Asma e desporto: benefícios e cuidados a ter

Pode uma pessoa com asma praticar desporto? Se sim, a que tipo de exercícios se deve dedicar? Conheça as respostas a estas e outras perguntas e saiba como melhorar a sua qualidade de vida.
Artigo atualizado a 18-10-2024

Praticar exercício físico altera a respiração, acelerando o seu ritmo. Nas pessoas que sofrem de doenças do foro respiratório, como a asma, a entrada rápida de ar até aos pulmões pode provocar efeitos indesejáveis. No entanto, existindo acompanhamento médico, a prática de desporto traz mais benefícios do que inconvenientes às pessoas com asma. Saiba como equilibrar a balança de forma a poder praticar atividade física sem medos.

O que é a asma de exercício?

A asma de exercício ou asma induzida pelo exercício “é um ataque de asma (tosse, pieira ou sensação do peito ‘apertado’) com o exercício, sobretudo quando ele é intenso. Mais de 80% das pessoas com asma poderão ter estes sintomas durante ou após um exercício”, explica a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC). Muitas pessoas com alergia, mesmo que não tenham asma, poderão ter sintomas da doença quando praticam exercício físico. Em crianças e adolescentes, os sintomas apenas com o exercício podem significar o início desta doença inflamatória crónica dos brônquios.

Estes episódios ocorrem porque a grande quantidade de ar inalado durante a prática de exercício (sobretudo se for frio e seco) alcança os pulmões sem ter tempo “para aquecer e humidificar ao longo das vias aéreas”. Por sua vez, estas perdem água e calor, desencadeando broncoespasmos, isto é, o aperto dos brônquios. “Adicionalmente, os brônquios podem reagir, produzindo muco e ficando inflamados”, pormenoriza a SPAIC.

Uma pessoa com asma pode praticar desporto?

Existe uma “ideia erradamente difundida de que as pessoas com asma não devem praticar exercício físico, porque este desencadeia sintomas”. No entanto, este mito tem de ser desconstruído”, até mesmo pelo “risco acrescido de sedentarismo” neste grupo de pessoas, alerta João Gaspar Marques, coordenador do Grupo de Interesse em Asma e Alergia no Desporto da SPAIC. O segredo desta relação, diz o médico, está em “controlar a asma ao ponto de a prática de exercício físico poder ser normal”. Depois, o desporto conduzirá “a uma melhoria da doença”.

5 vantagens

Eis alguns dos benefícios da prática de desporto para as pessoas com esta doença:

1. Redução dos sintomas;
2. Melhoria da qualidade de vida;
3. Redução da utilização de medicação de alívio;
4. Diminuição do número de crises e episódios de asma;
5. Melhoria da função pulmonar.

Que cuidados se deve ter na prática de desporto?

A asma deve estar controlada para que se possa praticar desporto de forma segura e sem consequências negativas. Assim, o acompanhamento médico regular é fundamental, com enfoque num “plano terapêutico individualizado e definido pelo médico imunoalergologista assistente”, como sublinha João Gaspar Marques.

A par da abordagem farmacológica, existem medidas que ajudam a prevenir os sintomas de asma, tais como:

  • O aquecimento prévio ao exercício físico;
  • Evitar estímulos ambientais que desencadeiem crises de asma (como poluição, poeiras ou ar muito frio);
  • Utilizar barreiras físicas, como uma máscara ou um cachecol, se o ar estiver frio;
  • Praticar exercício físico com regularidade.

Em alguns casos, a mudança do estilo de vida derivada do início da prática de exercício pode ditar a alteração da terapêutica habitual para a asma e/ou fazer com que seja necessária uma terapêutica inalatória preventiva prévia à prática de atividade física.

Que modalidades são mais aconselhadas?

“A prática de exercício físico é particularmente benéfica numa pessoa com asma se esta for realizada de uma forma regular”, afirma João Gaspar Marques. Assim, ao planear começar ou regressar à prática de uma atividade física, a pessoa deve considerar um desporto de que goste e que consiga conciliar com as restantes ocupações. No entanto, não existe “nenhum exercício contra-indicado” para uma pessoa com asma, sublinha João Gaspar Marques.

Natação e ténis

Segundo a SPAIC, “a natação geralmente é um bom desporto para as pessoas com asma”. Além de permitir um bom treino dos músculos respiratórios, a atmosfera húmida e quente e o facto de se praticar na horizontal ajudam a expulsar o muco. Por outro lado, todos os “desportos intermitentes, que alternam períodos curtos de exercício com intervalos, como os desportos de grupo e o ténis, também não serão os piores”, lê-se na página da sociedade médica.

 

 

Ainda assim, é importante saber que “há desportos que poderão ter mais risco de provocar sintomas, sobretudo desportos com durações contínuas de exercício prolongadas, como corridas de fundo, ou em condições ambientais desafiantes, como os desportos de inverno, por exemplo”, refere João Gaspar Marques. Consoante o caso, poderá existir a “necessidade de um plano terapêutico mais rigoroso” e adaptado ao desporto escolhido.

Prova de que a asma não é uma barreira para a prática desportiva é que existem muitos atletas de alta competição com asma. “Nos Jogos Olímpicos de Verão de 1996, 16,7% dos atletas da equipa norte-americana sofriam de asma e 10,4% estavam a tomar medicamentos para a asma na altura dos jogos”, lembra a SPAIC. Destes atletas, 30% ganharam medalhas.

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