 anos e lhe abriu uma conta para aforrar. “Lembro-me de ter crescido com a ideia de que tinha uma poupança na qual poderia mexer a partir dos 18 anos. E assim foi. Utilizei-a para comprar o meu primeiro carro e para os meus projetos.”

O marido também era Associado, pelo que, para ambos, foi natural manterem a tradição familiar. João e Mateus tinham apenas cinco dias quando foram, na mesma data, à consulta no pediatra e ao balcão do Banco Montepio. “A partir desse dia, todo o dinheirinho que recebem, nos anos, no Natal, vai para aí”, conta. Por volta dos 5 anos, começou a explicar-lhes a relevância de guardarem o dinheiro. “Tento incutir uma cultura de poupança e não de imediatismo. Quanto recebem 5 euros de uma tia ou 10 euros de um avô, vêm dar-me e dizem que é para a Associação. Podiam pôr no bolso e dizer que vão gastar em chocolates ou cromos para as cadernetas. Eles já têm uma cultura aforrista e fico muito orgulhosa quando isso acontece”, afirma Marta, de 43 anos. “A educação financeira e a consciência financeira são dos melhores presentes que lhes posso oferecer”, explica.

O projeto infantil que dava uma história

Em casa de Júlia e João há uma divisão com estantes baixinhas para que, sempre que quiserem, os manos de 6 e 3 anos possam chegar aos livros, ver as imagens e imaginar as histórias. E, à noite, já no quarto, a mãe, Miriam Gonçalves, não consegue deitá-los sem contar uma história. “Eles adoram os livros.” Ela também, desde que se lembra. E por isso não espanta que tenha criado um podcast em que inventa e conta histórias para os mais novos.

A ideia de ter um projeto digital surgiu do desafio de um colega da Rádio Renascença. Mas, para a radialista de 38 anos, tinha de ser algo novo. “Não queria fazer algo que já existisse”, confessa. Um dia, percebeu que o pai dos filhos estava com dificuldade em encontrar uma história infantil em português no Spotify para eles ouvirem antes de adormecerem. “Inventa uma…”, disse-lhe ela. “Não sei inventar”, respondeu ele. Ocorreu então a Miriam que esse podia ser o objetivo do seu podcast.

Não podendo usar livros já publicados por causa dos direitos de autor, uma outra colega sugeriu-lhe dividir a escrita das histórias com a sua filha, Raquel Bastos. E assim nasceu Só mais Uma Estória, um podcast da Rádio Renascença. Miriam faz questão de sublinhar que este é um verdadeiro trabalho em equipa a três, com a sonorização a cargo de André Peralta.

Hoje, são mais de 50 histórias disponíveis online e pensadas para serem ouvidas no quarto, já com a luz apagada ou só com a luz de presença. As primeiras foram repescadas por Miriam das histórias que contava aos filhos. Também lá estão algumas nas quais Júlia teve uma participação especial. “Peço-lhe o nome para um esquilo, para um porco-espinho, para um rato”, descreve. Às vezes, a inspiração surge após pequenas gracinhas. Há uns tempos escreveram-lhe a pedir uma história sobre futebol. Por coincidência, a filha chegou a casa a dizer que era do Desportivo de Chaves e Miriam lembrou-se de incluir uma personagem que fizesse a mesma afirmação.

“Quando estou mais desanimada e sem ideias, ou quando esbarro e não saio dali, dá-me vontade de desistir porque só me dá trabalho. Mas depois penso que é para os meus filhos. E faz com que valha a pena. Assim que acaba uma história pergunto logo à Ju [Júlia] se ela gostou. É o meu barómetro.” Até hoje, tanto ela como o irmão têm adorado todas.

Três filhos a estudar fora

Maria dos Santos estava preocupada. A filha iria sair de Braga para iniciar a licenciatura em Economia na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos, e não encontrava um alojamento adequado. “Queria arranjar-lhe uma solução semelhante à que eu tive quando frequentei a faculdade. Estive numa residência de estudantes no Porto”, recorda, contando que mantém ainda muitos dos amigos dessa época. “Temos um grupo de WhatsApp onde partilhei que estava à procura de uma solução semelhante para a Maria. Uma dessas amigas falou-me nas residências para estudantes Montepio U Live”, recorda a consultora imobiliária de 57 anos. “Procurava um espaço seguro, organizado, com um ambiente estável. Acho que a opção por um apartamento ou uma casa poderia ser fator de instabilidade.”

Depois da entrevista com um dos colaboradores das residências, Maria dos Santos ficou ainda mais segura de que tinha encontrado a solução ideal. “As regras apresentadas não foram um problema. Pelo contrário, pareceu-me tudo bem. A consultora imobiliária vê também como vantajosa a localização da residência junto a uma zona de lazer noturna. “Não precisa de andar de um lado para o outro.”

Pouco depois, apercebeu-se de que o filho mais velho se sentia muito sozinho no apartamento que dividia com outros colegas no Porto. O estudante de Bioengenharia aceitou a proposta da mãe quando lhe sugeriu que também se mudasse para uma residência para estudantes Montepio U Live. “No início do quarto ano, passou a viver lá”, recorda, acrescentando que também do ponto de vista financeiro esta é uma “solução equilibrada” para a família. “É também uma forma de estimular um estilo de vida mais simples, de fomentar a partilha e a flexibilidade entre os estudantes que vivem no mesmo espaço.”

A experiência tem corrido tão bem que, em setembro, Maria dos Santos prepara-se para pôr o filho mais novo, Manuel, de 17 anos, na mesma residência do irmão mais velho, no Porto. “O mais velho vai para Bolonha. Como já não precisa de regressar à universidade, estou a pensar pedir que, assim que um saia, o outro fique com a vaga.”

Até onde devemos ir pelos nossos filhos?

Fazer sacrifícios pelos filhos é lógico e saudável. Mas, por vezes, cometem-se excessos que podem ter impacto no desenvolvimento dos mais jovens. A psicóloga clínica Rita Bernardino, da clínica Psiworks, parceira do Montepio Associação Mutualista, explica quais os limites saudáveis e excessos que se podem cometer com os filhos.

Estes exemplos mostram a importância de encontrar um equilíbrio entre apoiar os filhos e permitir que eles desenvolvam independência e habilidades cruciais para a vida. Os limites saudáveis ajudam a criar um ambiente onde as crianças podem crescer, aprender e tornar-se adultos confiantes e resilientes.

  1. No apoio escolar
    Limite Saudável: os pais podem orientar o filho sobre como realizar o projeto, fornecendo recursos e ajudando a organizar as ideias, mas permitindo que ele faça o trabalho sozinho. Isso ensina responsabilidade e habilidades de resolução de problemas.
    Exemplo de Excesso: os pais fazem os trabalhos de casa (TPC) e os projetos escolares do filho, para garantir que ele tira notas altas.
  2. Nas atividades extracurriculares
    Limite Saudável: os pais podem escolher uma ou duas atividades de que os filhos realmente gostem e equilibrar com o tempo livre, permitindo que eles explorem os seus interesses e descansem. Isso evita a sobrecarga e o burnout.
    Exemplo de Excesso: os pais inscrevem os filhos em várias atividades extracurriculares (aulas de piano, futebol, ballet, natação, etc.) sem deixar tempo para descanso ou brincadeiras livres.
  3. Nos recursos materiais
    Limite Saudável: a família pode estabelecer um sistema segundo o qual a criança deve completar tarefas ou economizar a mesada para comprar aquilo que quer. Isso ensina a importância do esforço e da gestão financeira.
    Exemplo de Excesso: uma família compra os mais recentes gadgets e brinquedos sempre que a criança/adolescente pede, sem ensinar o valor do dinheiro.
  4. Na resolução de problemas
    Limite Saudável: os pais podem aconselhar o filho sobre como lidar com o conflito, sugerindo maneiras de conversar e resolver a situação autonomamente. Isso ajuda a criança/adolescente a desenvolver habilidades sociais e de resolução de conflitos.
    Exemplo de Excesso: os pais intervêm sempre que o filho tem um conflito com os colegas na escola, falando diretamente com os professores ou os pais das outras crianças.
  5. Nas escolhas de vida
    Limite Saudável: os pais podem oferecer orientação e informações sobre diferentes opções, mas permitir que o filho faça a escolha final sobre a sua educação e carreira, promovendo a independência e autoconhecimento.
    Exemplo de Excesso: os pais decidem qual a faculdade que o filho deve frequentar e a carreira que deve seguir, sem considerar os interesses e desejos dele.
  6. Na vida social
    Limite Saudável: os pais podem incentivar os filhos a fazerem novos amigos e organizarem encontros, mas devem permitir que eles escolham as suas próprias amizades e atividades sociais, ajudando-os a desenvolver a autonomia social.
    Exemplo de Excesso: os pais organizam todas as atividades sociais, decidindo de quem os filhos devem ser amigos e onde devem ir.

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