R de rugby, R de Rosarinho

R de rugby, R de Rosarinho
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Fotografia de Rodrigo Cabrita
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o desporto, o sonho comanda a vida. Mas na poupança, é a vida que dá asas ao sonho. Conheça Rosarinho Rapoula, a Associada Montepio que trocou Lisboa por Springfield, nos Estados Unidos, para conciliar o rugby com a psicologia criminal.

Não é todos os dias que uma jovem portuguesa recebe uma bolsa académica e desportiva para frequentar uma das mais reputadas universidades norte-americanas. Mas para Maria do Rosário Rapoula, que aos 17 anos trocou Lisboa pelo American International College, foi tudo natural. “Começou por ser uma ideia, não mais que isso. Nunca pensei que se tornaria realidade”, confessa à revista Montepio.

Maria do Rosário, ou Rosarinho, era uma estudante, como qualquer outra, quando, em 2023, embarcou na maior viagem da sua vida. O destino? A cidade de Springfield, no estado norte-americano de Massachusetts. O bilhete? O talento para jogar rugby, desporto que começou a praticar, veja-se, por influência do irmão mais novo. E no check-in, além da experiência de viver noutro país, leva a frequência na licenciatura em Justiça Criminal e Psicologia. “Fui para os Estados Unidos para ter uma perspetiva mais profissional do desporto, o que não é possível em Portugal. Sobretudo no rugby e a este nível”, explica.

Nos Estados Unidos, Rosarinho encontrou um rugby diferente do português, com a vertente física a sobrepor-se à técnica. “Os americanos são dominantes no poder físico. É a estratégia que mais utilizam.” Mais que um obstáculo, a jogadora utiliza esta inevitabilidade como vantagem. “Nós, portugueses, somos um povo mais baixo. Mas utilizamos a técnica para enganar e dominar a oposição”, conta Rosarinho. Nesta espécie de, como celebrizou o conceituado jornalista Gabriel Alves, “força da técnica” contra “a técnica da força”, Rosarinho mudou de lugar no campo. Deixou a posição 8 em que atuava em Portugal (terceira linha centro) e joga agora a número 15 (defesa).

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Rosarinho: exceção à regra

Em 2021, de acordo com a Pordata, existiam em Portugal 3 354 atletas federados em rugby. A exemplo de outras modalidades, o rugby atingiu o pico de praticantes em 2019, o último ano antes da pandemia – o número de atletas federados atingiu o dobro de 2021. Se pensarmos que o sexo masculino domina a modalidade em número de praticantes, o feito de Rosarinho é ainda mais expressivo. “A partir do momento em que decidi experimentar este desporto, dediquei-me a 100%. Passei a ter uma paixão enorme”, explica.

Com uma “leitura e inteligência de jogo” acima da média, Rosarinho já chegou à seleção portuguesa sub-18. E fazer parte das lobas, nome pelo qual são conhecidas as jogadoras de rugby que defendem as cores portuguesas, é especial. “É uma das melhores sensações de sempre. Saber que a nossa nação depende de nós para causar uma boa impressão no rugby é, sem dúvida, uma grande responsabilidade. Mas, ao mesmo tempo, é um grande orgulho.”

Sempre que regressa a Portugal, Rosarinho aproveita para matar saudades da família e relaxar. Mas nem o cansaço de viagem, nem o jet lag, a impedem de jogar pelo Rugby São Miguel, o clube de sempre. Foi lá que a revista Montepio a encontrou no início de maio, cerca de 24 horas após ter voltado dos states. O clube de Alvalade, em Lisboa, é um dos principais dinamizadores do rugby feminino em Portugal mas, na modalidade, a desigualdade de género ainda é a regra. “Tanto ao nível de clubes como nacional”, esclarece Rosarinho. “As equipas masculinas têm grandes investimentos monetários e contratações estrangeiras, ao contrário das equipas femininas.” O cenário não é virgem no desporto português, mas no rugby, considerado desde sempre um jogo de homens, agrava-se. “Portugal ainda está a crescer no rugby feminino. Mesmo para novas jogadoras, não existem grandes opções de clubes, o que torna difícil a deslocação para os treinos e até mesmo o maior conhecimento da modalidade”, conta.

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A minha educação nasceu das poupanças

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Poupança como passaporte para o sonho

Uma aventura desta dimensão é dispendiosa. Para estudar no American International College, Rosarinho obteve uma bolsa académica e desportiva. Mas as poupanças de vários anos enquanto Associada Montepio foram o trampolim para o sonho. “Tenho uma poupança na Associação desde que nasci. A minha primeira memória do Montepio é ser criança e ter um mealheiro onde punha todas as minhas moedas”, conta. “Considero-me poupada. Sempre gostei de saber que, se precisasse, tinha dinheiro disponível.”

Não é a única. Em todo o país, são muitos os jovens que iniciam o seu caminho na vida adulta com o apoio da poupança que os pais, avós ou outros familiares subscreveram, em nome deles, ainda bebés. Em 2023, existiam um total de 439 148 subscrições da modalidade mutualista Montepio Poupança Complementar – na qual se incluem as poupanças do Montepio Poupança Complementar Jovem, modalidade mais vocacionada para os jovens até aos 18 anos. Esta modalidade, que cresceu 1,7%, em 2023, em relação ao ano anterior (resultado de 7 459 novas subscrições) dá ainda acesso ao Clube Pelicas, um programa associativo dirigido aos jovens até aos 10 anos e que proporciona atividades únicas e descontos em parceiros como o Aquashow, o Zoo de Lisboa, entre outros do agrado dos mais jovens.

Em 2022 e 2023, Rosarinho Rapoula participou pela Seleção Nacional nos europeus sub-18 de Sevens (uma variante do rugby com apenas sete jogadoras), tendo sido elogiada pelo seu clube, Rugby São Miguel. “A participação da Rosarinho no Europeu de Sevens é um lembrete inspirador de que a determinação pode vencer todas as adversidades. É uma honra para o nosso clube tê-la como parte integrante da nossa equipa e do nosso compromisso contínuo com a promoção da igualdade no desporto”, pode ler-se no site do clube. A jovem admite não ter “qualquer objetivo de jogar ao nível profissional”, mas pode avaliar essa possibilidade, se a oportunidade aparecer. “Não sou contra essa ideia. Por enquanto, vou continuar a jogar e a dar tudo para voltar a vestir a camisola portuguesa.”

No desporto, o sonho comanda a vida. Mas na poupança, é a vida que dá asas ao sonho. E para quem quer seguir os passos de Rosarinho, a jovem deixa um conselho. “Não tenham medo de sair do país. De certeza que, para onde forem, haverá alguém que está na mesma situação.”

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